Bruno Inverno regressou ao Arrifanense em 2018 |
Com o fim de carreira e o
centenário do seu Arrifanense no horizonte, o goleador Inverno tenta, nesta época marcada pela pandemia, recolocar
o clube que o formou no primeiro escalão da AF Aveiro.
Em entrevista, o avançado fala da
ligação a um emblema que pretende continuar a servir quando pendurar as botas, explica
a origem da alcunha, recorda as várias subidas de divisão, a forma fervorosa
como os adeptos do Lusitânia Lourosa vivem o clube, o troféu de melhor marcador distrital e
as superstições do seu antigo treinador e antiga glória boavisteira Martelinho
em dias de jogos.
RUI COELHO - A viver a terceira época desde que regressou pela segunda
vez ao Arrifanense, o Bruno Inverno leva três jogos. Como tem corrido esta
temporada repleta de sobressaltos causados pela Covid-19?
BRUNO INVERNO - Iniciámos a
preparação da época com bastante entusiamo e confiança. Fizemos uma pré-época
boa, com alguns jogos de preparação pelo meio, que nos deixou confiantes para o
futuro do campeonato e para os nossos objetivos. De repente, tivemos que parar
por causa da Covid-19, pois o campeonato tinha sido adiado assim como os
treinos.
Quando houve novamente abertura
aos treinos, iniciámos nova pré-época e lá conseguimos iniciar o campeonato com
muito esforço da AF Aveiro. Deixe-me salientar que neste interregno de
campeonato, tive colegas de equipa que acabaram por desistir, não só pela
desmotivação que se criou como pelo medo da propagação do vírus.
Fizemos apenas dois jogos para o
campeonato (uma derrota e uma vitória) e um jogo para a Taça de Aveiro - perdemos
nas grandes penalidades -, devido a adiamentos de jogos e por as equipas terem
vários jogadores em isolamento e até contaminados. Passadas quatro semanas o
campeonato voltou a parar novamente. É desmotivante, não posso esconder, mas
compreensível ao mesmo tempo.
Via com bastante agrado voltar a
ter a terceira pré-época este ano. Era sinal que as coisas estavam melhor. Veremos
como vai ser, mas gostava de terminar a época. Sinto saudades de fazer
desporto, neste caso futebol, que amo tanto.
O Arrifanense é uma das mais antigas coletividades do distrito de
Aveiro. O que há de diferente no clube desde que iniciou a sua formação em 1993
e o que justificou a queda do emblema do concelho de Santa Maria da Feira, que
chegou a militar na II Divisão B?
O Clube Desportivo Arrifanense é
o clube da minha formação, não só enquanto jogador, mas também como homem,
tenho muito orgulho neste clube. Foi o meu pai que me levou para o Arrifanense
em 1993, tinha eu 10 anos e ele jogava lá.
É difícil responder a essa pergunta,
pois o clube tem quase 100 anos de história, onde teve momentos altos e baixos,
como se passa em quase todos os clubes ao redor. Sabendo nós que se um clube
anda bem e a lutar por títulos e subidas, existe mais apoios, traz mais povo ao
futebol. Se correr menos bem, o povo,
neste caso os sócios e simpatizantes e até jogadores vão-se afastando, enfraquecendo
o clube. É natural que numa vila como Arrifana seja difícil conseguir imensos
apoios como já aconteceu no passado, quando grandes empresas e grandes
dirigentes conseguiam patrocinar o clube.
Depois, quando se desce aos
distritais, é muito difícil voltar a subir aos nacionais como eu gostava de
voltar a ver. Simplesmente aconteceu, é normal num ano teres uma grande equipa e
em outros anos não. Isso faz parte do futebol e dos clubes, o Arrifanense não
foge á regra.
Apesar de todas as adversidades vividas de momento, confia num
reatamento do campeonato? Se sim, o que podemos esperar deste Arrifanense
versão 2020-21?
Tenho esperança que sim, que volte
a iniciar o campeonato, pois é curto, existem apenas onze equipas por grupo. Contando
que não existam mais desistências na equipa, acho que temos um plantel unido e
com qualidade para estar entre os primeiros lugares na tabela. A nossa equipa
técnica é muito exigente e não nos deixa adormecer. Treinamos sempre nos
limites.
“Em tempos servi-me do Arrifanense, agora é altura de servir o clube”
Bruno Inverno nas camadas jovens do Arrifanense |
Qual é o sentimento de regressar a casa e logo numa altura em que o
clube se prepara para comemorar o centenário? Qual é o espírito dos associados
e simpatizantes?
