sábado, 22 de fevereiro de 2020

Hugo Machado: velocidade do cérebro vs. velocidade das pernas

Hugo Machado capitaneia e organiza o jogo do Loures aos 37 anos
Lembro-me de ver Hugo Machado a assumir-se como o patrão do meio-campo do Sporting B. Era um médio com personalidade, que chegava à frente, que organizava o jogo e que gostava de armar o remate de meia distância. O meu falecido pai gostava muito de o ver em ação naquela altura, na Academia ou nos jogos frente ao Barreirense no antigo Estádio Dom Manuel de Mello, na II Divisão B – Zona Sul.



Hoje, mais de uma década e meia depois, o antigo centrocampista dos quadros dos leões continua a dar cartas no terceiro escalão, agora denominado Campeonato de Portugal, com a camisola do Loures, 37 anos nas pernas e a experiência acumulada ao longo de uma carreira passada em grande parte no estrangeiro, em países como Chipre, Azerbaijão, Irão, Índia e Grécia.

A velocidade das pernas, é bem visível, está uns furos abaixo da dos companheiros e adversários com quem partilha o terreno de jogo todos os fins de semana. Mas a velocidade do cérebro, essa, está a um nível superior.

Já sem andamento para grandes correrias, Hugo Machado é hoje um jogador com características especiais, que é protegido e que se protege no que concerne ao gasto de energia. O seu raio de ação é limitado e o seu esforço é bastante bem doseado, o que pode dar a ideia de que está a mais em campo. Porém, quando a bola lhe chega, essa perceção muda. Numa curta fração de segundos, desmarca um companheiro em profundidade ao primeiro ou ao segundo toque, fazendo uso de uma qualidade de passe a longa distância que se mantém intacta e de uma visão de jogo que descobre linhas de passe difíceis de descortinar.

Apesar das limitações físicas, continua a ser o homem do leme no meio-campo, o organizador do jogo, aquele de quem se podem esperar as melhores tomadas de decisão. Capitão de equipa, dono das bolas paradas e bom rematador, tal como já o era no Sporting B, tem um estilo muito típico: prefere utilizar a trivela do que o pé esquerdo (talvez por influência do antigo companheiro de equipa Ricardo Quaresma); gosta de cruzar a bola ao picá-la subtilmente; faz muitas vezes a bola subir para depois a endereçar a um companheiro, num gesto a fazer lembrar futebol de praia; e utiliza os calções algo descaídos.


Talvez não tivesse tido a carreira que se esperava quando fazia parte da formação leonina ou capitaneava o Sporting B, mas acrescenta valor ao Loures e ao Campeonato de Portugal, depois de passagens por Estrela da Amadora e Barreirense (ambos II Liga), Apollon Limassol, Olympiakos Nicosia e Alki Larnaca (Chipre), Naval (I Liga), Zob Ahan e Sanat Naft (Irão), Churchill Brothers (Índia), Kallithea, Xania e OFI Creta (Grécia) e Oriental e Real (Campeonato de Portugal).






















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