Dez figuras míticas da história centenária do Sport Lisboa e Benfica |
Depois de ter demonstrado
a sua força no Campeonato de Lisboa e no Campeonato de Portugal nas
primeiras décadas de existência, o emblema encarnado não só foi
um dos clubes que esteve na primeira edição na I Divisão, em
1934-35, como esteve em todas as edições da prova e é recordista
de títulos (37).
Na contabilidade
benfiquista entram nove bicampeonatos, seis tris e um tetra, assim
como onze dobradinhas e um triplete.
Relativamente a
futebolistas, foram quase sete centenas os que jogaram de águia ao
peito na I Divisão. Vale a pena recordar os dez que o fizeram por
mais vezes.
10. Toni (298 jogos)
Toni |
No plantel do clube da
Luz ficou até 1980-81, tendo conquistado oito campeonatos (1968-69,
1970-71 a 1972-73, 1974-75 a 1976-77 e 1980-81) e cinco Taças
de Portugal (1968-69, 1969-70, 1971-72, 1979-80 e 1980-81) nesse
período. Pelo meio, em 1977, teve uma curta passagem pelos
norte-americanos dos Las Vegas Quicksilvers.
Em 1972 foi eleito
futebolista português do ano para o CNID e no ano seguinte ajudou as
águias conquistarem o título nacional sem qualquer derrota, algo
inédito na altura em Portugal. Foi também enquanto jogador do
Benfica que somou as suas 32 internacionalizações ao serviço da
equipa das quinas, entre outubro de 1969 e março de 1978.
Após encerrar a carreira
continuou ligado ao clube, integrando várias equipas técnicas. Em
1987-88 tornou-se pela primeira vez treinador principal, continuando
no cargo na época seguinte. Depois voltou para adjunto de
Sven-Göran Eriksson e Tomislav Ivic antes de voltar a ser o homem do
leme entre outubro de 1992 e julho de 1994 e entre dezembro de 2000 e
dezembro de 2001.
9. Eusébio (301 jogos)
Eusébio |
Com esse pequeno
contributo nesse jogo com os azuis, o Pantera Negra
conquistou em 1960-61 o seu primeiro de 11 títulos nacionais, um
recorde em Portugal. Porém, nos outros dez (1962-63 a 1964-65,
1966-67 a 1968-69, 1970-71 a 1972-73 e 1974-75) teve um contributo
muito maior. Venceu ainda uma Taça
dos Campeões Europeus (1961-62) e cinco Taças
de Portugal (1961-62, 1963-64, 1968-69, 1969-70 e 1971-72).
Em
15 épocas de águia ao peito, foi por sete vezes melhor marcador do
campeonato (1963-64 a 1967-68, 1969-70 e 1972-73), sendo que os seus
42 golos em 1967-68 e os 40 em 1972-73 também lhe valeram a Bota de
Ouro. No entanto, foi em 1964-65, quando apontou (apenas) 28 golos na
I Divisão, que conquistou a Bola
de Ouro da revista France Football.
É ainda o melhor marcador de sempre dos encarnados na I Divisão,
com 315 golos.
Paralelamente,
tornou-se internacional português em outubro de 1961, tendo somado
64 jogos e 41 e brilhado no Mundial
1966 ao serviço da equipa das quinas.
Deixaria
o Benfica em 1973 para se aventurar no futebol dos Estados Unidos e
do México, tendo voltado a Portugal para curtas passagens por
Beira-Mar (1976-77) e União de Tomar (1977-78), esta última na II
Divisão. Após pendurar as botas, no final da década de 1970,
integrou as várias equipas técnicas das águias na qualidade de
treinador de guarda-redes.
8. Simões (310 jogos)
Simões |
Contemporâneo
de Eusébio, haveria de jogar pelos encarnados até maio de 1975,
antes de se aventurar no futebol dos Estados Unidos e de representar
Estoril,
Viseu e Benfica e União de Tomar em solo luso. De águia ao peito
conquistou dez campeonatos (1962-63 a 1954-65, 1966-67 a 1968-69,
1970-71 a 1972-73 e 1974-75) e cinco Taças
de Portugal (1961-62, 1963-64, 1968-69, 1969-70 e 1971-72), além
do já citado título continental.
Internacional
desde maio de 1962, quando tinha apenas 18 anos, representou por 46
vezes a seleção portuguesa, tendo apontado três golos, um dos
quais ao Brasil no Mundial
1966.
