sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Os 10 dérbis mais marcantes de sempre entre Sporting e Belenenses

Sporting e Belenenses já se defrontaram mais de 250 vezes
Há muito que os jogos entre Sporting e Belenenses ganharam o estatuto de clássico de futebol português, por muito que este dérbi lisboeta tenha perdido a importância que teve em tempos.
 
Alguns dos fundadores dos azuis eram mesmo ex-jogadores dos leões e do Benfica, que abandonaram os seus clubes de forma a fundarem um novo, representativo do seu bairro, Belém. Uma das figuras mais icónicas dos verde e brancos, Francisco Stromp, proferiu mesmo uma frase que ficou para a história quando foi questionado sobre o abandono de Artur José Pereira: “o Artur que vá à merda e funde o tal clube em Belém!”.
 
E “o tal clube em Belém” não só defrontou o Sporting em mais de 250 ocasiões, incluindo finais do Campeonato de Lisboa, do Campeonato de Portugal e da Taça de Portugal e jogos decisivos para as contas do título nacional.
 
Entre tantos duelos, vale a pena ver aqui a nossa seleção dos dez mais marcantes, por ordem cronológica.
 
21 de março de 1926 – Campeonato de Lisboa (14.ª jornada)
Um jogo que ficou marcado pela conquista do primeiro título oficial por parte do Belenenses e pelo início da grande afirmação dos azuis no panorama regional e nacional.
Empatado pontualmente com o rival à entrada para a última jornada, o conjunto de Belém, orientado por Artur José Pereira, venceu por 1-0 em partida disputada no Campo do Restelo, graças a um golo solitário de Alfredo Ramos aos 70 minutos.


 
2 de julho de 1933 – Campeonato de Portugal (final)
Em 1933, o Belenenses já tinha conquistado um estatuto muito semelhante ao do Sporting, uma vez que já contabilizava no palmarés quatro Campeonatos de Lisboa (contra sete dos leões) e dois Campeonatos de Portugal (mais um do que o rival).
Na final disputada no Stadium de Lisboa, no Lumiar, os azuis venceram por 3-1 perante uma assistência de 25 mil pessoas. Abrantes Mendes ainda inaugurou o marcador para os verde e brancos, aos 33 minutos, mas Rodolfo Faroleiro (52’ e 72’) e José Luís (87’) assinaram os golos da reviravolta que deu ao conjunto de Belém, ainda orientado por Artur José Pereira, o terceiro Campeonato de Portugal.
“Às três horas da tarde já os elétricos iam apinhados de público para o jogo, que só começava às cinco e meia. No Estádio não havia um único lugar vago e, no camarote presidencial, lindas colgaduras punham uma nota de bom gosto e elegância que emprestavam ao espetáculo uma maior beleza, tal como escreviam os jornais da época”, pode ler-se no livro Pontapé na Bola – Histórias do Futebol Português, de Fernando Correia, citado pelo site oficial do Belenenses.


 
5 de julho de 1936 – Campeonato de Portugal (final)
Numa altura em que o Belenenses tinha mais um Campeonato de Portugal do que o Sporting, os leões tinham a possibilidade de igualar os azuis com três títulos.
Em mais uma final disputada no Stadium de Lisboa, no Lumiar, desta vez foram os verde e brancos, então comandados pelo romeno Wilhelm Possak, a vencer por 3-1. António Faustino (12 minutos) e Pedro Pireza (75’ e 87’) marcaram para o Sporting, enquanto Rafael Correia apontou o golo de honra dos homens de Belém, ainda orientados por Artur José Pereira.
A capa do jornal Os Sports, onde se lê “Sporting Club de Portugal ganhou o campeonato nacional pela terceira vez”, tem servido de argumento para o emblema de Alvalade reclamar que os títulos que alcançou no Campeonato de Portugal devem ser contabilizados como títulos nacionais, juntamente com os da I Divisão.