Regressar a casa esteve sempre em
mente. Saí do clube com normalidade, fruto do interesse de outros clubes, que
na altura pagavam melhor e tinham outros objetivos. O sentimento é de orgulho,
pois em tempos servi-me do clube, agora é altura de servir o clube, ainda mais
nesta fase do centenário. Sinto-me capaz
ainda de ajudar a equipa, tenho o reconhecimento da direção, da equipa técnica,
dos colegas de equipa e dos sócios. Sinto o carinho deles quando estou a jogar.
Com uma carreira pautada por conquistas e golos, é no Arrifanense que
tudo se inicia. Quem foram as pessoas mais importantes para si no processo de
formação, enquanto jogador?
Só posso estar grato pelas
pessoas que conviveram comigo, por tudo o que me ensinaram, desde diretores,
treinadores e jogadores. Todos foram importantes, com as suas qualidades e
defeitos. Só posso dizer que os tenho sempre na memória, eles sabem quem são.
Estreou-se pela equipa principal aos 17 anos na II Divisão B
Nessa altura, para um jovem de 17 anos, trabalhar com a equipa
principal numa II Divisão B, foi certamente um motivo de muito orgulho…
Sim, ainda era júnior quando fui
chamado para treinar com a equipa sénior do Arrifanense, liderada pelo mister
Silva Morais. Ainda por cima numa II Divisão B recheada de bons jogadores. Felizmente
ainda participei em alguns jogos e marquei alguns golos. Estou muito grato por
essa oportunidade, que acho que agarrei com unhas e dentes, pois qualquer
jogador da formação tem como objetivo chegar à equipa principal do seu clube. Na formação jogávamos num campo ainda pelado. Era
uma diferença enorme jogar no relvado, nem chuteiras com pitões de alumínio
tinha.
As memórias dos tempos do Cesarense, Milheiroense e Carregosense
Avançado Bruno Inverno quando jogava no Cesarense |
Em 2003-04 surge o convite do Cesarense, onde jogou uma temporada. O
que o levou a aceitar?
Nesse ano, já contava com duas
épocas enquanto sénior no Arrifanense, uma na II Divisão B e outra na III
Divisão. O convite surgiu nessa época, devido a ter feito uma boa época
individual. Daí ter despertado interesse ao Cesarense, liderado na altura pelo mister
António Coelho, que também militava na III Divisão, tinha outros objetivos e
monetariamente oferecia-me muito mais. Decidi aventurar-me com um pouco de
receio, mas confiante. Sempre decidi pela minha cabeça, o meu pai nunca
interferiu nas minhas decisões.
Seguiram-se Milheiroense (2005-06) e Carregosense (2006 a 2008). O que o fez rumar a esses clubes?
O convite do Milheiroense, que
também jogava na III Divisão era treinado pelo mister Carlos Miragaia (coordenador
técnico da AF Aveiro) marcou-me imenso, não só pelo excelente grupo de
jogadores, diretores e presidente que conheci, mas também pela aprendizagem
futebolística.
Não tive uma época perfeita, com
titularidade absoluta, mas sempre que entrava notava-se a diferença. Ajudava a
equipa a crescer, sentia isso pelos meus colegas, como pelo público. Ganhei um
carinho enorme por eles. Saí no final da época por iniciativa própria, senti
que fui prejudicado taticamente, mas cresci muito nesse ano. Amadureci.
No Carregosense, recebi o convite
do mister Paulinho, que já me conhecia do Cesarense. O projeto era tentar
subir. Dei um passo atrás na minha carreira, pois fui jogar para os distritais,
mas o mister convenceu-me. Fiz duas
épocas fantásticas, levando o Carregosense à melhor classificação de sempre, um
terceiro lugar, apesar de sentir que os distritais não eram tão exigentes como
o nível a que eu estava habituado. Ganhássemos ou perdêssemos no final dos
jogos, lá nos encontrávamos e juntávamo-nos no bar do clube para confraternizar
e beber umas cervejas com adeptos e familiares. Pensava eu ter dado um passo
atrás na carreira, mas felizmente acabei por dar dois em frente.
No Bustelo para fugir aos pelados
Ainda assim, em 2008 acaba por rumar ao Bustelo, também dos distritais
da AF Aveiro…
As boas prestações da equipa do
Carregosense começaram a despertar interesse do Bustelo, liderado pelo mister
Carlos Manuel. No início da época, alguns colegas de equipa já tinham assinado
pelo Bustelo e daí o meu nome também ficar associado. O Bustelo ia nesse ano
colocar sintético no seu campo, o que ajudou na minha decisão. Penso que foi
por isso, pois continuava a jogar no Campeonato Distrital. Mais uma aventura…
Em 2009-10, sobe de divisão e conquista a Taça e Supertaça de Aveiro ao
serviço do Bustelo. É nessa época que começa a despontar verdadeiramente.
