Autor do golo inaugural, Alex Apolinário, em luta com Miguel Luís |
A crise do Sporting não tem fim à vista e terá atingido nesta quinta-feira o ponto mais alto com a eliminação na Taça de Portugal aos pés do Alverca, equipa que milita no Campeonato de Portugal. Os treinadores mudam e os jogadores também, mas quando se esperava que os leões apresentassem um futebol já à imagem de Silas, eis uma derrota humilhante frente a um conjunto do terceiro escalão do futebol português, algo que já não se via há 70 anos, quando os verde e brancos foram eliminados pelo Tirsense.
E caíram logo num palco maldito e frente a um adversário que lhes causou dissabores por volta da viragem do milénio. Naquele que foi o 14.º confronto entre as duas equipas, o Sporting sofreu a quinta derrota, numa contabilidade em que também entram três empates. Por outras palavras, foram mais os jogos em que o emblema de Alvalade não venceu (oito) do que aqueles em que ganhou (seis). E, ao oitavo jogo na casa do Alverca, averbou a quarta derrota. Derrota é precisamente o que o emblema que outrora foi presidido por Luís Filipe Vieira não sofre em casa desde dezembro do ano passado.
Os ribatejanos cedo mostraram ao que vinham, a pressionar alto e a procurar objetividade com bola. Mas quando o Sporting respondeu com remates perigosos de Luiz Phellype e Borja, ainda na fase inicial da partida, estava-se longe de imaginar um desfecho destes. Um desfecho que começou a ser construído aos dez minutos, quando o médio ofensivo brasileiro Alex Apolinário encheu o pé esquerdo e rematou forte de fora da área para o fundo das redes da baliza à guarda do jovem Luís Maximiano.
Os homens de Silas foram incapazes de reagir à desvantagem: apresentaram um futebol lento e dificuldade em sair da primeira fase de construção, jogar entre linhas e conseguir triangulações à entrada da área adversária. Para piorar, a chuva que caía tornava o relvado mais pesado e a missão mais complicada.
O treinador leonino lançou Bruno Fernandes no arranque da segunda parte, mas o capitão foi incapaz de alterar o rumo dos acontecimentos. Inicialmente até deu a ideia de que poderia acelerar o jogo do (ainda) detentor da Taça de Portugal, mas depois desapareceu.
O que apareceu foi mesmo o segundo golo do Alverca, na sequência de um canto, com Maximiano a descoordenar-se com Tiago Ilori e a permitir que Luan rematasse para a baliza deserta (56').
Silas não perdeu tempo e lançou Acuña e Bolasie de uma assentada, mas os leões foram incapazes de marcar um golo à equipa que - não é de mais repetir - disputa o Campeonato de Portugal, um patamar não profissional. Mais uma vez, Frederico Varandas voltou a ser o alvo da contestação dos adeptos sportinguistas, que pediram novamente a demissão do presidente e dirigiram assobios e insultos aos jogadores.
Leão tomba pela quinta vez
O Sporting foi nesta quinta-feira eliminado pela quinta vez por equipas de divisões inferiores. Só por uma ocasião tinha sido afastado antes por uma formação do terceiro escalão. Aconteceu em 1948-49 e o tomba-gigantes de serviço foi o Tirsense. Os leões então orientados por Cândido de Oliveira e com os violinos Albano e Vasques no onze foram perder no terreno do adversário por 1-2, em partida da 1.ª eliminatória.
O Sporting esteve meio século sem ser eliminado por uma equipa de uma divisão inferior, mas depois foi tombado por três formações da II Liga no espaço de cinco anos. Primeiro, uma derrota em Barcelos diante do Gil Vicente por 2-3, em janeiro de 1999, numa partida da quarta eliminatória em que participou o atual team manager Beto.
Quatro épocas depois, a 8 de março de 2003, de nada valeu à turma então orientada por Laszlo Bölöni os dribles de Cristiano Ronaldo ou a veia goleadora de Mário Jardel. No último encontro no velhinho Estádio José Alvalade para a Taça, o Sporting foi surpreendido pela Naval de Álvaro Magalhães... precisamente o treinador do Gil Vicente em 1998/99. Um golo solitário do avançado francês David Costé valeu o apuramento dos figueirenses para as meias-finais.
Festa ribatejana e desolação de Bruno Fernandes |
Na época seguinte, na estreia do novo Estádio José Alvalade na prova rainha do futebol português, o conjunto então comandado por Fernando Santos caiu em dezembro de 2003 aos pés do Vitória de Setúbal, que beneficiou de um golo madrugador de Orestes (aos sete minutos) para fazer a festa.
No total, os três grandes foram eliminados 14 vezes por equipas de divisões inferiores, tal já não acontecia desde 10 fevereiro de 2007, quando o Benfica orientado por Fernando Santos foi afastado pelo Varzim de Diamantino Miranda (II Liga), que impôs a Rui Costa, Simão, Nuno Gomes e companhia uma derrota por 1-2 na Póvoa. Nesse mesmo ano também se registou a última eliminação de um grande aos pés de uma equipa do terceiro escalão, quando o Atlético (II Divisão B) bateu o FC Porto orientado por Jesualdo Ferreira por 1-0, com um golo de David da Costa.
Robin dos Bosques volta a ser notícia
A festa do golo de Alex Apolinário que deu vantagem ao Alverca |
Ficha de jogo
Jogo no Complexo Desportivo FC Alverca, em Alverca
Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)
Alverca - João Victor; Jorge Bernardo, Ronaldo, André Duarte e André Dias; Luan (Ibraima Só, 60), Andrezinho (João Luiz, 76) e Rafa Castanheira; Flávio Castro, Erik Mendes e Alex Apolinário (Rick Sena, 87).
Treinador: Vasco Matos
Sporting - Luís Maximiano; Rosier, Neto, Ilori e Borja (Acuña, 59); Doumbia, Eduardo (Bruno Fernandes, ao intervalo) e Miguel Luís; Jesé (Bolasie, 59), Vietto e Luiz Phellype.
Treinador: Silas
Marcadores: 1-0, Alex Apolinário, 10 minutos; 2-0, Luan, 56;
Disciplina: Cartão amarelo a Neto (66 minutos), Alex Apolinário (70) e Acuña (75)
Link original: https://www.dn.pt/edicao-do-dia/18-out-2019/sporting-em-alverca-sem-bruno-fernandes-no-onze-11416618.html
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