sábado, 26 de junho de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Portugal e Bélgica

Quaresma foi uma dor de cabeça para os jogadores belgas
Hoje em dia a Bélgica lidera o ranking FIFA desde setembro de 2018 e é uma das seleções mais temidas do planeta, mas antes do surgimento da geração de Hazard, Lukaku, Courtois, De Bruyne, Witsel e companhia, les diables rouges falharam cinco fases finais consecutivas – Mundiais 2006 e 2010 e Europeus 2004, 2008 e 2012 – e tinham uma equipa nacional essencialmente composta por jogadores que atuavam no campeonato belga e em clubes modestos das principais ligas.
 
Quando a Bélgica visitou o Estádio José Alvalade a 24 de março de 2007, num encontro da fase de qualificação para o Euro 2008, Van Buyten (Bayern Munique) e Mudingayi (Lazio) eram talvez os nomes mais sonantes, na altura, de uma seleção que também tinha os ainda desconhecidos Defour e Fellaini, ambos dos quadros do Standard Liège. Havia ainda Mbo Mpenza, campeão pelo Sporting em 1999-00.
 
Para se ter uma noção da valia da seleção belga na altura, Portugal estava a protagonizar um mau arranque na fase de apuramento, tendo entrado para esse jogo de Alvalade em 4.º lugar no Grupo A (com sete pontos em quatro jogos), atrás de Finlândia (11 pts/5 j), Sérvia (10 pts/4 j) e Polónia (10 pts/5 j). E só depois aparecia a Bélgica, com sete pontos em cinco partidas.
 
Na casa do Sporting, a primeira parte foi equilibrada, havendo um empate a zero ao intervalo. No entanto, no segundo tempo a magia de Cristiano Ronaldo e Ricardo Quaresma, a veia goleadora de Nuno Gomes e a dinâmica de João Moutinho levaram a seleção então orientada por Luiz Felipe Scolari a construir uma vitória folgada.
 
Aos 53 minutos, após uma boa combinação entre João Moutinho e Ronaldo pela meia direita, Nuno Gomes recebeu a bola no coração da área e colocou-a no fundo das redes, colocando Portugal em vantagem.
 
Dois minutos depois, na sequência de um pontapé de canto, Quaresma cruzou para a zona do segundo poste, fazendo a bola sobrevoar o guarda-redes Stijn Stijnen, e Cristiano Ronaldo apareceu no sítio certo para cabecear para o 2-0.
 
No entanto, o momento mais alto da noite estava marcado para o minuto 68, quando Quaresma recebeu um passe de Ronaldo, tirou Van der Heyden do caminho e, da zona do vértice da área, apontou um golo fantástico através de um remate de trivela.
 
Por fim, CR7 fez o 4-0 final no seguimento de uma grande jogada individual, tendo disparado de pé esquerdo, ainda de fora da área, para o fundo das redes (75’).
 
“Só foi difícil até ao primeiro golo. E esse resultou de uma brilhante movimentação do ataque luso, concluída por Nuno Gomes. Depois, a Seleção esculpiu artisticamente a goleada, com Ronaldo a devolver, com juros altos, a ameaça verbal do guarda-redes Stijnen. Dois golos da estrela que encadeou as aspirações belgas, num jogo em que pertence a Quaresma o protagonismo, em especial pelo golo de trivela (eloquente estreia a marcar pela seleção A) que encantou Alvalade. Infelizmente, esta expressiva goleada apenas rende a Portugal três pontos... pelo que o pecúlio terá de ser aumentado na viagem à Sérvia, uma vez que as contas do grupo A continuam em aberto”, escreveu O Jogo.
 
 
Pouco mais de dois meses depois, as duas seleções mediram forças em Bruxelas. Nessa altura, Portugal já se tinha aproximado dos dois lugares de apuramento, uma vez que somava os mesmos onze pontos em seis jogos que Finlândia e Sérvia – a Polónia liderava com 16 pontos em seis encontros.
 
No entanto, a equipa das quinas não contava com Cristiano Ronaldo para uma partida em que a Bélgica apresentou dois centrais que haveriam dar que falar no futebol mundial, ambos dos quadros do Ajax: Jan Vertonghen (então ao RKC Waalwijk) e Thomas Vermaelen.
 
Lembro-me de que, nesse dia 2 de junho de 2007, eu estava num torneio de lutas amadoras, modalidade que praticava, e que foi através da televisão de um bar que assisti a alguns momentos do encontro.
 
Sem a estrela da companhia, foi Nani, dias antes contratado pelo Manchester United ao Sporting por 25,5 milhões de euros, a brilhar. Na sequência de uma diagonal da esquerda para o meio que faria orgulhar Ronaldo, o extremo disparou para o fundo das redes no final da primeira parte (43 minutos).
 
No início do segundo tempo, a Bélgica chegou ao empate através de um cabeceamento certeiro de Marouane Fellaini, na resposta a um cruzamento de Defour (55’).
 
Porém, o avançado portista Hélder Postiga, titular nesse encontro, mas que só levava um golo em 2007 até então, fez o 1-2 para Portugal através de um remate fantástico de fora da área (64’).
 
“Mesmo a jogar os últimos segundos com menos uma unidade face à expulsão de Hugo Almeida, Portugal conseguiu ontem uma importantíssima vitória em Bruxelas graças sobretudo a uma excelente primeira parte, marcada pelo golo de Nani à beira do intervalo. Faltavam dois minutos para o descanso quando o recente reforço do Manchester United aproveitou a inferioridade física do marcador direto (Hoefkens) e já dentro da área, num excelente movimento da esquerda para o meio, conseguiu bater Stijnen, impotente perante a trajetória da bola”, escreveu o Diário de Notícias.
 




 






E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Portugal e Bélgica de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas seleções?

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