Tiago Batista no Cova da Piedade para dar intensidade e profundidade ao meio-campo

Médio Tiago Batista é reforço do Cova da Piedade

Quantos pulmões terá Tiago Batista? Foi a pergunta que fiz sempre que vi o Loures jogar na temporada passada. Aos 25 anos, parecia estar a passar por entre os pingos da chuva este médio de indesmentível qualidade que foi uma das figuras de uma formação lourense que esteve bastante perto de assegurar a presença na Liga 3.

 

Contudo, este jogador natural de Santarém mostrou que tinha qualidade para competir num nível mais alto do que o Campeonato de Portugal e a pouco mais de dez dias do arranque oficial da nova temporada no reformulado terceiro escalão, foi anunciado como reforço do Cova da Piedade (SAD), clube em que vai reencontrar o treinador Hugo Martins – cuja competência também vinha a pedir Liga 3 –, que o orientou no Loures e no Sertanense.

 

Num meio-campo com duplo pivot ou mesmo num dos dois vértices mais ofensivos do triangulo medular de um 4x3x3, este centrocampista funciona como um médio box to box que, tal como a designação indica, faz piscinas de área a área a atacar e defender.

 

Com a braçadeira de capitão do Loures envergada apesar do pouco tempo de ligação ao clube e sempre em alta rotação, sentia o conforto do estabilizador Bruno Carvalho (companheiro de duplo pivot) a proteger-lhe as costas e projetava-se no apoio ao ataque, aparecendo bem em zona de definição para dar à equipa uma solução para último passe ou mesmo para finalização. O único golo que apontou na temporada passada foi precisamente marcado à boca da baliza, em plena pequena área, na visita ao Torreense a 15 de novembro.

 

 

No entanto, a velocidade com que corre para atacar é a mesma que utiliza para defender, podendo aparecer em zonas adiantas a exercer pressão alta ou nas imediações da sua área a empenhar-se para recuperar a bola. E não foge aos duelos nem se demite de fazer carrinhos quando a situação assim o obriga.

 

Embora o ritmo alto e a resistência tenham sido as competências mais destacadas nas linhas acima, Tiago Batista é também um médio com critério e precisão de passe, que acabava por ser o mais parecido que o Loures tinha com um organizador de jogo até à chegada de Hugo Machado, pois também aparecia à frente da defesa, com bola, para começar a desenhar os ataques, desempenhando um papel que em Itália apelidam de Il Regista. Por cobrir uma área tão alargada do campo e por estar quase sempre perto da zona da bola, dá a ideia de ser omnipresente. E uma vez que é um executante de qualidade, encarregava-se de bater todas as bolas paradas da sua equipa.

 

Depois de várias épocas nos distritais da AF Santarém ao serviço do Cartaxo e de passagens por Coruchense, Sertanense, União de Santarém e Loures no Campeonato de Portugal, mostrou que tinha a qualidade de jogo e a maturidade necessárias para se impor com naturalidade no meio-campo de um Cova da Piedade recém-despromovido à Liga 3 e que certamente terá ambições legítimas de voltar à II Liga, patamar em que competiu nas derradeiras cinco épocas.

 

Não é o único que reencontra Hugo Martins

Se o Cova da Piedade vai jogar na Malveira, a 40 quilómetros de casa, devido a mais um imbróglio entre um clube e uma SAD – com uma autarquia à mistura –, o treinador Hugo Martins estará a trabalhar junto de alguns futebolistas que bem conhece.

 

Além de Tiago Batista, o técnico vai reencontrar futebolistas que já tinha orientado noutras paragens, nomeadamente o defesa central/direito Fábio Santos e o lateral esquerdo Califo Baldé (ambos no Loures) e o médio ofensivo/extremo Rui Batalha e o ponta de lança Dida (ambos no Real SC).