7. Bento (329 jogos)
Bento |
No
primeiro ano e meio na Luz viveu na sombra de José Henrique, mas foi
progressivamente ganhando o seu espaço não só no onze como na
história dos encarnados. De águia ao peito conquistou nove
campeonatos (1972-73, 1974-75 a 1976-77, 1980-81, 1982-83, 1983-84,
1986-87 e 1990-91), seis Taças
de Portugal (1979-80, 1980-81, 1982-83 e de 1984-85 a 1986-87) e
duas Supertaças
(1980 e 1985), tendo participado ativamente na campanha até à final
da Taça
UEFA em 1982-83.
Despediu-se
das balizas à beira de completar 44 anos, em 1991-92, no final da
segunda época consecutiva sem qualquer minuto de utilização no
Benfica, clube que representou durante duas décadas. Depois
continuou ligado às águias enquanto treinador de guarda-redes.
Pela
seleção nacional contabilizou 62 internacionalizações entre 1976
e 1982, tendo brilhado no Euro 1984. Também esteve no Mundial
1986, mas lesionou-se com gravidade num treino após o jogo de
estreia, diante de Inglaterra (1-0), e não mais voltou a ser
chamado, até porque a lesão lhe custou a titularidade no emblema da
Luz.
6. Luisão (337 jogos)
O
único não português entre os 25 jogadores com mais partidas
disputadas na I Divisão pelo Benfica e o único entre os 10
primeiros deste ranking que nunca jogou no velhinho Estádio da Luz.
O central brasileiro chegou aos encarnados proveniente do Cruzeiro no
verão de 2003, numa fase em que os encarnados jogavam no Jamor
enquanto terminavam as obras do novo estádio.
Marcou
logo na estreia, num empate a três golos com o Belenenses
no Estádio Nacional (3-3), e rapidamente conquistou a titularidade
na equipa às ordens do espanhol José Antonio Camacho. Na temporada
seguinte, em 2004-05, revelou-se decisivo para a conquista do título
nacional que fugia há 11 anos aos benfiquistas, ao marcar o golo que
deu a vitória sobre o Sporting na penúltima jornada.
Voltou
a ser campeão em 2009-10 e entre 2013-14 e 2016-17 e venceu ainda
três Taças
de Portugal (2003-04, 2013-14 e 2016-17), quatro Supertaças
(2005, 2014, 2016 e 2017) e sete Taças
da Liga (2008-09 a 2011-12
e 2013-14 a 2015-16). Esteve ainda nas campanhas até às finais
da Liga Europa em 2012-13
e 2013-14.
Despediu-se
da Luz e dos relvados no final de 2018, aos 37 anos, depois de 15 no
clube, grande partes deles enquanto capitão.
Paralelamente
teve um percurso respeitável na seleção brasileira, pela qual
somou 47 internacionalizações e três golos. Enquanto jogador do
Benfica, esteve na Copas América de 2004 e 2011, nas Taças das
Confederações de 2005 e 2009 e nos Campeonatos
do Mundo de 2006 e 2010.
5. Shéu (349 jogos)
Shéu |
Só
se tornaria opção regular no meio-campo encarnado em 1975-76,
assumindo-se como elemento importante não só para a conquista do
título desse anos como para os de 1976-77, 1980-81, 1982-83, 1983-84
e 1986-87. O seu nono e último foi em 1988-89, na derradeira
temporada da carreira, numa fase em que já jogava pouco, à beira de
completar 36 anos. Paralelamente venceu por seis vezes a Taça
de Portugal (1979-80, 1980-81, 1982-83 e 1984-85 a 1986-87) e por
duas ocasiões a Supertaça
Cândido de Oliveira (1980 e 1985). Esteve ainda nas caminhadas
até à final da Taça
UEFA em 1982-83 e ao jogo decisivo da Taça
dos Campeões Europeus em 1987-88.
Depois
de pendurar as botas continuou ligado ao clube enquanto coordenador
técnico até maio de 2018, tendo assumido interinamente o cargo de
treinador principal nas derradeiras quatro jornadas do campeonato de
1998-99, obtendo duas vitórias, um empate e uma derrota.
Pela
seleção nacional somou 24 internacionalizações e um golo, mas
falhou as fases finais do Euro 1984 e do Mundial
1986.
4. Humberto Coelho (355 jogos)
Humberto Coelho |
Venceu
ainda os campeonatos de 1970-71 a 1972-73 e o de 1974-75 antes de se
aventurar nos franceses do Paris Saint-Germain durante duas épocas.
Voltaria a jogar de águia ao peito entre 1977 e 1984, período em
que fez dupla com António Bastos Lopes no eixo defensivo dos
encarnados e em que conquistou os títulos nacionais de 1980-81,
1982-83 e 1983-84. Na segunda passagem pelos benfiquistas juntou três
Taças
de Portugal (1979-80, 1980-81 e 1982-83) a outras tantas que já
tinha no currículo (1968-69, 1969-70 e 1971-72), venceu uma
Supertaça
(1980) e esteve na caminhada até à final da Taça
UEFA em 1982-83, antes de se despedir dos relvados em 1984.
