Nem com Ronaldo a seleção nacional venceu em Vaduz |
Só comecei a ver futebol em
meados de 2000, pelo que não vivi as goleadas de Portugal ao Liechtenstein por
8-0 (1994 e 1999), 7-0 (1995) e 5-0 (1999), mas tinha conhecimento desses
resultados quando as duas seleções se defrontaram a 9 de outubro de 2004, pouco
depois do Campeonato da Europa em solo lusitano no qual a equipa das quinas
orientada por Luiz Felipe Scolari foi finalista vencida.
Não vou estar aqui com rodeios.
Todos esperavam uma goleada portuguesa à moda antiga frente à seleção do
principado de língua alemã situado entre a Áustria e a Suíça, maioritariamente
composta por amadores, na partida de Vaduz. O guarda-redes Peter Jehle
(suplente dos suíços do Grasshoppers e então futuro guardião do Boavista)
e o médio ofensivo Mario Frick (do Ternara, da Série B de Itália) eram talvez
os jogadores com mais estatuto.
A verdade é que as coisas até
começaram a correr bem a Portugal. Aos 23 minutos, Pauleta rematou para o fundo
das redes, através de um golpe de kung fu, uma bola cruzada por Cristiano
Ronaldo a partir da esquerda e posteriormente desviada por um defesa. Aos
39’, o capitão do Liechtenstein, Daniel Hasler, marcou na própria baliza ao
tentar desviar um cruzamento de Simão a partir da direita.
A vitória parecia já assegurada.
Talvez por isso, Scolari trocou Costinha por Tiago ao intervalo, talvez a
pensar já na receção à Rússia quatro dias depois.
No entanto, a seleção do
principado com pouco mais de 30 mil habitantes acabou por reduzir a desvantagem
no começo da segunda parte, por intermédio de Franz Burgmeier, um médio
esquerdo que representava o FC Vaduz e que viria a jogar pelos suíços do
Basileia alguns anos depois, que aproveitou um corte incompleto de Paulo Ferreira
para se isolar e bater Ricardo 48’). E, a um quarto hora do fim, o avançado Thomas
Beck (dos suíços do FC Chiasso) apontou um livre à entrada do meio-campo
português, à procura de um desvio, mas a verdade é que a bola não tocou em
ninguém e acabou por entrar diretamente na baliza lusa, com Ricardo a ficar
muito mal na fotografia.
“Portugal empatou este sábado com
o Liechtenstein, por 2-2, e desperdiçou de forma vergonhosa a possibilidade de
vencer frente a uma equipa formada por jogadores amadores e de manter o magro
ponto de diferença para a Eslováquia, líder do Grupo 3, na fase de qualificação
para o Mundial 2006. Ao intervalo, a
equipa portuguesa vencia por 2-0, fruto de um golo de Pauleta e um autogolo de
Hasler. Na primeira parte, a equipa lusa foi superior apesar de não ter
dominado o jogo como se esperava, frente a um adversário com muita pouca
História no futebol europeu e que é conhecido pelas muitas goleadas que já
sofreu. Na segunda parte, Scolari deixou no balneário Costinha e fez entrar
Tiago. Com esta alteração Portugal perdeu o controlo do meio-campo e a
possibilidade de chegar com perigo à grande área do Liechtenstein, que pouco a
pouco foi ganhando confiança para subir no terreno. Um mau atraso de Paulo
Ferreira para Ricardo iniciou o caminho para a humilhação da Seleção Nacional.
Aos 48 minutos Burgmeier aproveitou a falha da defesa portuguesa e marcou o
primeiro do Liechtenstein. Os erros dos jogadores portugueses sucederam-se. Sem
fio de jogo, os jogadores profissionais de Portugal deixaram-se envergonhar por
uma equipa de amadores, que, aos 78 minutos, aproveitou bem mais uma falha dos
jogadores portugueses. Sem fazerem qualquer oposição, permitiram a Thomas Beck
fazer o 2-2 final, num lance onde o guarda-redes Ricardo não fica isento de
culpas”, escreveu o Maisfutebol.
Um ano depois, a 8 de outubro de
2005, Portugal recebeu o Liechtenstein em Aveiro, com a possibilidade de selar
o apuramento para o Mundial 2006 a uma jornada da fase de qualificação, mas
voltou a sentir tremendas e inesperadas dificuldades.
Pouco depois da meia hora, Benjamin
Fischer (do FC Vaduz) aproveitou um desentendimento entre Paulo Ferreira e
Ricardo para ficar com a baliza escancarada e abrir o ativo.
Só na segunda parte é que
Portugal conseguiu reagir. Logo no início dos derradeiros 45 minutos, Cristiano
Ronaldo cruzou de pé esquerdo para a área e encontrou Pauleta, que cabeceou
para o fundo das redes (48’). Entretanto, Luís Figo desperdiçou uma grande
penalidade. Mais perto do fim, Nuno Gomes cabeceou para o 2-1 na sequência de
um canto de Figo e de um desvio ao segundo poste por parte de Nuno Valente (85’).
“A Seleção Nacional conseguiu
ontem, em Aveiro, a qualificação para o Mundial do próximo ano. É o que fica
nos registos e daqui por uns dias ninguém se lembrará de um jogo que não deixa
saudades, jogado com pouca concentração e demasiados erros. Tudo acabou em
festa, como se esperava, mas, sem um maestro a comandar no meio-campo, Portugal
andou perdido até Pauleta igualar e Nuno Gomes fazer o golo da vitória, dois
minutos depois de ter entrado em campo. Fica, também, para os registos que foi
o Liechtenstein a equipa que marcou mais golos a Portugal nesta fase de
apuramento: dois em Vaduz e um ontem, para quase estragar a festa aveirense. Um
jogo em que o árbitro perdoou duas grandes penalidades aos visitantes e Figo
falhou a transformação de outra é suficiente para não deixar saudades”, resumiu
o jornal Record.
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