quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Os 10 clássicos mais marcantes entre Palmeiras e São Paulo

Lance de um jogo entre São Paulo e Palmeiras em abril de 2002 
Rivais desde a década de 1930, Palmeiras e São Paulo promoveram já quase três centenas de clássicos marcados por futebol bonito, mas também por quezílias, o que levou a que o jornalista Tomaz Mazzoni, de A Gazeta Esportiva, apelidasse o dérbi de Choque-Rei.


Um dos pontos mais altos da rivalidade surgiu, porém, longe dos estádios. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Palmeiras ainda se chamava Palestra Itália, e Itália era precisamente um dos países do Eixo (juntamente com Alemanha e Japão), aos quais o então presidente brasileiro Getúlio Vargas declarou guerra. O Palestra Itália foi obrigado a mudar de nome e, segundo alguns relatos, dirigentes do São Paulo foram dos que mais pressionaram as autoridades nacionais para que o rival mudasse de nome.

Entre os muitos jogos, destacam-se os quatro que contaram com a presença de mais de 100 mil pessoas no Estádio do Morumbi e disputas diretas de títulos no Campeonato Paulista e até por uma vez no Campeonato Brasileiro, mas também eliminatórias renhidas na Copa do Brasil e na Libertadores. Veja aqui a nossa seleção de dez encontros mais marcantes entre Palmeiras e São Paulo, por ordem cronológica.


26 de março de 1939 – Campeonato Paulista (8.ª jornada)
O São Paulo foi fundado em 1930, interrompeu a atividade em 1935 e regressou ao ativo em dezembro desse mesmo ano. Desde esse ressurgimento que o tricolor não vencia o Palestra Itália, mas cinco jogos depois, esse tabu foi quebrado em forma de goleada, ainda hoje a mais expressiva nos confrontos entre os dois rivais. 
Armandinho (3), Elyseo, Paulo e Araken foram os autores dos golos nesse clássico disputado no antigo campo são-paulino da Antárctica Paulista, o Estádio Antônio Alonso, na Rua da Mooca.

Lance do jogo da maior goleada do Choque-Rei


17 de setembro de 1944 – Campeonato Paulista (18.ª jornada)
Como já começava a ser hábito nesta altura, os dois rivais chegavam bastante próximos um do outro à reta final do Campeonato Paulista. Os são-paulinos procuravam repetir o título do ano anterior, enquanto o verdão queria chegar à décima conquista.
Para este jogo os palmeirenses debatiam-se com a ausência de Dacunto, uma das estrelas da equipa, mas que ficou a cumprir suspensão, suspensão essa que terá sido obra da influência do São Paulo junto da Federação Paulista.
Porém, dentro de campo o Palmeiras venceu por 3-1 – golos de Caxambu (dois) e Villadoniga para o verdão e de Pardal para o tricolor - e os torcedores fizeram a festas nas ruas da cidade, carregando um caixão tricolor e cantando em coro: “Com Dacunto ou sem Dacunto, o São Paulo é um defunto!”.

Recorte de um jornal a dar a notícia da vitória palmeirense


28 de janeiro de 1951 – Campeonato Paulista (22.ª jornada)
Clássico que ficou conhecido por “O Jogo da Lama”. O São Paulo era bicampeão e liderava o campeonato, mas na penúltima jornada foi ultrapassado pelo Palmeiras antes de as duas equipas se defrontarem na derradeira ronda, com o empate a servir para o verdão conquistar o título.
Nesse dia, São Paulo foi palco de uma forte tempestade que deixou o relvado do Pacaembu num lamaçal. Ainda assim, o tricolor não demorou muito tempo a adaptar-se, abrindo o ativo logo aos quatro minutos, por Teixeirinha. O são-paulinos estiveram mesmo muito perto do segundo golo ainda na primeira parte, mas esbarraram numa exibição fantástica do guarda-redes Oberdan Cattani.
No segundo tempo, após uma dura de Jair da Rosa Pinto, o Palmeiras reagiu e chegou mesmo ao empate, por Aquiles, e garantiu o título, apesar do estado impraticável do relvado.

Jogadores do Palmeiras perfilados com as faixas de campeão


27 de junho de 1971 – Campeonato Paulista (22.ª jornada)
Mais um título que se decidiu na última jornada, para a qual o São Paulo partiu com um ponto de vantagem. Logo aos cinco minutos, Toninho Guerreiro inaugurou o marcador para os são-paulinos, mas daí em diante só deu Palmeiras.
A meio da segunda parte, Leivinha apontou um golo que não foi validado pelo árbitro Armando marques, que entendeu que o futebolista palmeirense jogou a bola com a mão. Porém, as imagens televisivas comprovam que o golo foi com a cabeça, embora Leivinha tivesse esticado os dois braços.
Frustrados, os jogadores do verdão explodiram quando um funcionário são-paulino errou ao devolver a bola para dentro de campo, deixando-a escapar para dentro de campo. Aí, os atletas do Palmeiras correram atrás do funcionário com o intuito de o agredir, mas ninguém o apanhou e Eurico e Fedato acabaram expulsos.



3 de setembro de 1972 – Campeonato Paulista (22.ª jornada)
Mais uma última jornada escaldante, com os dois rivais a defrontarem-se na última jornada no jogo que decidia o título. As duas equipas entraram invictas e separadas por um ponto para a derradeira ronda, com vantagem para o verdão, e assim continuaram.
No Pacaembu, os dois rivais não foram além de um empate a zero que serviu aos palmeirenses e deixou os são-paulinos em lágrimas, até porque o extremo Paulo atirou uma bola à trave, na melhor oportunidade do tricolor.
Nos festejos do título, os jogadores do Palmeiras deram uma volta olímpica ao estádio, numa altura em que se comemorava o 150.º aniversário da Independência do Brasil.



