segunda-feira, 22 de novembro de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Benfica e equipas espanholas

Geovanni numa disputa de bola em El Madrigal
Nos últimos anos tenho ouvido muitas vezes que o Benfica não tem dimensão europeia, pela forma como tem saído precocemente da Liga dos Campeões, mas quando comecei a ver futebol os encarnados raramente iam à Champions e chegaram a estar duas épocas consecutivas sem competir internacionalmente (2001-02 e 2002-03).
 
Embora tivesse ouvido falar muito naquela altura dos 7-0 que o Celta de Vigo espetou às águias nos Balaídos, a minha primeira memória de um jogo oficial entre Benfica e equipas espanholas remonta à fase de grupos da Liga dos Campeões de 2005-06, quando a formação lisboeta, então orientada por Ronald Koeman, defrontou por duas vezes o Villarreal.
 
Lembro-me que na altura o Benfica vivia uma crise de guarda-redes, uma vez que Quim e Moreira estavam a contas com problemas físicos. Quim ainda chegou a começar o jogo do El Madrigal, de 18 de outubro de 2005, mas foi substituído ao intervalo por um jovem que acabou por fazer afastada da ribalta: Rui Nereu.
 
Do outro lado estava um Villarreal com um plantel composto por muitos jogadores quase anónimos, que nunca chegaram a uma seleção nacional, mas também por enormes talentos como o lateral direito holandês Jan Kromkamp, o lateral esquerdo argentino Juan Pablo Sorín, o médio defensivo italiano Alessio Tacchinardi, o médio brasileiro naturalizado espanhol Marcos Senna, o médio ofensivo argentino Juan Román Riquelme, o avançado uruguaio Diego Forlán e o avançado espanhol José Mari. O homem do leme era o chileno Manuel Pellegrini, então a dar os primeiros passos no futebol europeu.



 
No jogo em Villarreal, só houve golos nos últimos 20 minutos. Riquelme deu vantagem ao submarino amarelo, na conversão de uma grande penalidade a castigar falta de Ricardo Rocha sobre Sorín (72’). Pouco depois, Manuel Fernandes empatou para os encarnados através de um fantástico remate de fora da área (76’).
 
“O Benfica empatou em Villarreal e aquilo que podia ser considerado como um bom resultado acabou por ser escasso, face à produtividade dos encarnados ao longo de todo o jogo. No conjunto, a equipa de Koeman foi claramente superior à formação espanhola e a estatística, neste capítulo, é como o algodão e também não engana: 15 remates e 10 pontapés de canto frente a um adversário recheado de estrelas, num jogo fora e na competitiva Liga dos Campeões, diz tudo quanto à performance de uma equipa”, escreveu o Record.
 
 
 
Duas semanas depois, no Estádio da Luz, Rui Nereu foi mesmo o dono da baliza benfiquista – no banco estava outro jovem, Bruno Costa. Nereu até vinha a dar boa conta do recado, mas nesse jogo borrou a pintura, ao ficar mal na fotografia no lance do único golo do encontro, apontado pelo médio hispano-brasileiro Marcos Senna, através de um remate do meio da rua (81’).
 
“Um desconsolo. O Benfica, ao perder de forma inglória com o Villarreal – no primeiro desaire caseiro para as competições da UEFA frente a um adversário espanhol –, caiu para o último lugar do Grupo D. Se vencesse, como chegou a prometer, seria hoje líder isolado, já a um pequeno passo da qualificação. O que aconteceu aos 81’ chegou mesmo a ser macabro. Rui Nereu, que patenteara tranquilidade e segurança, lançou-se tarde a um remate de Marcos Senna, desferido a 35 metros, consentindo um golo incrível. Tristemente incrível. O Villarreal chegou à vantagem numa fase do jogo em que já estava encostado às cordas. Foi, de facto, uma noite inglória para o Benfica, sabendo-se do muito tempo do árduo trabalho que teve pela frente para se superiorizar ao opositor”, resumiu o Record.
 






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