“Ripa na rapaqueca!”. Quem se lembra de Jorge Perestrelo e das suas míticas expressões?
Jorge Perestrelo morreu a 6 de maio de 2005, aos 56 anos
Foi a 6 de maio de 2005 que a
narração do futebol em Portugal perdeu uma das suas vozes mais vibrantes de
sempre, a de Jorge Perestrelo, uma figura mítica da rádio pela forma emotiva
como relatava os jogos e pelas expressões que introduziu no vocabulário dos
portugueses.
Na véspera da sua morte, havia
feito o seu último relato e narrado o seu último golo. Com a camisola da TSF,
acrescentou ainda mais vibração às celebrações do golo ao cair do pano de Miguel
Garcia em Alkmaar que apurou o Sporting
para a final da Taça
UEFA. “Golo! Gooolo! Gooolo é do Sporting,
é do Sporting,
Eu te amo, te amo Sporting!”,
exclamou.
Nascido em 1948 no Lobito, em
Angola, começou na Rádio Clube do Lobito, tendo depois passado pela Rádio
Clube do Moxico e pela Rádio Comercial de Sá da Bandeira antes de
ter partido para o Brasil na sequência da eclosão da Guerra Civil de Angola, em
1975. Em 1977 chegou a Portugal para se afirmar com o seu estilo muito próprio,
mas também muito popular, em meios de comunicação social como Rádio Clube
Português, Rádio Comercial, Antena 1 e SIC. “Ripa na rapaqueca!”; “Qué qué
isso, ó meu?”; “Até eu com a minha barriguinha marcava!” ou “É disto que o meu
povo gosta” foram algumas das expressões que eternizou. O famoso “Ripa na Rapaqueca” até
nem tinha nada a ver com futebol. Foi um termo com origem no que chamavam à
mistura de “cerveja com gasosa” consumida no bar da rádio: uma Rapaqueca.
Outro dos seus momentos marcantes
foi o relato do jogo entre Portugal
e Inglaterra,
dos quartos de final do Euro 2004.
Depois de Ricardo ter tirado as luvas para defender uma grande penalidade no
desempate por penáltis, o guarda-redes executou o pontapé que apurou para as
meias-finais e aí Jorge Perestrelo gritou “Portugal!
Portugal!
Portugal!”
até a voz lhe falhar.
Foi ainda convidado a oferecer a
sua voz à versão portuguesa de três edições do videojogo FIFA (2004, 2005 e 06),
tendo formado dupla com Hélder Conduto.
Quis o destino que este relatador
que tantas e tantas vezes meteu os portugueses com o coração aos saltos tivesse
morrido na sequência de problemas cardíacos. Já se tinha sentido mal nos Países
Baixos, onde se encontrava em trabalho a acompanhar o Sporting,
tendo chegado a ser assistido pelo médio leonino Gomes Pereira, que o
aconselhou a consultar um especialista quando chegasse a Lisboa para realizar
alguns exames. À chegada a Portugal, deu entrada no Hospital da Cruz Vermelha,
queixando-se de dores no peito, tendo-lhe sido diagnosticadas lesões coronárias
graves, pelo que foi submetido a uma angioplastia, durante a qual sofreu uma
paragem cardíaca irreversível.
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