terça-feira, 29 de outubro de 2019

Jacinto João partiu há 20 anos. “Quem não viu, não sabe o que perdeu”

JJ é considerado por muitos o melhor de sempre a jogar pelo Vitória
Foi a 29 de outubro de 2004 que Setúbal acordou mais triste e mais pobre, com a notícia da morte de Jacinto João, vítima de ataque cardíaco. Considerado por muitos como o melhor jogador a ter vestido a camisola do Vitória, o eterno JJ tornou-se uma figura imortal no universo verde e branco pelos seus memoráveis desempenhos ao serviço do clube entre as épocas 1965/66 a 1974/75 e 1976/77 a 1978/79.



“Quem o viu jogar não esquece. Quem não viu não sabe o que perdeu”. A frase remonta a janeiro de 2004, é da autoria do jornalista Fernando Gouveia e hoje está inscrita por baixo da estátua que imortalizou Jacinto João, por ser a descrição ideal do malogrado extremo-esquerdo vitoriano.

Por ser a estrela da companhia, ganhou a alcunha de ‘O cobra’. “Ele era o cobra, no meio de nós, que éramos os minhocas. É uma frase que vem dos nossos irmãos brasileiros, atribuída a alguém que se destaca”, lembrou há o antigo companheiro Fernando Tomé, cuja estreia na equipa principal coincidiu com a do “Jota”, ao jornal O Setubalense em 2016.

“Ele fazia coisas impressionantes, mirabolantes, que ficavam na retina. Nos treinos e em alguns jogos, ele driblava o adversário, parava e voltava a driblar. O mister Fernando Vaz entrava em paranoia com ele”, recordou a glória sadina.

Em outubro de 1968, numa deslocação ao terreno do Linfield (Irlanda do Norte), para a Taça UEFA, a exibição de Jacinto João foi tão portentosa que no final os adversários queriam ficar com a camisola 11 dos sadinos. E naquela altura só havia uma camisola e não se podia dar.

Cerca de dois anos depois, na célebre Mini Copa do Mundo, na Venezuela, um jornal daquele país publicou uma fotografia do jogador e a ela associou-lhe o título “O espetáculo da noite”, para narrar o desempenho de JJ numa partida frente ao Santos.

Estátua de Jacinto João na Praça Vitória Futebol Clube, junto ao Bonfim
Reconhecidamente um dos extremos mais difíceis de marcar por alguns dos melhores laterais da altura, como Malta da Silva (Benfica) e Artur Correia (Académica, Benfica e Sporting), ‘o cobra’ deu a Taça de Portugal de 1966/67 ao Vitória ao minuto 144, dois anos após ter sido recrutado ao FC Luanda.


Teve ainda passagens pelos brasileiros da Portuguesa dos Desportos e já na reta final da carreira pelo Fafe e pelo Caldas. Pelo meio, foi internacional português em 10 ocasiões, tendo apontado dois golos, à Roménia, na estreia, e à Dinamarca.

Depois de pendurar as botas, continuou ligado aos sadinos. Foi treinador na formação, técnico de guarda-redes na equipa sénior e, na fase final da sua vida, foi uma espécie de embaixador dos setubalenses. Quando morreu, tinha apenas 60 anos. Cidadão Honorário de Setúbal, tem uma rua com o seu nome no concelho, na zona de Padeiras. 


Poema do setubalense João Paixão

























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