20 de fevereiro de 1974 – Campeonato Brasileiro (última jornada do quadrangular final)
Novo jogo decisivo entre os rivais, desta vez a valer a edição de 1973 do Brasileirão, embora o jogo já se tivesse disputado em 1974. Depois de terem vencido os respetivos grupos da 2.ª fase, os dois rivais entraram na última jornada separados por dois pontos, com vantagem para o verdão.
O São Paulo precisava de vencer no Morumbi, mas não foi além de um empate a zero, que serviu as pretensões do Palmeiras, que então se sagrou bicampeão brasileiro, naquela que foi a única decisão nacional entre as duas equipas.        

Clássico de 1974 terminou sem golos mas teve muita história


16 de março de 1985 – Campeonato Brasileiro (13.ª jornada da 1.ª fase)
Nem foram só os clássicos decisivos que ficaram para a história, também os que ficaram marcados por grandes espetáculos, mesmo que pouco ou nada tivessem contado para a decisão de um título. No Brasileirão de 1985, São Paulo e Palmeiras andaram afastados dos lugares cimeiros, mas nem por isso deixaram de ter jogadores de grande qualidade.
Os são-paulinos abriram o ativo no Pacaembu aos 11 minutos, por Pita. O verdão empatou por Jorginho Putinatti (40’), mas Müller devolveu a vantagem ao tricolor ainda antes do intervalo (45’) e Careca aumentou para 3-1 logo no início do segundo tempo (48’). Os palmeirenses chegaram ao empate através de um bis de Mendonça (62’ e 65’), mas Oscar voltou a colocar a equipa da casa na frente (73’). Careca desperdiçou uma grande oportunidade para fazer o 5-3, porém, quando a torcida do Palmeiras já se preparava para ir embora, o lateral Ditinho empatou nos minutos finais (90’) e colocou o resultado em 4-4.



4 de dezembro de 1993 – Campeonato Brasileiro (Quadrangular semifinal)
O São Paulo vinha de uma fase hegemónica, coroada com a conquista de cinco campeonatos paulistas e dois brasileiros entre 1985 e 1992. O Palmeiras, por seu lado, tinha passado a década de 1980 em branco, mas apresentava-se revigorado com a chegada da Parmalat como cogestora dos destinos do clube.
À entrada para o penúltimo jogo do Palmeiras e último do São Paulo no quadrangular semifinal, o tricolor tinha dois pontos de vantagem e podia carimbar o acesso à final em caso de vitória, mas foi derrotado em pleno Morumbi, com dois golos nos derradeiros 25 minutos da segunda parte. Edmundo fez o primeiro aos 68 minutos, mas foi o segundo, de César Sampaio, que deu que falar: o volante começou a conduzir a bola ainda no seu meio-campo, foi deixando adversários para trás, tirou o guarda-redes do caminho e atirou para a baliza deserta (84’).
Depois desse encontro, o Palmeiras assegurou o apuramento para a final após um empate em casa com o Remo (0-0) e bateu o Vitória a duas mãos para conquistar o título brasileiro, que lhe fugia há 20 anos.



30 de outubro de 1994 – Campeonato Brasileiro (1.ª jornada da 2.ª fase)
Nem só de jogos decisivos nem de excelentes espetáculos de futebol é feito o Choque-Rei. Quando São Paulo e Palmeiras se defrontaram no arranque da 2.ª fase do Brasileirão em 1994, pouco estava ainda em jogo, mas nem por isso os nervos deixaram de estar à flor da pele.
Ao minuto 88, registava-se um empate a dois golos no Morumbi – Müller (59’) e Cafu (69’) marcaram para os são-paulinos e Edmundo bisou para os palmeirenses (39’ e 82’) – quando, após ter visto um cartão amarelo, Edmundo deu um tapa em Juninho Paulista, num incidente que motivou a expulsão dos dois. Após ter visto o vermelho, Edmundo agrediu André Luiz, o que desencadeou uma autêntica batalha campal, com troca de agressões entre os jogadores das duas equipas.
“Juninho para mim é um meio-homem. Para brigar com ele, eu só preciso de chamar o meu sobrinho”, disse Edmundo após o encontro, sobre o adversário que media 1,67 m e que alegadamente lhe terá cuspido. “Ele não é super-homem”, respondeu Juninho, sobre o avançado que media mais dez centímetros.
Vários meses depois, a 31 de maio de 1995, Edmundo e Juninho Paulista reencontraram-se ao serviço da seleção brasileira.



4 de maio de 2006 – Libertadores (2.ª mão dos oitavos de final)
Pela quarta vez, os dois rivais mediram forças na Libertadores. E pela quarta vez, o São Paulo levou a melhor.
Na primeira-mão, no Parque Antárctica, houve empate a um golo – Aloísio marcou para o tricolor (23’), Edmundo de grande penalidade para o verdão (39’).
No segundo jogo, no Morumbi, os são-paulinos voltaram a marcar primeiro, mais uma vez por Aloísio (13’), mas Washington empatou antes da hora de jogo (58’). O Palmeiras dispôs de uma oportunidade para virar a eliminatória, numa jogada de contra-ataque, mas o defesa tricolor Leandro matou o lance com uma falta e foi expulso. Apesar de estar a jogar com menos um, o São Paulo chegou ao 2-1 através de uma grande penalidade convertida pelo guarda-redes Rogério Ceni e confirmou a tradição de eliminar o rival na maior prova de clubes da América do Sul.
Ainda antes do apito final, os jogadores envolveram-se numa briga e os palmeirenses Thiago Gomes, Marcinho Guerreiro e Paulo Baier acabaram expulsos.


















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