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Otto Glória guiou Portugal ao 3.º lugar no Mundial 1966 |
Neto de portugueses, mas nascido
no Rio de Janeiro, jogou futebol em clubes como
Vasco
da Gama e
Botafogo,
ao mesmo tempo que estudava Ciência e Direito no ensino superior, mas foi como
treinador que se notabilizou, tendo iniciado essa carreira aos 25 anos.
Começou como técnico das camadas
jovens do
Vasco,
depois passou a ser adjunto de Flávio Costa na equipa principal e em 1951 tornou-se
no técnico principal dos
vascaínos.
Em 1954 entrou no futebol
português pela porta do
Benfica
e teve um impacto enorme no que concerne a métodos de trabalho e táticas, tendo
implementado o 4x2x4 que substituiu o até então predominante WM. Ao leme dos
encarnados
colocou um ponto final da hegemonia do
Sporting,
tendo conquistado dois campeonatos (1954-55 e 1956-57) e três
Taças
de Portugal (1954-55, 1956-57 e 1958-59) durante a sua primeira passagem
pelo clube.
Depois de cinco anos nas
águias,
orientou o
Belenenses
durante quase ano e meio, tendo vencido a
Taça
de Portugal em 1959-60.
Em abril de 1961 mudou-se para o
Sporting,
mas acabou por se demitir em setembro desse ano, em rota de colisão com os
dirigentes. Ainda assim, conduziu os
leões
nos primeiros jogos do campeonato de 1961-62, o que fez dele campeão nacional
nessa época, apesar de ter sido o seu ex-adjunto Juca a orientar a equipa durante
a esmagadora maior parte da temporada. Por altura da sua primeira passagem
pelos
verde
e brancos, proferiu uma célebre frase que ainda hoje é citada no contexto
futebolístico: “Sem ovos não se fazem omeletes.”
Ainda em 1961-62 assumiu o
comando técnico do
Marselha
e conseguiu a promoção ao primeiro escalão francês, tendo depois voltado ao
Brasil para dirigir a
Portuguesa
e novamente o
Vasco.
Nos derradeiros meses de 1963
regressou a Portugal para comandar o
FC
Porto, mas falhou a missão de conquistar títulos, tendo obtido dois
segundos lugares no campeonato e uma presença na final da
Taça
de Portugal.
Em 1965-66 retornou ao
Sporting
para voltar a trabalhar com Juca começar a consolidar a tradição de o
emblema
leonino se sagrar campeão nacional em ano de Mundial.
Por falar em Mundial, foi
precisamente Otto Glória o selecionador que apurou
Portugal
para a sua primeira participação num Campeonato do Mundo, em 1966, e que guiou a
equipa
das quinas a um histórico terceiro lugar, ainda hoje a melhor classificação
de sempre da
seleção
portuguesa no torneio. No início de setembro desse ano foi condecorado com
a Medalha de Prata da Ordem do Infante D. Henrique.
Bastante valorizado, foi
contratado pelo
Atlético
Madrid no verão de 1966, passando a auferir um salário muito superior do
que em
Alvalade
e deixando o
Sporting
uma vez mais agastado com os dirigentes
leoninos.
Porém, o treinador brasileiro
nada ganhou em Espanha e acabou por regressar ao
Benfica
em abril de 1968, a tempo de guiar os
encarnados
à final da
Taça
dos Campeões Europeus desse ano, perdida para o
Manchester
United em
Wembley.
Nesta segunda passagem pelo comando técnico das
águias
venceu dois campeonatos (1967-68 e 1968-69) e outras tantas
Taças
de Portugal (1968-69 e 1969-70). Após ser despedido, em fevereiro de 1970, soltou
outra frase ainda hoje muitas vezes citada no futebol português, ainda que com modificações:
“Quando a equipa ganha o treinador é bestial. Quando perde, o treinador é uma besta.”
Seguiu-se novo regresso ao
Brasil, onde comandou
América
do Rio de Janeiro,
Grêmio,
Portuguesa
(clube pelo qual venceu o campeonato paulista em 1973),
Santos
e
Vasco
da Gama. Também comandou os mexicanos do Monterrey e a
seleção
nigeriana, tendo guiado as
superáguias
à conquista da Taça das Nações Africanas em 1980.
Em 1982 voltou a Portugal para
assumir novamente a
seleção
nacional, tendo iniciado a campanha que levou os patrícios à sua primeira
fase final de um Campeonato da Europa, o de 1984, mas foi despedido após uma goleada
sofrida em Moscovo às mãos da
União
Soviética (0-5), durante a fase de qualificação.
Viria a falecer a 4 de setembro
de 1986, aos 69 anos. O
Vasco
da Gama foi o último clube que orientou, em 1983.
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