terça-feira, 29 de junho de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Inglaterra e Alemanha

Bola pontapeada por Lampard tocou no interior da baliza
Recordo-me de que, quando Portugal se apurou para o Mundial 2002, houve um jornal desportivo que produziu uma revista dedicada ao balanço da qualificação lusa e falou sobre as seleções já apuradas para o torneio. Uma dessas seleções era Inglaterra, e no espaço reservado aos three lions estavam enumerados os vários resultados da fase de apuramento, entre os quais dois frente à Alemanha que me chamaram à atenção: derrota por 0-1 em casa e sobretudo a goleada por 1-5 fora. Foi a derrota mais pesada de sempre da mannschaft em casa desde a Segunda Guerra Mundial e derrota mais volumosa dos germânicos em apuramentos para fases finais.
 
Por outro lado, também cresci a ler e a ouvir sobre a final do Mundial 1966 e o polémico golo de Geoff Hurst, validado pelo árbitro apesar de, ainda hoje, passados tantos anos, existirem dúvidas sobre se a bola terá efetivamente entrado na baliza alemã.
 
 
No entanto, o primeiro jogo de que tenho memória de assistir entre Inglaterra e Alemanha remonta ao Mundial 2010, realizado na África do Sul – o tal Campeonato do Mundo que introduziu uma nova palavra no vocabulário da língua portuguesa: vuvuzela.
 
E foi com o som das vuvuzelas como banda sonora que as duas poderosas seleções mediram forças nos oitavos de final. Inglaterra, orientada pelo italiano Fabio Capello, mostrou-se implacável na fase de qualificação após ter falhado o Euro 2008: 27 pontos em 30 possíveis. Já não havia David Beckham nem Paul Scholes, mas os three lions apresentaram-se com vários jogadores titulares de principais clubes da Premier League, como John Terry, Ashley Cole e Frank Lampard (Chelsea), Glen Johnson e Steven Gerrard (Liverpool) e Wayne Rooney (Manchester United).
 
Do lado alemão estavam alguns jogadores que tinham acabado de disputar a final da Liga dos Campeões ao serviço do Bayern Munique frente ao Inter de Milão de José Mourinho, como Philipp Lahm, Bastian Schweinsteiger, Thomas Müller, Miroslav Klose e Mario Gómez. No entanto, também estavam no lote de convocados uma série de jovens jogadores que ainda eram desconhecidos do grande público, mas que viriam a marcar os anos seguintes na seleção germânica, como Manuel Neuer (Schalke 04), Jérôme Boateng (Hamburgo), Sami Khedira (Estugarda), Mesut Ozil (Werder Bremen) e Toni Kroos (Bayer Leverkusen por empréstimo do Bayern Munique), este último não utilizado no encontro diante dos ingleses.
 
A partida previa-se bastante equilibrada, mas terminou em goleada. Na sequência de um pontapé de baliza de Neuer, a defesa inglesa deixou a bola bater no relvado e foi lenta a prevenir o ataque à profundidade de Klose, que aos 20 minutos bateu David James e igualou Pelé com 12 golos em fases finais.
 
Aos 32’, um ataque bem ao estilo alemão: retilíneo, vertiginoso e objetivo. Podolski concluiu a jogada em golo, a passe de Muller, perante um David James que protegeu muitíssimo mal a sua baliza.
 
No entanto, os ingleses responderam pouco depois. Na sequência de um cruzamento de Gerrard, o central Matthew Upson antecipou-se a Neuer e cabeceou para o fundo das redes (37’).
 
No minuto seguinte, o momento do jogo: Lampard rematou de fora da área, fazendo a bola embater na trave, depois no solo e sobrar para as mãos do guarda-redes germânico. Todas as repetições foram esclarecedoras: a bola entrou. Mas o árbitro uruguaio Jorge Larrionda e os seus assistentes julgavam que não.
 
O mesmo Lampard voltou a estar perto do 2-2 na segunda parte, na execução de um pontapé livre direto que fez a bola embater na trave.
 
A vantagem alemã parecia injusta, mas a verdade é que a mannschaft foi a tempo de construir uma goleada, marcando mais dois golos através de contra-ataques velozes e furiosos, ambos concluídos de forma letal por jovem de 20 anos chamado Thomas Muller, a passes de Schweinsteiger (67’) e Ozil (70’).
 
“Aí está a primeira grande bronca do Campeonato do Mundo. Um remate de Lampard que foi à trave e ultrapassou claramente a linha fatal no regresso ao solo, mas o árbitro não viu. Seria um golo que permitiria à Inglaterra chegar ao 2-2 no minuto seguinte ao golo de Upson que tinha reduzido a vantagem inicial da Alemanha. Polémica à parte, assistiu-se a um grande jogo de futebol no Estádio Free State, um daqueles que fica para a história. No final, como previa Gary Lineker, ganhou a Alemanha (4-1), sem espinhas”, escreveu o Maisfutebol.
 
 
A seguir ao Mundial 2010, os jovens talentos alemães mudaram de ares: Jérôme Boateng transferiu-se para o Manchester City e Mesut Ozil e Sami Khedira para o Real Madrid - Toni Kroos voltou ao Bayern Munique para se afirmar em definitivo. Quatro anos depois, o núcleo duro desta seleção sagrou-se campeão mundial no Brasil.






 





E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Inglaterra e Alemanha de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas seleções?

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