domingo, 12 de julho de 2020

A minha primeira memória de… um jogo entre Sevilha e Maiorca

Juan Arango correu risco de vida após choque com Javi Navarro
Era preciso ter acontecido algo de muito especial para me recordar de um jogo entre Sevilha e Maiorca com mais de 15 anos. Na verdade, não vi o jogo nem me lembrava do resultado, tampouco da temporada.

Só me recordava de um incidente chocante, que envolveu o médio venezuelano do Maiorca, Juan Arango, e do defesa central do Sevilha, Javi Navarro. O jogador dos andaluzes atingiu o médio dos maiorquinos com uma violenta cotovelada que fez Arango ficar inconsciente, com parte do rosto fraturado, severos cortes na cara, a língua engolida e afastado dos relvados durante um mês. Foi este momento que retive durante o Jornal da Tarde da RTP 1 no dia seguinte, 21 de março de 2005, a contar para a 29.ª jornada da I Liga espanhola.


Chegou a temer-se o pior no Estádio Son Moix, em Palma de Maiorca. Após o choque, os jogadores de Maiorca e Sevilha pediram rapidamente a presença de um médico e só depois de alguns minutos de incerteza é que o médio venezuelano conseguiu respirar normalmente. “O jogador sofreu uma paragem respiratória, não perdeu o pulso, mas a vida dele está em perigo”, disse o médico do Maiorca, dr. Joan Pericás, à Cadena SER.

Perante este cenário, a esposa do venezuelano, que estava na bancada a assistir à partida, desceu ao balneário, onde chorou, até pela falta de informações sobre o estado de saúde do marido.

Arango foi transferido para uma unidade de cuidados intensivos, onde chegou sedado e com baixo nível de consciência e ventilação espontânea, tendo necessitado de um ventilador. Testes de diagnósticos revelaram uma fratura do malar superior direito e uma ferida contundente no lábio superior direito. Por essa altura, ainda não se sabia se Arango estava fora de perigo.

Inconsolável pelo que tinha feito a um companheiro de profissão, Javi Navarro foi até à Policlínica onde Arango estava internado para a visitar.

Três dias depois da agressão, Arango abandonou a clínica. “Quando acordei não sabia onde estava”, contou o jogador, que recebeu 40 pontos no lábio, enquanto Navarro levou cinco jogos de castigo.


O médio venezuelano voltou aos relvados cerca de 40 dias depois, a 1 de maio, e logo com um golo numa vitória em casa sobre o Espanyol (3-2). E não só recuperou totalmente como ainda fez uma carreira bastante digna, tendo passado cinco anos na I Liga espanhola ao serviço do Maiorca e outros tantos na Bundesliga com a camisola do Borussia Mönchengladbach.

Voltando atrás no tempo, no jogo do choque entre Navarro e Arango o Sevilha venceu no terreno do Maiorca por 1-0, com um golo solitário do brasileiro Júlio Baptista aos 47 minutos, na conversão de uma grande penalidade.

Nos maiorquinos, num bastante incómodo 18.º lugar no campeonato espanhol, atuavam jogadores como o guarda-redes Miguel Ángel Moyá, o defesa internacional italiano Mark Iuliano, o médio defensivo internacional uruguaio Gonzalo de los Santos, o médio brasileiro Felipe Melo, os médios internacionais espanhóis Luis García e Javier Farinós e o avançado internacional argentino Bernardo Romeo.

Já o Sevilha de Joaquín Caparrós, que ocupava o sexto lugar, estava a construir a equipa que viria a vencer por duas vezes consecutivas a Taça UEFA nos anos seguintes, fazendo alinhar nesse encontro nomes como Sergio Ramos, os brasileiros Adriano e Dani Alves e o avançado internacional português Makukula.












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