 
22 de junho de 1941 – Taça de Portugal (final)
A estreia do Sporting em finais de Taça de Portugal, frente a um Belenenses que já tinha estado no jogo decisivo no ano anterior, mas que ainda procurava conquistar o primeiro troféu.
Para fechar com chave de ouro uma época em que também venceu o campeonato nacional e o Campeonato de Lisboa, o emblema leonino, então orientado por Joseph Szabo, goleou os azuis nas Salésias por 4-1. Um hat trick de João Cruz (36, 48 e 53 minutos) e um golo de Peyroteo (79’) construíram a vitória sportinguista, enquanto Gilberto Vicente marcou para os de Belém (54’).
“O desafio agradou pelo espetáculo e mesmo pelo aspeto técnico. Os jogadores foram leais e o árbitro competente, deixando correr o jogo e não o interrompendo por dá cá aquela palha. Tecnicamente o Sporting foi superior e mais audaz”, escreveu o jornal Os Sports, citado pelo portal Sporting Canal.

Equipa do Sporting que venceu a Taça de Portugal em 1940-41

 
4 de julho de 1948 – Taça de Portugal (final)
Mais um dérbi que valeu o triplete ao Sporting, naquela que foi a segunda final da Taça de Portugal disputada no Estádio Nacional. Frente a um Belenenses que procurava o segundo troféu, os leões venceram pela quarta vez a prova rainha.
Orientados por Cândido de Oliveira e com os cinco violinos (Jesus Correia, Travassos, Peyroteo, Vasques e Albano) em campo, os verde e brancos venceram por 3-1. Peyroteo abriu e fechou a contagem (30 e 65 minutos). Pelo meio, Albano marcou de grande penalidade o outro golo leonino, enquanto Teixeira da Silva reduziu para os azuis.
“Entre os sportinguistas Albano salientou-se como executante formidável – nesta tarde esteve fantástico. Peyroteo, Vasques e Álvaro Cardoso fizeram uma exibição sem erros, mas justa será uma menção especial a Manecas, que esteve imperial como defesa/médio centro”, escreveu o jornal A Bola, citado pelo portal Sporting Canal.

Sporting venceu Taça de Portugal, título nacional e Campeonato de Lisboa em 1948

 
24 de abril de 1955 – I Divisão (26.ª jornada)
O dia em que o Belenenses esteve muitíssimo perto de alcançar o segundo título nacional da sua história, mas que acabou com… o Benfica campeão.
As ruas de Belém e da Ajuda, particularmente as contíguas ao Estádio das Salésias, estavam engalanadas e cobertas de azul para a possível festa do Belenenses, mas em vez de acabaram por terminar num mar de lágrimas.
A depender apenas de si, o Belenenses orientado pelo chileno Fernando Riera e com Matateu em campo, precisava de ganhar ao Sporting para ganhar o campeonato, enquanto o Benfica, que defrontava o Atlético, necessitava de uma escorregadela dos azuis e de uma vitória sobre a formação de Alcântara para festejar.
Logo aos três minutos, Ricardo Pérez deu vantagem à formação de Belém. No entanto, aos onze minutos Albano empatou o encontro, na conversão de uma grande penalidade a castigar bola no braço de Pires. Ainda assim, o Belenenses foi para intervalo na frente do marcador, graças a um golo de Matateu.
Porém, na segunda parte um golpe de teatro abalou o emblema da Cruz de Cristo. Matateu esteve perto do bis, mas o guarda-redes Carlos Gomes defendeu a bola sobre a linha de golo – meio século depois, o guardião confessou ao jornal A Bola que “a bola estava, efetivamente, mais de um palmo dentro da baliza”. E aos 86 minutos, João Martins fez o golo do empate na sequência de um lance de contra-ataque, fazendo o mundo desabar sobre jogadores e adeptos do Belenenses. “Drama nas Salésias. As trevas comeram o sol”, resumiu o jornal A Bola.
“O árbitro anulou dois golos ao Belenenses e assinalou um penálti para o Sporting por a bola bater, acidentalmente, no braço do Pires, num centro do Albano. Por isso lhe digo: se fosse só esse golo não validado… Houve mais casos, a arbitragem foi muito polémica”, admitiu João Martins ao jornal A Bola meio século depois.


