A minha primeira memória de… um jogo entre Barcelona e Valência

Jordi Alba e Pedro em disputa de bola no Mestalla

Gostava de estar aqui a falar do célebre hat trick (de fantásticos golos) do brasileiro Rivaldo em 2001, mas o primeiro jogo entre Barcelona e Valência de que me recordo é de 21 de setembro de 2011, em partida da Liga Espanhola disputada num Mestalla que, na minha opinião, é dos estádios espanhóis que geralmente apresenta um ambiente mais… caliente.

 

Na altura, o Barça era orientado por Pep Guardiola pela quarta época consecutiva e tinha acabado de arrebatar o tricampeonato, a terceira Supertaça da Espanha seguida, a segunda Liga dos Campeões em três anos e a Supertaça Europeia (também a segunda em três anos). Era a era do tiki-taka e dos melhores anos de Lionel Messi – em 2011-12 apontou 73 golos em 60 jogos pelos catalães.

 

No entanto, o líder da Liga Espanhola à entrada para a 4.ª jornada era o Valência, ainda que com um jogo a mais do que os culé. A equipa che, então orientada por Unai Emery, tinha perdido David Villa, Joaquín, Juan Mata e David Silva em pouco mais de um ano, mas contava com jogadores internacionais como o guarda-redes brasileiro Diego Alves, o central francês Adil Rami, o lateral direito português Miguel, o então lateral/extremo esquerdo francês Jérémy Mathieu, o lateral esquerdo espanhol Jordi Alba, o médio defensivo espanhol David Albelda, o médio defensivo holandês Hedwiges Maduro, os médios ofensivos argentinos Éver Banega e Tino Costa, os médios ofensivos espanhóis Sergio Canales e Pablo Hernández, os avançados espanhóis Roberto Soldado e Aritz Aduriz, o avançado brasileiro Jonas e o atacante argentino Pablo Piatti.

 

Perante um Barcelona camaleónico, com muitas trocas posicionais fruto do posicionamento de Lionel Messi como falso ponta de lança, de Cesc Fàbregas como falso extremo e de Daniel Alves muitas vezes a assumir um papel que mais se assemelhava ao de um extremo do que ao de um lateral direito, o Valência mostrou-se intenso, competitivo e ambicioso. É verdade que o extremo esquerdo era Mathieu, em constantes permutas com Jordi Alba, mas no duplo pivot estava alguém com a qualidade técnica e critério de Banega.

 

Curiosamente, a formação valenciana inaugurou o marcador aos 12 minutos na sequência de uma iniciativa de Mathieu pelo lado esquerdo. Um cruzamento do francês, que haveria de reforçar o Sporting seis anos depois, foi intercetado pelo compatriota e adversário Abidal, que com um desvio subtil colocou a bola na própria baliza.

 

Dois minutos depois, uma combinação entre Pedro, Fàbregas e Messi proporcionou o golo do empate, com o argentino a desmarcar Pedrito nas costas de Miguel e o extremo espanhol a bater Vicente Guaita.

 

Aos 23’, mais um excelente trabalho de Mathieu na esquerda, a cruzar para o interior da área, onde nem Soldado nem Abidal chegaram à bola, que sobrou para Pablo Hernández, que por sua vez a reencaminhou para o fundo das redes da baliza de Víctor Valdés.

 

Só já na reta da segunda parte o Barcelona conseguiu chegar ao empate, por Cesc Fàbregas, novamente com uma assistência de Messi (77’) – minutos antes, Mascherano tinha acertado na trave através de um disparo de fora da área.

 

Na altura, numa crónica redigida para este blogue, destaquei a aposta do Barça na posse de bola e a do Valência no contra-ataque. “Viu-se um Valência que em ataque organizado e especialmente em contra-ataque mostrava que queria ganhar o jogo e que não ia jogar encolhido e com medo dos campeões espanhóis e europeus”, escrevi. Por outro lado, notei que os catalães “não golearam” na posse de bola, até pela ausência de Andrés Iniesta, que não teve no maliano Seydou Keita um substituto à altura.

 

Em termos individuais, tracei um “futuro brilhante” – “não tenho dúvidas!”, sublinhei – a Sergio Canales, “o mais irrequieto e o dínamo da equipa” e “um verdadeiro quebra-cabeças para a defesa do Barcelona”. A trajetória do médio ofensivo não tem sido propriamente brilhante, mas entre 2019 e 2021 somou dez internacionalizações pela seleção principal espanhola, mesmo estando a jogar no Betis.

 

 

Na mesma temporada, acompanhei a transmissão de mais um Valência-Barcelona, desta feita para a Taça do Rei, tendo sido registo um empate a um golo no Mestalla, na primeira-mão das meias-finais. Jonas (sim, o que viria a brilhar no Benfica) e Puyol apontaram os golos, Messi falhou uma grande penalidade.