domingo, 7 de novembro de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Barreirense e Pinhalnovense

Jogo entre Pinhalnovense e Barreirense em maio de 2005
O título deste artigo bem podia ser “O dia em que Pinhal Novo foi invadido por uma multidão vinda do Barreiro”. A 22 de maio de 2005, o Benfica conquistou o título nacional que lhe fugia há onze anos, mas horas antes outro clube que veste de vermelho e branco poderia festejar a conquista de um campeonato.
 
Após ter perdido a liderança da II Divisão B – Zona Sul para o Olhanense nas últimas jornadas de 2003-04, o Barreirense voltou a apostar no treinador Daúto Faquirá e, embora tivesse somado menos pontos do que na época anterior, assumiu a liderança da prova à 16.ª jornada e só durante uma semana a perdeu (entre a 22.ª e a 23.ª ronda) até ao final do campeonato. Contudo, o Pinhalnovense de Paco Fortes manteve-se sempre a poucos pontos de distância.
 
Quando os alvirrubros visitaram o Campo Santos Jorge nessa tarde de maio, na penúltima jornada do campeonato, os quatro pontos de vantagem tornavam as contas fáceis de fazer: vitória do Barreirense ou um empate asseguravam a promoção à II Liga, uma derrota atirava a decisão para a última jornada.
 
No entanto, o facto de dois resultados servirem os interesses do clube do Barreiro levou a que os seus adeptos e muitos barreirenses se deslocassem em peso a Pinhal Novo. Eu próprio o fiz, na companhia do meu pai. Na altura, tinha 13 anos e geralmente acompanhava o Barreirense a uma certa distância, pois era o Fabril o clube local que eu seguia mais presencialmente. No entanto, a possibilidade de um emblema da minha cidade poder ser promovido à II Liga mexeu comigo.
 
No entanto, os alvirrubros denotavam alguns sinais de ansiedade na reta final da temporada, algo comprovável por vários empates caseiros frente a equipas da segunda meta da tabela – Oriental (0-0 na 27.ª jornada), Vasco da Gama de Sines (0-0 na 32.ª), Marítimo B (0-0 na 34.ª) e Estrela Vendas Novas (0-0 na 36.ª). No Campo Santos Jorge, talvez a presença massiva de adeptos não tenha sido benéfica para a equipa, que sofreu uma estrondosa derrota (0-3) e adiou a decisão do título para a derradeira jornada.
 
Cau (36 minutos), Nuno Abreu (62’) e André (63’) marcaram os golos do Pinhalnovense, que curiosamente apresentava em campo uma figura das últimas décadas do Barreirense: Bruno Costa.
 
“Ainda não foi desta que o Barreirense garantiu a subida à II Liga, muito por culpa de uma equipa muito experiente como é a do Pinhalnovense e que, claramente, beneficiou do facto de estar habituado a jogar no sintético. Num campo a arrebentar pelas costuras, ambos os conjuntos lutavam pelos mesmos objetivos, se bem que ao Barreirense bastava um empate para desde já festejar a subida, enquanto que ao Pinhalnovense não restava outra alternativa se não vencer para manter ainda a esperança no 1.º lugar”, escreveu o site não oficial do Barreirense na altura.
 
“O Pinhalnovense entrou em campo muito agressivo, não dando possibilidade para que Carlitos e Moreira pudessem criar os desequilíbrios para Moreno, o jogador mais avançado. Paco Fortes, apostando em dois avançados, Rui Gomes e André, procurou correr atrás do prejuízo e a verdade é que foi mais feliz que o seu homólogo alvirrubro”, pode ler-se.
 
“Aos 38 minutos, o Pinhalnovense chega ao golo, num lance típico deste tipo de piso. A defesa barreirense não alivia a bola endossada pelo meio-campo azul e branco, após vários ressaltos esta bate no sintético e trai Paulo Silva indo parar aos pés de Cau que no coração da área rematou para o golo (…). Num período de dois minutos, o jogo ficou decidido, com o segundo e o terceiro golo do Pinhalnovense. O 2-0 surgiu numa falha de marcação dos centrais barreirenses, numa situação de bola parada, na qual Nuno Abreu, de cabeça, apareceu a desviar na pequena-área. O 3-0, no minuto seguinte, foi apontado por André, que concluía uma bela jogada de contra-ataque em que Rui Gomes serviu Brito e este cruzou para o desvio à boca da baliza do pequeno avançado”, descreveu o portal.
 
 
A festa acabou por ficar adiada, mas não cancelada. E, se calhar, até foi mais bonito assim. Uma semana depois, numa tarde em que o Estádio Dom Manuel de Mello se apresentou lotado, o Barreirense consumou a subida à II Liga com uma vitória sobre o União Micaelense (2-1). O apito final serviu de tiro de partida para uma pacífica mas eufórica invasão de campo por parte dos adeptos.











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