quarta-feira, 12 de maio de 2021

A minha primeira memória de… Sporting campeão

Eu construindo um puzzle do Sporting campeão 1999-2000
A minha primeira memória de ver o Sporting campeão foi o clique que me fez tornar adepto (fervoroso) de futebol. Estávamos em 2000, tinha oito anos, andava no 2.º ano e o futebol passava-me um pouco ao lado. Dizia-me sportinguista porque o meu pai também o era, conhecia menos de uma mão cheia de futebolistas em todo o mundo e não acompanhava minimamente o campeonato português nem os desempenhos da seleção nacional. E quando o meu pai me levava a ir ver um jogo ao vivo ao Estádio Alfredo da Silva ou ao Dom Manuel de Mello, casas de Quimigal (antiga CUF e atual Fabril) e Barreirense, passava os jogos distraído com alguma coisa que não o que ia acontecendo dentro das quatro linhas. Naquela altura, entusiasmava-me mais o Dragon Ball, os Power Rangers, o Buéréré ou o Big Show SIC.
 
Na minha turma todos tinham os seus clubes, mas o futebol raramente era tema de conversa. No entanto, a 18 de março de 2000 deu-se um momento de viragem. Na receção ao pentacampeão e líder FC Porto, o Sporting venceu e saltou para a liderança, a oito jornadas do fim. Onde os leões costumavam fraquejar, aparentemente tinham dado uma prova de força. O título nacional que fugia há 18 anos parecia estar ao alcance.
 
 
Talvez por o Benfica também andar pelas ruas da amargura – não era campeão desde 1994, quando eu e os meus colegas tínhamos um ou dois anos – e por o FC Porto ter uma expressão diminuta no Barreiro (onde eu vivia), gerou-se um enorme entusiasmo. Alguns benfiquistas tornaram-se mesmo sportinguistas, os sportinguistas passaram a acompanhar o futebol e o desporto-rei passou a ser tema dominante nas conversas, sobretudo nas derradeiras jornadas do campeonato.
 
 
 
O desfecho do dérbi de Alvalade atirou a decisão para a última jornada, que tinha visita do Sporting à casa do Salgueiros, o mítico Vidal Pinheiro – já o FC Porto, que estava a apenas um ponto dos verde e brancos, ia a Barcelos defrontar o melhor Gil Vicente da história.
 
 
Ao intervalo, registava-se um empate a zero em Paranhos, mas o resultado de Barcelos nunca foi favorável aos dragões. Na segunda parte, talvez sabendo que o rival estava a perder no terreno do Gil Vicente, o Sporting de Augusto Inácio construiu a goleada que lhe deu a vitória e o título. André Cruz abriu o caminho aos 47 minutos, na execução de um livre direto. Ayew aproveitou uma bola perdida na área para fazer o 0-2 logo a seguir (51’). Duscher, desmarcado na área, fez o terceiro para os leões (75’). E André Cruz voltou a marcar de livre direto, colocando a cereja no topo do bolo (88’).
 
 
Seguiu-se uma enorme festa. Além da conquista do título, era anunciado o fim de um jejum que durava há 18 anos. E eu tinha apenas oito e assim que começo a ver futebol o Sporting sagra-se logo campeão. Acho que só alguns anos depois é que tive a noção do quão longa foi a espera.
 
 
Lembro-me de ter ido à rua com o meu pai para ver a festa que estava a acontecer junto à nossa praceta, com carros atrás de carros a passar, com sportinguistas a buzinar, cantar e erguer cachecóis.
 
Tendo em conta a minha tenra idade e o facto de ser domingo, durou pouco a minha ida à rua. Fui para casa dormir que no dia a seguir era dia de escola. E também era dia de trabalho para o meu pai, que embora fosse um militar pouco dado a efusividades, nessa noite de 14 de maio não resistiu à tentação e foi para o velhinho Estádio José Alvalade esperar os campeões. Terão estado cerca de 60 mil pessoas no reduto leonino.
 
 
Delfim com alguns dos pósteres de 1999-2000
Nas semanas que se seguiram, fui colecionando recortes de revistas com o balanço da época sportinguista. Foi aí que conheci verdadeiramente os jogadores do Sporting, entre os quais o experiente guarda-redes dinamarquês Peter Schmeichel, o central Beto que era a prata da casa, o raçudo médio argentino Aldo Duscher, o tecnicista pastelão Pedro Barbosa, o matador Beto Acosta e os importantes reforços de inverno André Cruz, César Prates e Mbo Mpenza.
 
Também não faltaram pósteres. Aliás, arrisco dizer que nunca vi uma equipa portuguesa com direito a tantos pósteres em revistas e jornais como esse Sporting de 1999-2000. É raro o núcleo sportinguista que não tenha um póster dessa equipa nas suas paredes.








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