A minha primeira memória de… um jogo entre FC Porto e equipas gregas
Costinha e Paulo Sousa em jogo de Champions no Apostolos Nikolaidis
As minhas primeiras memórias de
jogos entre FC
Porto e equipas gregas foram frente a um clube que nos últimos anos tem
estado afastado da ribalta, mas que não deixa de ser um gigante do futebol
helénico, o Panathinaikos, único clube grego a atingir não só as meias-finais
como a final da Taça/Liga
dos Campeões.
Quando Panathinaikos e FC
Porto se defrontaram na segunda fase de grupos da Champions
em 2001-02, a formação de Atenas tinha no seu plantel alguns dos futuros vencedores
do Euro 2004, nomeadamente o guarda-redes Nikopolidis, o central Goumas, o
lateral direito que viria a jogar de dragão
ao peito Seitaridis, o lateral esquerdo e futuro benfiquista Fyssas, o médio
defensivo Basinas e o médio ofensivo e futuro benfiquista Karagounis. Mas
haviam mais jogadores internacionais, como o central dinamarquês Henriksen, o
lateral esquerdo croata Jarni, o médio português Paulo Sousa, o médio
dinamarquês Michaelsen, o médio finlandês Kolkka, o médio croata Šarić, o
avançado cipriota Konstantinou, o avançado polaco (mas nigeriano de gema) Olisadebe
e o avançado croata Vlaović. Recordo-me perfeitamente de as
duas equipas terem empatado a zero no Apostolos Nikolaidis em novembro de 2001,
num encontro em que Paulo Sousa jogou e numa altura em que Octávio Machado era
o treinador dos dragões.
“Não se tem dúvidas de que este
resultado, obtido num terreno onde outras equipas, na primeira fase, baquearam,
pode entender-se como positivo se, obviamente, restringirmos essa análise ao
empate e consequente ponto ganho e aos milhares de escudos que vão entrar nos
cofres das Antas. Será, talvez, um ponto para o futuro, para as tais contas meticulosamente
feitas, sempre com uma ponta de futurologia à mistura. Mas só nesta
particularidade é que poderá haver motivo para um esfregar de mãos, porque em
termos de futebol jogado Octávio Machado mostrou, pela estratégia que a sua
equipa desenvolveu, não querer arriscar um milímetro que fosse na procura ou na
criação de lances que pudessem colocar em perigo o guarda-redes Nikopolidis.
Bem tinha razão quem na conferência de imprensa de terça-feira realçou os
extremos cuidados que o adversário lhe impunha. Disse e fê-lo”, escreveu o Record.
Quase quatro meses depois, a 12
de março de 2002, as duas equipas defrontaram-se nas Antas, numa altura em que José
Mourinho já era treinador do FC
Porto e Paulo Sousa já se tinha mudado para o Espanyol. Confesso que não me
recordava deste jogo, talvez até porque os dragões
praticamente já estavam impedidos de seguir em frente num grupo que também era
integrado por Real Madrid e Sparta Praga. O FC
Porto, que venceu por 2-1, começou a construir a vitória aos 11 minutos,
através de um lance ofensivo ao primeiro toque, com cruzamento largo de Clayton
a partir da esquerda, passe atrasado de Capucho e remate de Deco no coração da
área. Já no segundo tempo, Capucho aparece desmarcado sobre a direita nas
costas da defesa e serviu Pena que, à boca da baliza, só teve de encostar (54’).
