segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

A despedida de John Cena ou… o dia em que o wrestling me fez chorar

John Cena despediu-se dos ringues da WWE ao fim de 23 anos 
Talvez o avanço da idade me tenha tornado mais sensível. Ou então foi da falta de hábito em ver um combate de wrestling realmente importante sem spoilers. Mas não contive as lágrimas após a última luta da carreira de John Cena.
 
 Não aguentei aquela montanha russa de emoções. A WWE em geral, mas John Cena em particular, foi parte integrante dos meus últimos 20 anos. E o combate com Gunther, tecnicamente e atleticamente nada de especial, puxou muito pelas emoções. Porque o austríaco, após vencer o torneio para determinar o derradeiro adversário de Cena, tinha prometido fazê-lo desistir, e o combate foi colocando em cima da mesa uma ampla diversidade de possíveis desfechos: Cena vencer após um AA com um impacto acima do AA convencional (como aquele a partir do topo de um dos cantos), a justiça poética de uma eventual vitória de Cena via submissão (através do STF ou do próprio Sleeper Hold de Gunther como Jey Uso fez na WrestleMania),  o triunfo de Gunther via submissão ao fazer Cena desistir – algo que não se via há mais de duas décadas – ou a vitória de Gunther via submissão ao fazer Cena desmaiar.
 
Quem está mais habituado ao cinema e menos ao pro wrestling está também acostumado a finais felizes – e certamente pensou que a vitória de Cena seria certa. Mas no cinema, a história fica por ali. No wrestling, a história nunca acaba. Enquanto Cena agora vai sair de… cena, a WWE vai continuar com a sua programação. E espera-se que o emergente e talentoso Gunther faça parte dessa programação durante muitos e bons anos. Agora, será para sempre o homem que fez desistir John Cena, o homem que nunca desistia, no seu último combate.
 
 
Existe até uma espécie de regra não escrita de que as despedidas anunciadas são marcadas por derrotas. Que me lembre, foi assim com Shawn Michaels, Ric Flair, Batista, Kurt Angle e JBL, entre outros.
 
Obviamente que havia a expetativa de que com Cena fosse diferente. Mesmo percebendo a lógica, fiquei chocado e algo desgostoso por ver aquele final. E emocionei-me precisamente no momento em que CM Punk e Cody Rhodes deram os seus cinturões a Cena para que este os carregasse por breves momentos. Pareceu-me pena, caridade… foi demasiado e não aguentei.
 
 
Instantes depois, voltei a comover-me, quando Cena deixou no ringue parte do seu equipamento.
 
 
É o fim de uma era. Era essa cujo início coincidiu precisamente com o boom da WWE em Portugal e o momento em que me fiz fã de wrestling, em 2005. E também é o fim de uma tournée de despedida algo ziguezagueante, que alternou entre momentos de grande brilhantismo, como o fantástico combate com AJ Styles no Crown Jewel, e outros de grande desapontamento, como a sova às mãos de Brock Lesnar no Wrestlepalooza ou as derrotas consecutivas nos derradeiros combates, sem esquecer o heel turn que nunca ficou bem consolidado e acabou por ser revertido de forma algo abrupta ao fim de poucos meses.
 
 


 

 
 


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