quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Defesa goleador do Sporting e primeiro brasileiro a jogar por Portugal. Quem viu jogar Lúcio?

Lúcio representou o Sporting entre 1959 e 1964
Muito antes de Deco, Pepe, Liedson, Dyego Sousa, Otávio e Matheus Nunes (e de Celso, já agora…) houve Lúcio, o primeiro futebolista nascido no Brasil a jogar pela seleção portuguesa e também um defesa central especialista na execução de livres diretos.
 
Nascido em Manhuaçu, no estado de Minas Gerais, mas filho de pai fafense e mãe portuense, jogava no América do Rio de Janeiro quando, durante digressão europeia do clube carioca, acabou contratado pelo Sporting em dezembro de 1959.
 
Quase sempre titular nos quatro anos e meio que passou em Alvalade, depressa impressionou com o seu potente pontapé, tendo amealhado o invejável registo de 35 golos em 110 jogos de leão ao peito – chegou à dezena de remates certeiros em 1959-60 e 1962-63. Só em janeiro de 2024 é que Sebastián Coates (37) o destronou como o defesa mais goleador de sempre do Sporting, mais de seis décadas após ter estabelecido o recorde.
 
Entretanto, naturalizou-se português e estreou-se pela seleção lusa a 27 de abril de 1960, numa derrota com a Alemanha em Ludwigshafen (1-2). E assim se abriu o precedente de que também fez parte David Julius (filho de um moçambicano e posteriormente conhecido como David Júlio), médio sul-africano nascido em Joanesburgo e que também atuava no Sporting. Ambos foram convocados pela dupla José Maria Antunes (selecionador) e Béla Guttmann (treinador de campo).
 
“Nem me pergunte se isso me dá prazer. Estou feliz e honrado, mas sei que não sou o único. Lá longe, numa casinha em Niterói [nos arredores do Rio de Janeiro] onde deixei parte do meu coração, um homem e uma mulher devem ter chorado de alegria quando souberam que o filho tinha sido chamado para defender as cores de Portugal. Nasci no Brasil, sim, mas sou português de direito e de sangue. Sabe, é que eu não sou estrangeiro, não”, reagiu Lúcio na altura.
 
 
Se de quinas ao peito somou cinco internacionalizações (a última em maio de 1962), com a camisola verde e branca venceu um campeonato (1961-62), uma Taça de Portugal (1962-63) e iniciou a caminhada que culminou na conquista da Taça das Taças (1963-64), embora tivesse regressado a meio da época ao Brasil após ser acusado pelos companheiros de equipa de falta de compromisso com o grupo.
 
Após pendurar as botas foi treinador e professor de educação física no Brasil e formou-se em Ciências Económicas e Financeiras na Faculdade Nilo Peçanha no Rio de Janeiro.
 
Viria a morrer cedo, aos 40 anos, a 15 de outubro de 1974, vítima de afogamento num rio. 







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