terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A minha primeira memória de... um jogo entre os Vitórias de Setúbal e de Guimarães

Sadino Pedro Oliveira e vimaranense Vítor Moreno em lance dividido
Embora já acompanhasse o fenómeno futebolístico há cerca de seis anos, o primeiro jogo entre os dois Vitórias de que tenho memória remonta a 23 de março de 2006. O de Setúbal recebia no Bonfim o de Guimarães em partida das meias-finais da Taça de Portugal, que valia não só o bilhete para o Jamor como a presença na Taça UEFA da época seguinte.


Os sadinos eram os detentores do troféu e ocupavam um tranquilo sétimo lugar na I Liga, mas nem tudo eram rosas a formação orientada por Hélio Sousa, que viu esse jogo da bancada devido a castigo. Os setubalenses viviam uma crise financeira e eram notícia recorrente por salários em atraso. Da equipa que tinha vencido a Taça na época anterior, tinham saído Moretto (Benfica), Éder (U. Leiria), Hugo Alcântara (Académica), Jorginho (FC Porto), Meyong (Belenenses), só para citar habituais titulares, e já nessa temporada tinham deixado o Bonfim os recém-contratados Tchomogo (Baniyas), Dembélé (Standard Liège) e José Fonte (Benfica).

Do outro lado estava um Vitória de Guimarães comandado por Vítor Pontes e que tinha vencido os dois jogos frente ao Vitória de Setúbal para o campeonato: 1-0 no Bonfim e 4-0 no Minho. Os vimaranenses tinham indiscutivelmente jogadores de grande qualidade, entre os quais o guarda-redes brasileiro Nilson, que permaneceu sete épocas no D. Afonso Henriques; o central Geromel, que haveria de se tornar internacional brasileiro; o ex-lateral esquerdo sportinguista Paíto; o central/médio defensivo Cléber, na sexta época no clube; o médio ofensivo internacional português Neca; o médio ofensivo internacional tunisino Selim Benachour; o médio ofensivo brasileiro Wesley, que vinha de duas grandes temporadas ao serviço do Penafiel; o avançado internacional polaco Marek Saganowski; o ex-avançado do Belenenses e internacional gabonês Henri Antchouet; e o ex-goleador da Académica e internacional moçambicano Dário. Porém, essa equipa ocupava os últimos lugares da tabela classificativa e acabou por descer de divisão. Diria mesmo que aquele plantel terá sido um dos melhores de sempre a ser despromovido em Portugal.

O jogo entre os dois Vitórias foi equilibrado de início ao fim. Não só no final dos 90 minutos como ao intervalo do prolongamento registava-se um nulo no marcador. Porém, os golos apareceram na segunda parte do tempo extra. Saganowski abriu o ativo para os de Guimarães aos 110 minutos, de cabeça, na resposta a um livre lateral de Paulo Sérgio. No entanto, os de Setúbal empataram praticamente no último suspiro, com Auri a atirar para o fundo das redes uma bola perdida na área vimaranense (119').

Depois de uma igualdade no final dos 120 minutos, seguiu-se um emocionante desempate por penáltis no qual brilhou o recém-contratado guarda-redes dos sadinos, o brasileiro Rubinho, recrutado ao Corinthians. Esse desempate constitui mesmo a minha principal memória deste jogo e foi vencido por 3-2 pelos verde e brancos, depois de Rubinho ter defendido a grande penalidade decisiva, apontada por Paulo Sérgio.

“Parecia um filme já visto. O confronto entre Setúbal e Guimarães foi uma fotocópia quase fiel do que se passou na outra meia-final no Dragão [na qual o FC Porto eliminou o Sporting nos penáltis]. A única diferença: as grandes penalidades que foram falhadas (cinco no total) até se encontrar o adversário do FC Porto. O Vitória de Setúbal, que foi mais certeiro na roleta, vai ao Jamor defender o troféu conquistado na época passada frente ao Benfica. Ao Guimarães, que há 18 anos não consegue chegar ao jogo decisivo da Taça, resta-lhe agora lutar pela permanência na Liga”, escreveu o Diário de Notícias no dia seguinte.




























2 comentários:

  1. eu ja via estes vitorias e nao me lembro de alguns jogadores vendo estas fichas por exemplo no vitoria de setubal nao me lembro de dembele , pedro oliveira e adalto e no vitoria de guimaraes nao me lembro do victor moreno .
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    1. O Dembelé é hoje adjunto do Sérgio Conceição no FC Porto. Lembro-me que, quando foi apresentado no Vitória, o então presidente Chumbita Nunes disse qualquer coisa como "espero que seja tão bom como o Makelelé", devido às semelhanças do nome e de serem ambos médios defensivos.

      O Pedro Oliveira era uma espécie de promessa adiada. Era uma presença habitual nas seleções jovens, incluindo a de sub-21, e pertenceu aos quadros do FC Porto, mas andou de empréstimo em empréstimo e nunca se afirmou. O mais perto que esteve de se afirmar foi precisamente em Setúbal, mas só na segunda época, depois de vários jogadores da posições mais ofensivas terem deixado o clube.

      O Adalto era um lateral um pouco... gordinho. Lembro-me de reparar nisso, porque na altura falava-se muito em salários em atraso.

      O Vítor Moreno lembro-me dele ainda no Barreirense. Se não estou em erro, foi um extremo convertido em lateral e médio. Fez boas épocas no Estrela da Amadora.

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