O mexicano que desiludiu e se sentiu chantageado no Benfica. Quem se lembra de Kikin Fonseca?
Kikin Fonseca marcou três golos em 13 jogos pelo Benfica
Avançado com créditos firmados no
campeonato mexicano e ao serviço da seleção
tricolor, pela qual tinha apontado 20 golos em 33 internacionalizações,
reforçou o Benfica
no verão de 2006, por uma verba a rondar os 3,5 milhões de euros, após ter marcado
a Portugal
num dos quatro jogos que disputou no Mundial da Alemanha e um ano depois de ter
dado nas vistas na Taça das Confederações – faturou diante de Japão
e Alemanha.
Quando o Benfica
está prestes a reforçar-se com um jogador, o alarido é sempre grande e o
assunto rende dias e dias nos jornais. E com Kikin Fonseca, que na altura
alinhava no Cruz Azul, não foi diferente. Anda por cima, tinha um currículo, um
registo de golos bem interessantes e ainda era relativamente jovem (26 anos). O
hype era enorme. No entanto, as coisas não lhe
correram bem em Portugal, numa altura em que tinha como principais concorrentes
Nuno Gomes e Fabrizio Miccoli. Nos primeiros 11 jogos de águia
ao peito, quatro deles na condição de titular, não marcou qualquer golo.
Redimiu-se no 12.º, ao marcar numa vitória caseira sobre o Belenenses
a quatro dias do Natal de 2006, em jogo em atraso da I
Liga; e no 13.º, ao bisar numa goleada na receção ao Oliveira do Bairro, para
a Taça
de Portugal.
E depois? Depois regressou de
forma surpreendente ao seu país, para vestir a camisola do Tigres, precisamente
quando atravessava a sua melhor fase no Benfica,
numa transferência que rendeu cerca de 3,8 milhões de euros aos cofres
encarnados. A verdade, ou pelo menos a versão de Kikin, veio ao de cima em julho
de 2015, numa entrevista que concedeu ao jornal O Jogo: “Veio o José
Veiga ao México buscar-me e, no início, eu nem entendia porque não jogava.
Deram-me pouco tempo e, mesmo assim, ainda marquei uns golos. Depois
apareceu-me um representante croata (Zdenko Ilicic), a dizer que conhecia o
treinador da altura, Fernando Santos. E disse-me ele: ‘Vais ser prejudicado se
não me deres 300 mil euros'. Disse-lhe: 'Repara uma coisa: o José Veiga é que
foi ao México buscar-me!' Disseram-me que foram eles (Ilicic e um sócio) que me
levaram para o Benfica.
Logo, queriam 300 mil euros.” “Não sei se o José Veiga tinha
algo a ver ou estava feito com eles, o que sabia é que não jogava. Fui ter com
o Fernando Santos e disse-lhe: 'Ó Fernando, veio ter comigo um indivíduo a
dizer que eu ou lhe dou 300 mil euros, ou tu vais prejudicar-me'. Ele
respondeu-me que não se metia em nada destas coisas. Mas não só eu não jogava
como depois até começaram a desgastar-me; metiam-me a treinar sozinho à tarde,
quando a equipa treinava de manhã, por exemplo. Depois já diziam que me queriam
transferir para o Hamburgo.
Mas senti que algo corrupto se passava. Quase me pediram dinheiro para jogar”,
acrescentou.
A verdade é que Kikin Fonseca não
voltou a ser o mesmo. Até ao final da carreira, o melhor que conseguiu numa
época foi sete golos pelo Tigres na segunda metade de 2006-07. Continuou a
figurar nas convocatórias da seleção
mexicana até ao final de 2008, tendo inclusivamente participado na Gold Cup
2007, mas somou a última internacionalização aos 29 anos. Despediu-se dos relvados em 2014,
aos 34 anos, com dois campeonatos mexicanos (clausura e apertura em 2004) e um
troféu Campeón de Campeones (2004) pelo UNAM e uma Superliga Norte-Americana
(2009) pelo Tigres.
Atualmente é comentador de
futebol no canal mexicano Televisa Deportes Network.
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