sexta-feira, 3 de maio de 2024

“Só três pessoas conseguiram calar o Maracanã com 200 mil pessoas lá dentro: Papa, Sinatra e eu”. Recorde o Maracanazo

Ghiggia foi herói do Uruguai e carrasco do Brasil no Mundial 1950
O Brasil é o recordista de títulos mundiais, cinco, mas teve de esperar até ao sexto Campeonato do Mundo, em 1958, para levantar pela primeira vez a taça. Antes disso passou inclusivamente pela humilhação de organizar o torneio e perder o jogo decisivo quando nada o fazia prever, 54 anos antes de Charisteas e a Grécia terem feito os portugueses vivenciarem um sentimento semelhante.
 
Em 1950, o Mundial não teve final. Em vez disso, foi decidido num minitorneio quadrangular. Nos dois primeiros jogos, o Brasil goleou a Suécia (7-1) e a Espanha (6-1). No derradeiro encontro, no Maracanã, um empate diante do Uruguai bastava para assegurar a conquista do troféu, ao passo que o rival sul-americano estava obrigado a ganhar, o que levou cerca de 200 mil pessoas a encher o recinto carioca.
 
O escrete até começou melhor, colocando-se em vantagem no início da segunda parte, por intermédio de Friaça (47’). Porém, Schiaffino empatou a meio do segundo tempo (66’) e Alcides Ghiggia assinou o golo da reviravolta para a seleção celeste a cerca de dez minutos do fim (79’).
 
 
Esse golo de Ghiggia colocou o Brasil em depressão. Estava feito o “Maracanazo”. “A nossa Hiroshima”, exagerou o jornalista e escritor brasileiro Nélson Rodrigues. “A maior derrota de sempre”, escreveu o antigo avançado, treinador e dirigente argentino Jorge Valdano.
 
“Só três pessoas conseguiram calar o Maracanã com 200 mil pessoas lá dentro: o Papa João Paulo II, o Frank Sinatra e eu”, exaltou o extremo direito uruguaio que ao longo da sua carreira representou clubes como Peñarol, AS Roma e AC Milan.
 
 
Do outro lado da história ficou o guarda-redes brasileiro Moacir Barbosa, que deixou passar a bola entre ele e o poste. Nunca mais teve paz e viveu condenado a um castigo eterno sem julgamento, completamente marginalizado e escondido até morrer numa cidade do interior onde vivia em reclusão com a filha adotiva. Foi inclusivamente impedido de entrar na concentração da seleção para o Mundial 1994, para não atrair o azar. Antes, os responsáveis do Maracanã mandaram entregar-lhe em casa os ferros da baliza dos golos uruguaios, para que ele nunca esquecesse aquele jogo. “No Brasil a pena maior por um crime são 30 anos. Eu pago há 43 por um crime que não cometi”, afirmou um dia.
 
 


 

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