João Pinto e Nowotny no jogo da BayArena, em setembro de 2000 |
Não é que na altura eu
o soubesse, mas o Bayer
Leverkusen já começava a tornar-se num cliente habitual da
Champions,
prova em que participava pela terceira vez no espaço de quatro anos,
e era vice-campeão alemão, tendo desperdiçado de forma dramática
a possibilidade de conquistar o título na derradeira jornada. O
treinador era Christoph Daum, que estava no clube desde 1996-97 e
tinha levado o Estugarda à conquista do título germânico em
1991-92. Já o plantel estava repleto de jogadores internacionais: o
guarda-redes suíço Pascal Zuberbühler, os centrais croatas Boris
Živković e Robert Kovač, o central alemão Jens Nowotny, o lateral
esquerdo eslovaco Vratislav Gresko, o médio defensivo nigeriano
Pascal Ojigwe, os médios alemães Carsten Ramelow, Michael Ballack e
Bernd Schneider, o médio croata Jurica Vranješ, o lateral/extremo
esquerdo brasileiro Zé Roberto, o lateral/extremo direito
norte-americano Frankie Hejduk e os avançados alemães Paulo Rink,
Oliver Neuville e Thomas Brdarić. Mas na primeira jornada da fase de
grupos, os germânicos foram derrotados em Moscovo pelo Spartak
(0-2).
Já o Sporting regressava
à Liga
dos Campeões três anos depois, com uma equipa que tinha na sua
base alguns dos campeões nacionais da época anterior, como Peter
Schmeichel, César Prates, Beto, André Cruz, Rui Jorge, Pedro
Barbosa e Acosta, e reforços experientes como Phil Babb, João Pinto
ou Sá
Pinto. Na
ronda inaugural da fase de grupos, a equipa de Augusto Inácio tinha
empatado em casa com o Real Madrid (2-2).
O primeiro duelo entre o
Leverkusen
e o Sporting ocorreu a 20 de setembro de 2000, na BayArena. E até
começou da melhor forma para os leões, com um golo de canto direto
de André Cruz aos 12 minutos. Nunca me tinha ocorrido até então
que era possível marcar um golo diretamente através de um pontapé
de canto, ainda que o guarda-redes Zuberbühler tivesse colaborado.
A vantagem leonina durou
até aos 65 minutos, numa altura em que a formação portuguesa já
jogava reduzida a dez homens, devido à expulsão de João Pinto por
acumulação de amarelos. Coube a Ramelow, médio que haveria de
passar 12 anos no Bayer
Leverkusen, empatar a partida, empurrando a bola para a baliza ao
segundo poste na sequência de um cruzamento de Brdarić, entrado ao
intervalo, pela esquerda.
A partir daí, foi o
descalabro. Oito minutos depois, os papéis inverteram-se: Ramelow na
assistência, com um passe longo para as costas dos centrais
sportinguistas, Brdarić no golo, com um toque de classe a fazer a
bola passar por cima de Schmeichel. E aos 77', Neuville rematou de
primeira para o 3-1, na resposta a um cruzamento largo de Ballack na
esquerda.
Pouco depois, Ricardo
Sá Pinto reduziu, na conversão de uma grande penalidade a
castigar falta de Nowotny sobre Mbo Mpenza (79').
“Domados. Dois golos
foram insuficientes para o Sporting pontuar na Alemanha. Embora em
vantagem a partir dos 12 minutos, a formação portuguesa não
conseguiu segurar o resultado e a expulsão prematura de João Pinto
veio agravar uma situação que já não era famosa”, resumiu o
Diário de Notícias no dia seguinte.
Quando se defrontaram
pela segunda vez, em Alvalade, na última jornada da fase de grupos,
as duas equipas já conheciam o seu destino na prova: o Sporting ia
dizer adeus à Europa, o Bayer
Leverkusen ia prosseguir a campanha europeia na Taça
UEFA.
Num encontro só para
cumprir calendário, registou-se um entediante empate a zero perante
oito mil espetadores na noite fria de 7 de novembro. “O leão disse
adeus e saiu pela porta do cavalo. A verdade é única e tem ponto
final: ninguém gosta de despedidas. Sobretudo se elas são longas e
dolorosas, como é hábito serem as despedidas neste país em que
desde o colo os meninos aprendem a dizer adeus. Por isso
compreende-se a relutância que os adeptos do Sporting tiveram em
deslocar-se a Alvalade neste adeus à Liga
dos Campeões, compreende-se até a relutância com que os
jogadores verde-e-brancos subiram ao relvado para cumprir a última
etapa de um calendário que lhes prometia, a princípio, o sonho
glorioso das vitórias e dos milhões e lhes reservou, no final, a
amargura das derrotas e o sabor ácido das frustrações”, escreveu
o jornal O Jogo.
Sete anos depois, o Bayer
Leverkusen voltou a defrontar uma equipa portuguesa, a União de
Leiria, na primeira ronda da Taça
UEFA. Ainda com Bernd Schneider e Gresko (embora este tenha
representado Inter de Milão, Parma, Blackburn e Nuremberga pelo
meio) na equipa, os farmacêuticos venceram por 3-1 na Alemanha, com
dois golos de Stefan Kiessling e um de Simon Rolfes contra um de João
Paulo; e perderam por 3-2 em Leiria, com um golo de Michal
Papadopoulos e outro Stefan Kiessling, enquanto Cadu, João Paulo e
Laranjeiro marcaram para os leirienses. Curiosamente, Toñito, que em
2000-01 defrontou o Leverkusen
pelo Sporting, atuou pela União de Leiria nessa eliminatória de
2007-08.
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