A despedida de John Cena ou… o dia em que o wrestling me fez chorar
John Cena despediu-se dos ringues da WWE ao fim de 23 anos
Talvez o avanço da idade me tenha
tornado mais sensível. Ou então foi da falta de hábito em ver um combate de
wrestling realmente importante sem spoilers. Mas não contive as lágrimas
após a última luta da carreira de John
Cena.
Não aguentei aquela montanha russa de emoções.
A WWE em geral, mas John
Cena em particular, foi parte integrante dos meus últimos 20 anos. E o
combate com Gunther,
tecnicamente e atleticamente nada de especial, puxou muito pelas emoções.
Porque o austríaco,
após vencer o torneio para determinar o derradeiro adversário de Cena,
tinha prometido fazê-lo desistir, e o combate foi colocando em cima da mesa uma
ampla diversidade de possíveis desfechos: Cena
vencer após um AA com um impacto acima do AA convencional (como
aquele a partir do topo de um dos cantos), a justiça poética de uma eventual
vitória de Cena
via submissão (através do STF ou do próprio Sleeper Hold de Gunther
como Jey
Uso fez na WrestleMania), o triunfo
de Gunther
via submissão ao fazer Cena
desistir – algo que não se via há mais de duas décadas – ou a vitória de Gunther
via submissão ao fazer Cena
desmaiar. Quem está mais habituado ao
cinema e menos ao pro wrestling está também acostumado a finais felizes – e certamente
pensou que a vitória de Cena
seria certa. Mas no cinema, a história fica por ali. No wrestling, a história nunca
acaba. Enquanto Cena
agora vai sair de… cena, a WWE vai continuar com a sua programação. E espera-se
que o emergente e talentoso Gunther
faça parte dessa programação durante muitos e bons anos. Agora, será para sempre
o homem que fez desistir John
Cena, o homem que nunca desistia, no seu último combate.
Existe até uma espécie de regra
não escrita de que as despedidas anunciadas são marcadas por derrotas. Que me
lembre, foi assim com Shawn
Michaels, Ric Flair, Batista,
Kurt
Angle e JBL, entre outros. Obviamente que havia a expetativa
de que com Cena
fosse diferente. Mesmo percebendo a lógica, fiquei chocado e algo desgostoso
por ver aquele final. E emocionei-me precisamente no momento em que CM
Punk e Cody
Rhodes deram os seus cinturões a Cena
para que este os carregasse por breves momentos. Pareceu-me pena, caridade… foi
demasiado e não aguentei.
Instantes depois, voltei a
comover-me, quando Cena
deixou no ringue parte do seu equipamento.
É o fim de uma era. Era essa cujo
início coincidiu precisamente com o boom da WWE em Portugal e o momento
em que me fiz fã de wrestling, em 2005. E também é o fim de uma tournée de
despedida algo ziguezagueante, que alternou entre momentos de grande
brilhantismo, como o fantástico
combate com AJ Styles no Crown Jewel, e outros de grande desapontamento,
como a
sova às mãos de Brock Lesnar no Wrestlepalooza ou as derrotas consecutivas
nos derradeiros combates, sem esquecer o heel turn que nunca ficou bem consolidado
e acabou por ser revertido de forma algo abrupta ao fim de poucos meses.
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