segunda-feira, 28 de outubro de 2019

O ouro está no lado do chinês

Chico Chen soma 13 jogos oficiais pelo Cova da Piedade
Se os adeptos do Benfica estão descontentes pelo que entendem ser a aposta forçada em jovens jogadores da formação na Liga dos Campeões, o que dirão os sócios e simpatizantes do adversário que encarnados eliminaram na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, o Cova da Piedade?


No clube que milita na II Liga, o projeto da administrição (chinesa) da SAD passa pela valorização de jogadores chineses com o objetivo de os transferir para o super inflacionado mercado chinês. Se tivermos em conta que cada clube da Superliga Chinesa apenas pode ter quatro estrangeiros no plantel e apenas três em campo em simultâneo e que há escassez de futebolistas daquele país com experiência em ligas profissionais da Europa, o modelo de negócio parece bem delineado e exequível.

O problema é que os jogadores em causa não têm um nível mínimo de qualidade para disputar o segundo escalão do futebol português e comprometem todo o rendimento desportivo da equipa, que tem sentido sempre muitas dificuldades para se manter na II Liga apesar de contar com alguns nomes sonantes no plantel.

Embora tenha apontado apenas um golo – e num jogo da Taça de Portugal frente a uma equipa dos distritais – em 44 jogos pelos piedenses desde 2016-17, a utilização do avançado Yuhao Liu parece um mal menor quando comprada com a presença de compatriotas no setor defensivo.

Ainda bem recentemente presenciei a confrangedora exibição de Chico Chen como lateral esquerdo frente ao Farense. Mas não foi caso virgem. Além de debilidades técnicas impróprias para um futebolista profissional em Portugal, fez denotar uma grande falta de noção tática, completamente à nora em relação aos terrenos que deve pisar nos vários momentos do jogo e à coordenação com a restante linha defensiva e na reação às bolas nas costas.

Se por um lado os leões de Faro foram astutos a perceber onde estava o ouro e canalizaram grande parte dos ataques pelo seu corredor direito, os companheiros de Chico Chen desdobravam-se entre várias funções para assegurar uma cobertura reforçada ao canhoto chinês que Jorge Casquilha – ou a admnistração da SAD... - fez questão de manter em campo durante os 90 minutos e evidenciaram um claro receio de lhe passar a bola.

Não estando por dentro daquele balneário, dá para imaginar os sentimentos que invadem jogadores habituados ao mais alto nível como Sami e Edinho ou jovens que procuram despontar e progredir na carreira como Lima Pereira, Yan Victor, Gustavo Costa ou Vitinho.

Além de meter em causa a posição do Cova da Piedade na tabela classificativa no final da época, esta situação pode mesmo ser considerada como uma ameaça à integridade da competição e à verdade desportiva e que até mexe com a questão das casas de apostas. Isto porque nenhum jogador chinês foi utilizado em qualquer jogo da temporada passada entre a 17.ª e a 33.ª jornada, ou seja, quando a formação do concelho de Almada estava aflita na classificação.
















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