Defesa
goleador, apontou oito golos nos campeonatos de 1972-73 e 1974-75 e
um total de 11 em todas as competições em 1979-80 e 1982-83.
63
vezes internacional português entre 1968 e 1983, apontou seis golos
pela seleção nacional, mas não participou em qualquer fase final:
era demasiado jovem aquando do Mundial
1966 e já não era opção regular no Benfica aquando do Euro 1984.
3. Coluna (363 jogos)
Coluna |
De
águia ao peito ficou conhecido por Monstro Sagrado, tendo
conquistado dez campeonatos (1954-55, 1956-57, 1959-60, 1960-61,
1962/63 a 1964-65 e 1966-67 a 1968-69), seis Taças
de Portugal (1954-55, 1956-57, 1958-59, 1961-62, 1963-64 e
1968-69) e duas Taças dos Campeões Europeus (1960-61 e 1961-62).
Se
não fosse Eusébio, com quem partilhou o balneário na Luz,
possivelmente teria um estatuto ainda maior na história do clube.
Basta dizer que o Benfica tinha menos dois títulos do que o Sporting
quando chegou e mais quatro quando saiu.
Pela
seleção nacional somou 57 internacionalizações e oito golos. Fez
parte da equipa dos magriços que alcançou o 3.º lugar no
Campeonato
do Mundo de Inglaterra, em 1966.
2. Veloso (379 jogos)
Veloso |
Seguiram-se
15 temporadas de águia ao peito, que culminaram com a conquista de
sete campeonatos (1980-81, 1982-83, 1983-84, 1986-87, 1988-89,
1990-91 e 1993-94), assim como seis Taças
de Portugal (1980-81, 1982-83, 1984-85 a 1986-87 e 1992-93) e
três Supertaças
(1980, 1985 e 1989).
Conhecido
pela polivalência e pelo espírito combativo, esteve também nas
campanhas até à final da Taça
UEFA em 1982-83 e até às finais da Taça
dos Campeões em 1987-88 e 1989-90. No jogo decisivo de 1988,
falhou o penálti decisivo que permitiu ao PSV levar o caneco para a
Holanda.
Em
termos de seleção nacional contabilizou 40 internacionalizações e
esteve no Euro 1984, tendo falhado o Mundial
1986 após ter acusado positivo numa análise anti-doping.
Após
pendurar as botas experimentou a carreira de treinador. Em 2000-01
foi adjunto de Toni no plantel principal do Benfica e na época
seguinte dirigiu a equipa B, não evitando a despromoção à III
Divisão.
1. Nené (422 jogos)
Nené |
A
estreia pela equipa principal dos encarnados ocorreu em novembro de
1968, pela mão de Otto Glória, numa receção ao Vitória
de Guimarães. Foi o pontapé de saída de uma carreira de 18
anos passados a jogar de águia ao peito. Nas duas primeiras épocas
na equipa principal jogou pouco, mas na terceira disparou rumo à
imortalidade, embora não fosse consensual entre os benfiquistas, uma
vez que alguns criticavam o que entendiam ser pouca combatividade.
Nos
encarnados venceu dez campeonatos (1968-69, 1970-71 a 1972-73,
1974-75 a 1976-77, 1980-81, 1982-83 e 1983-84), sete Taças
de Portugal (1969-70, 1971-72, 1979-80, 1980-81, 1982-83, 1984-85
e 1985-86) e duas Supertaças
(1980 e 1985). Já depois de Mário Wilson ter convertido o então
extremo em ponta de lança, em 1975-76, tornou-se uma máquina de
fazer golos ao ponto de se ter sagrado o melhor marcador da I Divisão
em 1980-81 (20 golos) e 1983-84 (21 golos).
Esteve
na caminhada até à final da Taça
UEFA em 1982-83, mas não chegou a tempo das gloriosas campanhas
europeias da década de 1960 e encerrou a carreira anos antes de o
Benfica ter atingido as finais da Taça
dos Campeões Europeus em 1987-88 e 1989-90.
Após
encerrar a carreira ficou ligado ao clube enquanto treinador nas
camadas jovens e olheiro.
A
nível internacional somou 65 jogos e 22 golos pela seleção
nacional, tendo marcado presença no Euro 1984. Despediu-se da
seleção nesse torneio, no jogo frente à França, nas meias-finais,
no qual se tornou o mais internacional pela equipa das quinas até
então.
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