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Manchester City competiu no Mundial de Clubes |
É comum ouvir-se ou ler-se que os
futebolistas atualmente disputam mais jogos. Parece ser uma daquelas verdades
que nem é preciso confirmar. Mas não é bem assim. Ou melhor, hoje há um
calendário menos vasto do que já houve – se os treinadores hoje não abdicam de
utilizar os seus principais jogadores em todos os jogos e antes abdicavam, essa
é outra conversa.
Qualquer um dos cinco principais
campeonatos europeus já teve mais jornadas do que tem hoje em dia. Sim, a
Premier
League (entre as décadas de 1910 e 1990) e a
Liga
Espanhola (entre 1995 e 1997) chegaram a ter 42 jornadas, a
Série
A 40 (em 1947-48), a
Bundesliga
38 (em 1991-92) e a
Ligue
1 38 (mais recentemente entre 2002 e 2023).
Em relação à
Liga
dos Campeões, houve durante a viragem do século a segunda fase de grupos, substituída
em 2003-04 por oitavos de final a duas mãos, o que gerou uma poupança de quatro
jogos. Além disso, todos os clubes participantes na
Champions
oriundos das quatro principais ligas – os que no fundo acabam por chegar longe na
prova – entram agora diretamente, enquanto no passado havia casos de equipas
candidatas a levantar o troféu que tinham de disputar pré-eliminatórias.
Em termos internos, nos últimos
20 e poucos anos tenho notado um esforço para reduzir os jogos das taças, à
exceção das meias-finais da
Taça
de Portugal, que passaram a duas mãos em 2008-09. No nosso país a
Supertaça
passou para um único jogo em 2001, a
Taça
de Portugal deixou de contemplar a possibilidade de jogo de desempate desde
2002 e a
Taça
da Liga hoje resume-se a quatro jogos para os principais candidatos a
levantar o troféu.
Em
Inglaterra
os jogos de desempate e as segundas-mãos também têm vindo a acabar,
Espanha
e
Itália
abandonaram recentemente o modelo de eliminatórias a duas mãos na Taça e
França
eliminou em 2020 a Taça da Liga do seu calendário, enquanto a
Alemanha
já o havia feito em 2007.
Depois há as seleções. É verdade
que os anos que se seguiram à pandemia foram excecionais, com cada seleção a
disputar três jogos por cada data FIFA em vez dos habituais dois para acertar
calendário, mas, entretanto, tudo voltou à normalidade. E a Taça das
Confederações já não existe – chegou a ser de dois em dois e depois de quatro
em quatro anos.
Apesar de a covid-19 ter
preenchido mais a agenda das seleções, em 2021 Inglaterra chegou à final do
Euro 2020, mas fez apenas mais dois jogos nesse ano do que havia feito em 1966 (19
contra 17), quando conquistou o Campeonato do Mundo. E os anos com mais jogos
de Brasil e Argentina continuam a ser 1956 (24) e 2011 (21), respetivamente.
Em relação a clubes, o
Manchester
City, que na época passada vencem as finais da
Champions
e da Taça de Inglaterra e ainda participou na Supertaça inglesa fez os mesmos
61 jogos que em 1969-70.
E nenhum dos recordes de jogos
por época de clubes como
Liverpool
(67 em 1983-84),
Chelsea
(67 em 2012-13),
Real
Madrid (66 em 2001-02),
Tottenham
(66 em 1971-72 e 1981-82),
Barcelona
(64 em 1999-00, 2008-09 e 2010-11),
Manchester
United (64 em 2008-09 e 2016-17),
Inter
de Milão (59 em 2005-06 e 2009-10) e
Bayern
Munique (57 em 2007-08), que têm tradição e nas últimas temporadas chegaram
longe nas competições europeias, foi nas derradeiras cinco épocas.
Recordo que hoje há uma
ferramenta chamada cinco substituições que não existia no passado, ainda que eu
defenda algo mais revolucionário: substituições ilimitadas ao intervalo. Daria
mais minutos a jogadores que hoje não são tão utilizados, proporcionaria mais
formas de cada treinador poder surpreender taticamente e aumentaria o ritmo das
partidas e, consequentemente, a qualidade do espetáculo.
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