domingo, 24 de junho de 2018

Falta La Furia a La Roja

Resultado espanhol frente ao Irão foi melhor do que a exibição

Se os adeptos portugueses ficaram preocupados com a exibição diante de Marrocos (1-0), os espanhóis não ficaram mais confiantes depois do desempenho no jogo deles frente ao Irão (1-0). A seleção agora a cargo de Fernando Hierro sentiu bastantes dificuldades para penetrar na defesa iraniana, apenas marcou num lance furtuito e não conseguiu comandar as operações quando se colocou em vantagem, sofrendo para a manter.

O tiki-taka continua a ser a imagem de marca de nuestros hermanos, mas neste Mundial está a primar pela falta de objetividade e intensidade. Iniesta, Isco e David Silva circulam muito a bola e vão fazendo inúmeras permutas posicionais, mas tantas e tantas vezes de forma lenta, pouco fluída e demasiado horizontal. A equipa adversária, se bem posicionada, de certa forma acaba por controlar a partida mesmo sem o esférico.


Frente a Portugal, Hierro lançou quatro médios ofensivos (à frente de Busquets) com características muito idênticas, que apesar da imensa qualidade pouco se complementam. Não se pode dizer que alguém desse quarteto tenha jogado mal ou que tenha falhado na sua função, mas passaram a partida quase sempre a lateralizar, sem que algum deles tentasse acrescentar algo novo.

Diante do Irão, Hierro colocou um extremo puro (Lucas Vázquez) no lugar de um desses centrocampistas (Koke) e ainda lançou um lateral ofensivo (Carvajal) em detrimento de um mais posicional (Nacho), mas continuou a faltar la furia típica de la roja no pré-tiki-taka.

Onze que defrontou Portugal
Ao cabo de duas jornadas, Espanha soma quatro golos marcados, três deles a Portugal e três deles de Diego Costa – somou nove nos últimos 11 encontros pela seleção. Olhando apenas para a frieza dos números, pode facilmente criar-se a ideia errada de que os espanhóis estão bem ofensivamente e têm conseguido canalizar jogo para o seu ponta de lança. Mas se analisarmos os golos de la roja, reparamos que não é bem assim. Não têm sido uma consequência direta do padrão de jogo da equipa. O avançado do Atlético Madrid inventou um golo sozinho no meio dos defesas lusos e apontou os restantes dois à base do seu oportunismo e agressividade, algo bastante individual. O outro tiro certeiro foi da autoria de Nacho, num raro remate de fora da área.

É um facto que alguns jogadores já não têm 20 anos e se encontram a meio gás depois de épocas desgastantes em que jogaram de três em três dias, casos de Jordi Alba, David Silva ou Iniesta, e que a dinâmica coletiva sofre com essa falta de frescura. Mas não deixa de ser verdade que faz falta alguém que agite o futebol da equipa, avance sem medo para um contra um, acrescente velocidade e verticalidade e tenha o remate de meia distância como recurso e chegada à área para acompanhar Diego Costa. Até mesmo a era dourada do tiki-taka contemplava a vertigem de Pedro Rodríguez ou Jesús Navas. Esse homem existe entre os 23 de Espanha, e chama-se Marco Asensio. Era (e ainda é…) uma das minhas apostas para este Mundial: é jovem, irreverente, acrescenta algo diferente e já mostrou que consegue brilhar ao mais alto nível.












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