quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

O brasileiro campeão por Benfica e Sporting que levou Portugal ao pódio no Mundial 1966. Quem se lembra de Otto Glória?

Otto Glória guiou Portugal ao 3.º lugar no Mundial 1966
Neto de portugueses, mas nascido no Rio de Janeiro, jogou futebol em clubes como Vasco da Gama e Botafogo, ao mesmo tempo que estudava Ciência e Direito no ensino superior, mas foi como treinador que se notabilizou, tendo iniciado essa carreira aos 25 anos.
 
Começou como técnico das camadas jovens do Vasco, depois passou a ser adjunto de Flávio Costa na equipa principal e em 1951 tornou-se no técnico principal dos vascaínos.
 
Em 1954 entrou no futebol português pela porta do Benfica e teve um impacto enorme no que concerne a métodos de trabalho e táticas, tendo implementado o 4x2x4 que substituiu o até então predominante WM. Ao leme dos encarnados colocou um ponto final da hegemonia do Sporting, tendo conquistado dois campeonatos (1954-55 e 1956-57) e três Taças de Portugal (1954-55, 1956-57 e 1958-59) durante a sua primeira passagem pelo clube.
 
Depois de cinco anos nas águias, orientou o Belenenses durante quase ano e meio, tendo vencido a Taça de Portugal em 1959-60.
 
Em abril de 1961 mudou-se para o Sporting, mas acabou por se demitir em setembro desse ano, em rota de colisão com os dirigentes. Ainda assim, conduziu os leões nos primeiros jogos do campeonato de 1961-62, o que fez dele campeão nacional nessa época, apesar de ter sido o seu ex-adjunto Juca a orientar a equipa durante a esmagadora maior parte da temporada. Por altura da sua primeira passagem pelos verde e brancos, proferiu uma célebre frase que ainda hoje é citada no contexto futebolístico: “Sem ovos não se fazem omeletes.”
 
Ainda em 1961-62 assumiu o comando técnico do Marselha e conseguiu a promoção ao primeiro escalão francês, tendo depois voltado ao Brasil para dirigir a Portuguesa e novamente o Vasco.
 
Nos derradeiros meses de 1963 regressou a Portugal para comandar o FC Porto, mas falhou a missão de conquistar títulos, tendo obtido dois segundos lugares no campeonato e uma presença na final da Taça de Portugal.
 
Em 1965-66 retornou ao Sporting para voltar a trabalhar com Juca começar a consolidar a tradição de o emblema leonino se sagrar campeão nacional em ano de Mundial.
 
Por falar em Mundial, foi precisamente Otto Glória o selecionador que apurou Portugal para a sua primeira participação num Campeonato do Mundo, em 1966, e que guiou a equipa das quinas a um histórico terceiro lugar, ainda hoje a melhor classificação de sempre da seleção portuguesa no torneio. No início de setembro desse ano foi condecorado com a Medalha de Prata da Ordem do Infante D. Henrique.
 
Bastante valorizado, foi contratado pelo Atlético Madrid no verão de 1966, passando a auferir um salário muito superior do que em Alvalade e deixando o Sporting uma vez mais agastado com os dirigentes leoninos.
 
Porém, o treinador brasileiro nada ganhou em Espanha e acabou por regressar ao Benfica em abril de 1968, a tempo de guiar os encarnados à final da Taça dos Campeões Europeus desse ano, perdida para o Manchester United em Wembley. Nesta segunda passagem pelo comando técnico das águias venceu dois campeonatos (1967-68 e 1968-69) e outras tantas Taças de Portugal (1968-69 e 1969-70). Após ser despedido, em fevereiro de 1970, soltou outra frase ainda hoje muitas vezes citada no futebol português, ainda que com modificações: “Quando a equipa ganha o treinador é bestial. Quando perde, o treinador é uma besta.”
 
Seguiu-se novo regresso ao Brasil, onde comandou América do Rio de Janeiro, Grêmio, Portuguesa (clube pelo qual venceu o campeonato paulista em 1973), Santos e Vasco da Gama. Também comandou os mexicanos do Monterrey e a seleção nigeriana, tendo guiado as superáguias à conquista da Taça das Nações Africanas em 1980.
 
Em 1982 voltou a Portugal para assumir novamente a seleção nacional, tendo iniciado a campanha que levou os patrícios à sua primeira fase final de um Campeonato da Europa, o de 1984, mas foi despedido após uma goleada sofrida em Moscovo às mãos da União Soviética (0-5), durante a fase de qualificação.
 
Viria a falecer a 4 de setembro de 1986, aos 69 anos. O Vasco da Gama foi o último clube que orientou, em 1983.



 
 
 




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