segunda-feira, 2 de novembro de 2020

A minha primeira memória de… um jogo entre FC Porto e Marselha

Drogba e Costinha disputam a bola no Velódrome

A minha primeira memória de um jogo entre o FC Porto e o Marselha remonta aos derradeiros meses de 2003. Embora tanto dragões como marselheses tivessem ganhado protagonismo europeu ao longo das décadas de 1980 e 1990, foi necessário esperar até ao início do século XXI para que se pudessem finalmente defrontar num jogo oficial.

 

Na altura, o FC Porto era o detentor do campeonato português, da Taça de Portugal e da Taça UEFA, enquanto o Marselha regressava à Liga dos Campeões após três anos de ausência e procurava recuperar a hegemonia em França.

 

À partida para o primeiro jogo entre as duas equipas, no Velódrome, o Real Madrid liderava o grupo, com seis pontos, seguido do Marselha (três), do FC Porto (um) e do Partizan (um). Ou seja, se os gauleses vencessem os dragões nessa noite de 22 de outubro de 2003, criavam um fosso já difícil de recuperar no que concerne ao apuramento para a fase seguinte.

 

Esse cenário ganhou alguma vida quando a formação do sul de França abriu o ativo aos 24 minutos, por intermédio de Didier Drogba, principal estrela de uma equipa que também contava com jogadores como o gigante central internacional belga Van Buyten, o médio ofensivo francês Camel Meriem, o avançado internacional egípcio Mido e o atacante internacional francês Steve Marlet, precisamente o autor da assistência para o costa-marfinense.

 

Essa vantagem não durou muito tempo, uma vez que pouco depois da meia hora Maniche combinou com Derlei e rematou cruzado para o fundo das redes do guardião croata Vedran Runje.


Quatro minutos depois, os papéis inverteram-se. Maniche, com um toque de cabeça, lança Derlei em profundidade. O avançado brasileiro tirou um defesa do caminho e apontou o segundo golo dos portistas.

 

Para assistir a mais golos foi necessário esperar até à reta final do encontro. Aos 81 minutos, Deco faz um extraordinário trabalho no corredor direito e serve o médio russo Alenichev, que com um remate colocado à entrada da área faz o 1-3.

 

Pouco depois o Marselha reduziu, por Marlet, de cabeça, na resposta um livre apontado por Meriem.

 

“Um sucesso para a história. O FC Porto conseguiu arrancar três pontos de um reduto muito complicado, onde a pressão oriunda das bancadas galvaniza a equipa do Olympique de Marselha. Completamente imunes à barulheira infernal que ameaçava deixar toda a gente surda, os dragões fincaram pé, marcaram posição, e impuseram a sua qualidade. Eis o triunfo fora de casa na Liga dos Campeões que faltava o currículo de José Mourinho, mas também de um FC Porto que há demasiado tempo (seis jogos) não se impunha longe das Antas na principal competição europeia”, resumiu o Record. 

Duas semanas depois, no Estádio das Antas, o cenário era bem diferente. Ao contrário do jogo anterior, era o FC Porto que ficava em posição privilegiada para seguir para oitavos de final em caso de vitória.

 

Recordo-me de ter sido um encontro difícil para a formação então orientada por José Mourinho, que não contou com o maestro Deco, mas teve em Alenichev um digno substituto, uma vez que o internacional russo marcou o único golo da partida aos 21 minutos através de um chapéu magnífico que deixou Runje pregado ao relvado. McCarthy ainda cabeceou para fundo das redes, mas bola já se encontrava no interior da baliza do Marselha. Depois foi segurar a vantagem até ao apito final.

 

“Fantástica. Mesmo fantástica. Que grande vitória conseguiu ontem o FC Porto sobre o Marselha, por 1-0, num encontro intensíssimo, em que acabou por ser mais importante a capacidade de sofrimento dos homens de José Mourinho do que o futebol propriamente dito. Pelo menos, o futebol nos termos em que habitualmente falamos dele. Ontem, ao contrário do que vem sucedendo na SuperLiga, os dragões não foram sempre a melhor equipa. Nem a mais poderosa. Mas souberam, com uma raça inigualável nos terrenos nacionais, defender, cerrar os dentes, suportar a pressão e com isso saber merecer uma vitória sofrida, é certo, mas merecida. E o FC Porto reaprendeu a ganhar na Europa... mesmo sem ter Deco”, escreveu o Record no dia seguinte.

 

As duas equipas voltaram a defrontar-se na fase de grupos da Liga dos Campeões em 2007-08, com empate a um golo em Marselha e vitória do FC Porto no Dragão (2-1).

 

Em julho de 2013 os portistas venceram os marselheses por 3-0 num jogo de pré-época em Sion, na Suíça.

 












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