sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

A minha primeira memória de… um jogo entre Vitória FC e Gil Vicente

João Vilela e Carlitos em disputa de bola
Os jogos entre Vitória de Setúbal e Gil Vicente não são propriamente clássicos, mas já se realizaram cerca de três dezenas de vezes, a esmagadora maioria em encontros da I Liga.

Ao consultar a ficha de jogo, recordo-me vagamente do hat trick de Marco Ferreira que virou o resultado de 0-2 para um 3-2 favorável aos sadinos no Bonfim a 16 de março de 2002, numa altura em que a dupla dos Ferreiras (Paulo e Marco) fazia mossa no corredor direito dos setubalenses.

Porém, a minha primeira memória a sério dos confrontos entre estas duas equipas remonta a 5 de fevereiro de 2006.
Não por eu ter assistido ao jogo no estádio, mas pelo volume da goleada dos gilistas: 5-0. Nunca, num duelo entre as duas equipas, se registou tamanho desnível.

E nada o fazia prever. O Vitória navegava em águas tranquilas no primeiro terço da tabela, apesar dos problemas de salários em atraso que obrigaram a uma reconstrução do plantel em janeiro e de só ter vencido um dos quatro jogos anteriores. Alguns dos esteios da equipa na primeira volta do campeonato, como Moretto, José Fonte, Dembélé e Tchomogo, tinham rumado a outras paragens. Por outro lado, chegaram os jovens Hélio Roque e Carlitos (ambos cedidos pelo Benfica) e Silvestre Varela (emprestado pelo Sporting). Também o o comando técnico mudou de dono por essa altura: saiu Norton de Matos, entrou Hélio Sousa.

Mais complicada estava a missão do Gil Vicente de Ulisses Morais, que entrou para essa jornada, a 21.ª, com três pontos de vantagem sobre a primeira equipa na zona de despromoção e com apenas um ponto somado nas três rondas anteriores. O central Gregory, o lateral João Pereira e os extremos Carlitos e Nandinho eram algumas das principais figuras dos gilistas.


Nesse jogo, tudo correu bem aos de Barcelos e mal aos de Setúbal. A improvável goleada começou a ser construída pela cabeça do baixinho Carlitos (1,68 m), que respondeu ao segundo poste a um cruzamento de Gouveia aos 15 minutos. E logo a seguir o central brasileiro Rovérsio fez o segundo na recarga a um cabeceamento de Gregory defendido em primeira instância por Marco Tábuas (18').

No arranque do segundo tempo Mateus serviu Carlitos para o 3-0 (50'), Carlos Carneiro fez o quarto a passe de Carlitos (59') e Mateus fechou a goleada já na reta final (85').

“Não há nada como um bom adversário. O Gil Vicente deu um autêntico recital de futebol. Jogo cheio de profundidade, eficácia na frente, defesa concentrada, equipa curta e inteligente na ocupação dos espaços. Nem era necessária tanta pressão sobre a bola, porque do outro lado não havia opositor...”, começava por escrever o Record na crónica do jogo.

“Ulisses Morais tem razões para estar orgulhoso. A vitória estava no bolso logo aos 18 minutos e o galo só podia mesmo cantar de goleada perante a incrível (e incompreensível) passividade dos sadinos. Com o seu campeonato feito, o V. Setúbal entrou no jogo a dormir e quando acordou já tinha vivido um autêntico pesadelo. Um evidente jogo de contrastes. Sadinos sem garra. Pouco querer e evidente não poder. Em suma, uma tristeza!”, pode ler-se.

































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