quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

A minha primeira memória de... um jogo entre Sporting e clubes turcos

Liedson em dificuldades na luta com o central Ümit Bozkurt
As minhas primeiras memórias entre Sporting e equipa turcas remontam à primeira derrota de sempre (em jogos oficiais ou particulares) dos leões no novo Estádio José Alvalade, mais de três meses e meio após a inauguração. Esse feito foi alcançado por um clube com um nome esquisito, difícil de pronunciar e quase impossível de escrever sem estar a copiar, o Gençlerbirligi, que calhou em sorte à formação portuguesa na segunda ronda da Taça UEFA em 2003-04.

O Gençlerbirligi tinha concluído o campeonato da Turquia em 3.º lugar na época anterior, a melhor classificação de sempre da história do clube - nunca tinha ido além da quinta posição – e tinha sido finalista vencido da Taça do seu país. E antes de defrontar o Sporting, tinha afastado os ingleses do Blackburn Rovers na primeira eliminatória.

Ainda assim, não havia grandes craques, nem promissores nem em fim de carreira. Para se ter a noção, os nomes com maior relevância eram os de Filip Daems, lateral esquerdo que haveria de se tornar internacional belga e figura importante no Borussia M'gladbach; e Josip Skoko, médio que atuou na Premier League ao serviço do Wigan e esteve no Mundial 2006 ao serviço da Austrália. Mas até foram outros, como o lateral direito turco Ali Tandogan, que viria a ser internacional e a passar pelo Besiktas, e os avançados turcos Mustafa Özkan e Veysel Cihan, que nunca haveriam de representar o seu país, que viraram protagonistas.

A eliminatória até parecia encaminhada para o Sporting após o empate a um golo em Ankara, num encontro transmitido pela TVI e em que João Pinto começou do banco, uma raridade no seu percurso em Alvalade – só tinha sido suplente em jogos da Taça ou quando os treinadores o poupavam para encontros mais importantes. Essa é até uma das principais memórias que tenho desse duplo confronto com os turcos.


Relativamente ao jogo em si, Ricardo começou por defender uma grande penalidade de Mustafa Özkan, a castigar uma alegada falta de Custódio sobre Serkan Balci, aos 18 minutos. No início da segunda parte, um remate de Liedson ainda desviado por Erkan Ozbey deu vantagem aos leões (50'). Mas a vantagem sportinguista durou pouco, tendo sido anulada cinco minutos depois por Veysel Cihan, acabado de saltar do banco, na recarga a um cabeceamento de Mustafa Özkan.

“Foi o que se esperava: um jogo tão difícil como pronunciar Gençlerbirligi. O Sporting saiu de Ancara com um empate animador após um jogo feito de tudo e no qual o leão teve força, talento, inteligência, coragem e... sorte. A eliminatória sorri para o Sporting, mas atenção que os turcos, apesar de tudo, têm, entre outras, uma qualidade que os distingue como povo lutador que é: nunca desistem. Fica dado o recado para quem eventualmente já estará a pensar no próximo sorteio. Fernando Santos e os seus leões podem estar felizes mas não estão seguramente tranquilos”, escreveu o Record.


No segundo jogo, transmitido pela RTP 1, houve banho turco em Alvalade. O Sporting até só precisava de segurar o 0-0, mas dois golos de rajada no final da primeira parte e um outro no arranque da segunda deitou tudo a perder. Ali Tandogan fez o primeiro de livre direto aos 45', depois de algumas oportunidades dos turcos que provocaram assobios por parte dos sportinguistas. Logo a seguir, Mustafa Özkan foi lançado em profundidade e, ao tentar o corte, Polga fez a bola embater no companheiro Mário Sérgio e entrar na baliza de Ricardo (45+2'). E no início do segundo tempo, Veysel Cihan saltou mais alto do que toda a gente na área leonina para cabecear para o 0-3, na sequência de um cruzamento de Ali Tandogan.

Estava consumada a derrota do Sporting, a primeira de sempre no novo estádio, a 27 de novembro de 2003. “Vai ser muito difícil ao Sporting apagar a triste imagem que deixou no jogo em Alvalade e que conduziu a tão inesperada como incompreensível mas também justa eliminação da Taça UEFA. Isto não vai lá só com desculpas públicas de Fernando Santos e seus jogadores porque o que se passou frente ao Gençlerbirligi terá certamente envergonhado o mais tolerante adepto leonino. Os leões andaram muito tempo perdidos no relvado de Alvalade e nem talento tiveram para se encontrarem. Um pingo de classe talvez tivesse feito renascer o orgulho e recuperar alguma da dignidade perdida. Mas nem isso aquele irreconhecível leão conseguiu fazer. Ficou congelado no grande banho turco”, escreveu o Record.


Para encontrar novos duelos do Sporting com equipas turcas é preciso avançar até julho de 2011, no caso um particular diante do Ankaragücü; e até finais de 2015 para descobrir um jogo oficial, um duplo confronto com o Besiktas na fase de grupos da Liga Europa.













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