Ainda assim, os gregos ainda reduziram por intermédio de Kolkka, através de um
bom remate ainda de fora da área (65’). “O FC
Porto conseguiu a sua primeira vitória na segunda fase da Liga
dos Campeões, mas o resultado (2-1) não engana: foi preciso sofrer muito,
sobretudo nos últimos 25 minutos e particularmente no último quarto de hora,
após a expulsão de Secretário, quando o Panathinaikos cresceu. Uma razoável
primeira parte do FC
Porto deu-lhe uma vantagem de um golo ao intervalo e logo a seguir o 2-0
que parecia encaminhar a equipa para uma noite tranquila. Alternando momentos
em que as coisas saíram bem com outras em que mostrou falta de um homem a
meio-campo que dirigisse o jogo com cabeça, a equipa de Mourinho
foi capaz de ser melhor, de ter mais bola, mas não de ter muitas oportunidades
de golo ao longo do jogo. Essa foi uma das virtudes – aproveitar as
oportunidades. A outra grande virtude foi ter capacidade de sofrimento. A
terapia de choque de Mourinho
resultou. Falta saber se terá, também, efeitos duradouros”, explicou o Record.
Quis o destino que os dois clubes
se voltassem a encontrar na época seguinte, nos quartos de final da Taça
UEFA. Os dragões
estavam a fazer uma grande campanha tanto a nível interno como na Europa
e mostravam-se capazes de derrotar qualquer equipa. Recordo-me perfeitamente de
acompanhar o encontro da primeira-mão, nas Antas, através da rádio. Porém, os aparentemente
invencíveis portistas
acabaram por perder em casa por 0-1, com o único golo a ser apontado pelo
exótico polaco Olisadebe, de cabeça após cruzamento de Kolkka a partir da
esquerda, já nos derradeiros 20 minutos. “O FC
Porto ficou longe das meias-finais da Taça
UEFA ao perder nas Antas (0-1) com o Panathinaikos. Foi a primeira vez que
a equipa não marcou num jogo a sério em toda a época e na primeira parte podia
bem tê-lo feito. O segundo tempo foi pior e já se sabe que os gregos, e
particularmente o Panathinaikos, são uma espécie de besta negra das Antas. Mais
uma vez tiveram a sorte pelo seu lado, mas não foi só isso. Nunca é”,
sintetizou o Record.
Ainda assim, Mourinho
deixou um aviso ao treinador do Panathinaikos, o uruguaio Sergio Markarían: “Não
faças a festa porque ainda não acabou.” Lembro-me que, na altura, não estava
habituado a ver equipas conseguirem melhores resultados europeus fora do que em
casa, mas se havia equipa capaz de o fazer, mesmo no sempre frenético ambiente
dos estádios gregos, era aquele FC
Porto de José
Mourinho. À passagem do quarto de hora,
Derlei colocou os azuis
e brancos em vantagem no Apostolos Nikolaidis através de um remate forte e
colocado à meia-volta na sequência de uma jogada de contra-ataque. E já no
final da primeira parte do prolongamento, o mesmo Derlei conduziu mais um
contra-ataque portista
e bateu Nikopolidis (103’), marcando o golo que colocou o FC
Porto nas meias-finais. “FC
Porto conseguiu a grande proeza de eliminar o Panathinaikos em Atenas,
ganhando por 2-0 e chegando pela primeira vez na sua história à meia-final da Taça
UEFA. Num belo jogo, em que ainda teve que sofrer muito, dois golos de
Derlei, um na primeira parte e outro também na primeira metade, mas do
prolongamento, permitiram ao FC
Porto uma vitória de grande significado a todos os títulos. Nunca tinha
ganho na Grécia, nunca sequer tinha estado a ganhar alguma vez, mas foi capaz
de enfrentar um ambiente difícil com as suas armas e acreditar numa vitória.
Teve alguma sorte em certos momentos – aquela que não tinha tido há oito dias –
e foi capaz de ser uma equipa, que é hoje por hoje o seu grande trunfo. Derlei
foi o herói, o deus do Olimpo que, com dois golos, matou a mitologia grega mais
todos os deuses que andavam a proteger as equipas de Atenas nos confrontos com
os portistas”,
podia ler-se no Record.
ResponderEliminarOi! Encontrei um valioso vídeo de futebol.
Panathinaikos contra o FC Porto.
https://www.youtube.com/watch?v=mEOV9HtdnYc