 
23 de setembro de 1956 – Jogo de inauguração do Estádio do Restelo
Depois de três décadas memoráveis nas Salésias, o Belenenses ganhou uma nova casa, o Estádio do Restelo. Milhares de adeptos azuis encheram um recinto que na altura tinha capacidade para 44 mil espetadores, num dia inesquecível, com direito a música, desfiles de atletas, à presença do Presidente da República, o general Craveiro Lopes, e ao aniversário do emblema da Cruz de Cristo, que cumpria 37 anos.
A culminar o programa do dia, Belenenses e Sporting defrontaram-se num jogo que os azuis venceram por 2-1, com golos de Miranda e Matateu.
“A equipa do Belenenses ofereceu ao clube uma exibição compatível com a solenidade do momento histórico vencendo um Sporting sem organização”, destacava o Diário de Lisboa.
 
 
 
 
3 de julho de 1960 – Taça de Portugal (final)
Embora ainda estivesse regularmente na luta por troféus, o Belenenses já não ganhava nada desde que foi campeão nacional em 1946, enquanto o Sporting tinha vencido cinco títulos nacionais e uma Taça de Portugal na década que antecedeu esta final.
Perante 50 mil espetadores no Jamor, a formação do Restelo até se viu em desvantagem, quando o argentino Diego Arizaga inaugurou o marcador aos 18 minutos, mas conseguiu dar a volta ao resultado: António Carvalho empatou aos 32’ e Matateu sentenciou a reviravolta aos 62’.
 
 
 
12 de abril de 1989 – Taça de Portugal (meias-finais)
Com o passar dos anos, o Belenenses foi perdendo fulgor, tendo inclusivamente passado pela II Divisão entre 1982 e 1984. No entanto, mostrou-se em bom plano no regresso à I Divisão, tendo vivido precisamente no final da década de 1980 o seu melhor período no pós-Matateu.
Três anos depois de ter perdido no Jamor para o Benfica e um ano após ter alcançado um brilhante 3.º lugar no campeonato, os azuis do Restelo alcançaram nova presença na final da Taça de Portugal, desta feita às custas do Sporting nas meias-finais.
No Restelo, o conceituado guarda-redes uruguaio Rodolfo Rodríguez viveu uma tarde de pesadelo na baliza leonina, tendo tido responsabilidades nos três golos do Belenenses, apontados por Baidek (70’), Saavedra (73’) e Mladenov (85’), já depois de o Sporting ter inaugurado o marcador no final da primeira parte, por intermédio de Douglas (42’).
Na edição de 16 de abril de 1989 do Século Desportivo, citada pelo site oficial do Belenenses, podia ler-se: “Belém, à Conquista da Taça 29 Anos Depois. Na memória de todos, uma segunda parte de grande nível – feita de arreganho e vontade de vencer – que permitiu aos azuis de Belém passarem de vencidos a vencedores folgados (…) ‘Belém! Belém! Belém!’ – um urro uníssono, impressionante de pujança e vitalidade, ecoou pelo estádio inteiro assim que Vítor Coreia deu o encontro por terminado. O velhinho e prestigiado Belenenses tinha acabado de salvar a época. Uma festa.”
 
 
 
27 de maio de 2007 – Taça de Portugal (final)
18 anos depois, o Belenenses estava de regresso à final. E logo frente a um Sporting que nada vencia desde 2002.
Numa época em que os azuis do Restelo foram repescados para a I Liga na secretaria devido ao Caso Mateus após terem descido em campo para a II Liga, os homens então orientados por Jorge Jesus chegaram ao Jamor e conseguiram arrastar o 0-0 até aos minutos finais perante uns leões comandados por Paulo Bento que tinham visto o título nacional escapar por apenas um ponto.
Quando já se pensava no prolongamento, Liedson marcou o golo da vitória ao minuto 87, antecipando-se ao guarda-redes Costinha após cruzamento rasteiro de Miguel Veloso a partir do flanco esquerdo.
“O Sporting conquistou a sua 14.ª Taça de Portugal ao bater o Belenenses com um golo solitário de Liedson, coroando com um título, o primeiro nos últimos cinco anos, a brilhante ponta final da temporada, sem derrotas desde o início de dezembro de 2006. Desta vez os leões não marcaram a abrir o jogo, mas mesmo ao cair do pano, quando já pairava o fantasma do prolongamento, depois da equipa do Restelo ter sustido a habitual entrada forte da equipa de Paulo Bento, esta tarde a reboque de um super Romagnoli”, escreveu o Maisfutebol.
 









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