Desceu duas vezes de divisão no Beira-Mar mas venceu a Taça de Inglaterra e jogou num Mundial. Quem se lembra de Alcaráz?

Alcaráz somou 120 jogos e cinco golos pelo Beira-Mar

A vida dá muitas voltas e a carreira de Antolín Alcaráz é a prova disso mesmo. Desde tenra idade considerado um central muito promissor no Paraguai, despontou no Teniente Farinã, evoluiu nos argentinos do Racing Club de Avellaneda, chegou a ser convocado para um jogo da seleção principal do seu país diante do Brasil, na fase de qualificação do Mundial 2002, tendo também captado o interesse da Fiorentina, que o contratou.

 
Contudo, chegou a Florença numa altura em que o emblema viola estava falido, arruinado por dívidas monstruosas, e nunca chegou a disputar qualquer jogo oficial pelos transalpinos, apesar de ter chegado a treinar ao lado de Nuno Gomes e companhia. Sem clube, regressou à Argentina, onde treinou para manter a forma e, depois de um ano sem competir, assinou pelo Beira-Mar em janeiro de 2003.
 
Alcaráz cedo pegou de estaca em Aveiro, tendo acompanhado a transição do velhinho Mário Duarte para o novo estádio municipal, demasiado grande e afastado do centro da cidade. Ao longo de quatro anos e meio, somou 120 jogos e cinco golos pelos aveirenses. Sempre demonstrou alguma qualidade como central de marcação, mas o contexto não era o mais propício para brilhar, tendo sentido o amargo sabor da descida de divisão por duas vezes, em 2004-05 e 2006-07. Pelo meio, sagrou-se campeão da II Liga em 2005-06.
 

 

Na Bélgica, o Club Brugge detetou o que nenhum emblema de maior dimensão em Portugal havia visto e avançou para a sua contratação a custo zero no verão de 2007. A primeira época não correu muito bem, mas acabou por explodir a partir de 2008-09, aos 26 anos, o que lhe valeu a primeira de 24 internacionalizações pela seleção principal do Paraguai em novembro de 2008.
 
Convocado para o Mundial 2010, esteve em destaque ao marcar a Gianluigi Buffon num empate a um golo com a então detentora do título Itália na jornada inaugural da fase de grupos do torneio disputado na África do Sul. Haveria, de resto, de contribuir para a caminhada até aos quartos de final, ajudando a seleção sul-americana a eliminar o Japão nos oitavos antes de ser afastada pela Espanha.
 

 

Valorizado, após o Campeonato do Mundo transferiu-se para os ingleses do Wigan, que na altura militavam na Premier League, a custo zero. Nos latics encontrou um treinador que o marcou muito, Roberto Martínez, atual selecionador de Portugal. Juntos ganharam a Taça de Inglaterra em 2012-13, com uma surpreendente vitória sobre o Manchester City na final de Wembley, mas três dias depois não conseguiram impedir a despromoção ao Championship. Um ano antes, Alcaráz marcou o golo solitário, num jogo diante do Blackburn Rovers, que valeu a permanência e sentenciou a descida de divisão do adversário.
 

 

Pelo meio, ajudou o Paraguai a atingir a final da Copa América, perdida para o Uruguai, tendo marcado um golo à Venezuela na fase de grupos e visto o cartão vermelho direto na partida dos quartos de final, diante do Brasil.
 

 

 
Após a descida de divisão no Wigan ficou livre, tendo assinado pelo Everton, clube que tinha como novo treinador… Roberto Martínez. Jogou na Liga Europa, mas a passagem por Goodison Park não foi particularmente feliz, devido a problemas físicos.
 
As lesões também afetaram a sua passagem pelo Las Palmas em 2015-16, numa temporada em que o central teve a oportunidade jogar na liga espanhola.
 
Entretanto voltou ao seu país, tendo representado Libertad entre 2016 e 2018 e Olimpia entre 2019 e 2023 antes de pendurar as botas.