Concorda?
Concordo. Nessa época subimos de divisão
em 2.º lugar [atrás do Alba], conquistámos a Taça de Aveiro contra o Estarreja
e a Supertaça contra o Cesarense. Foi um ano muito bom a nível coletivo e individual,
tendo terminado o campeonato como um dos três melhores marcadores.
Subiu novamente de divisão no Valecambrense
Bruno Inverno com a camisola do Valecambrense |
Depois desses dois bons anos em Bustelo, mudou-se para o Valecambrense.
O que o levar a tomar essa decisão? Curiosamente alcança mais uma subida...
A minha saída para o
Valecambrense foi motivada pelo projeto de subida do clube e, claro, pela
vertente monetária. O Valecambrense fez uma superequipa nesse ano, mas faltava
alma aos adeptos, estavam um pouco retirados do futebol. Tentámos aproxima-los
nesse ano com a subida aos campeonatos nacionais, novamente em 2.º lugar. Foi
um ano difícil, pois tive três treinadores. Sempre saí a bem dos clubes, dando
sempre a cara, com uma atitude correta, deixando sempre a porta aberta para um
possível regresso. Nunca fui mal-agradecido com quem me ajudou.
Volta novamente a Bustelo em 2011-12 para fazer história com uma
subida inédita à II Divisão B. O que representou essa conquista para si e para
as gentes de Bustelo?
Meu Deus! Nesse ano,
aconteceu-nos tudo, tivemos inúmeras contrariedades e tínhamos um plantel muito
curto. Penso que só o mister Miguel Oliveira acreditava na subida do clube, com a
sua crença e sabedoria. O que é certo é que lá fomos nós, devagarinho, subindo
na tabela. Tínhamos muitas dificuldades em ganhar fora de casa, mas em casa
mandávamos nós. Penso que não perdemos nenhum jogo em casa esse ano. Esse foi o
no nosso ponto forte. A força da união da equipa, da direção que com tão pouco
tanto fez, da equipa técnica e dos adeptos fantásticos. Deixe-me dizer que
Bustelo é mesmo muito pequeno, onde todas as pessoas se conhecem. Foi inédito
para o clube subir à II Divisão B, fiquei muito orgulhoso em fazer parte da
história desse clube.
“Adeptos do Lusitânia Lourosa são fervorosos. Nunca tinha sentido algo assim”
Ainda assim, regressa depois aos distritais para jogar pelo Lusitânia
Lourosa. O que o fez mudar de ares? Curiosamente, voltou a ser campeão…
O Lourosa tinha descido dos para
os distritais e na altura o vice-presidente, que era Vítor Manaia (ser humano
incrível), pretendia subir o clube o mais rápido possível. Fui contactado pelo treinador
adjunto João Alves, que jogou comigo em Carregosa e que me motivou para fazer
parte daquele super plantel liderado pelo mister Martelinho. Mais uma vez era
um projeto de subida e monetariamente melhor. O plantel foi construído a dedo, com
muita objetividade e cuidado nas escolhas para cada posição. Foi um ano fantástico,
fomos campeões sem derrotas e vencemos a Supertaça de Aveiro, individualmente
também, pois fui o terceiro melhor marcador do campeonato. O segredo foi mesmo
a organização excelente que o clube teve com toda a gestão do plantel,
treinadores e diretores. Existia muita união e qualidade nos jogadores, e a
direção também não nos deixava faltar nada.
Os adeptos eram muito fervorosos
pelo clube e pelos jogadores. Posso dizer que tive mesmo gosto de jogar em
Lourosa, nunca tinha sentido algo assim. O estádio estava sempre bem composto,
com cerca 1000 pessoas a apoiar a equipa nos jogos, mas os adeptos eram muito
exigentes. Lembro-me de estarmos a ganhar por 4-0 e eles assobiavam para que não
baixássemos o ritmo. Queriam mais golos.
Mais uma vez fiquei orgulhoso
pelo feito conquistado e por entrar também para a história do clube.
Melhor marcador distrital em 2014-15 com 38 golos
Inverno festejou subida à II Divisão B no Bustelo |
No verão de 2014, voltou ao Bustelo. Como surgiu essa possibilidade?
Acabou por se sagrar melhor marcador do campeonato distrital…
Sempre que saí de Bustelo, saí a
bem. Ganhei um carinho especial por aquele clube e as pessoas por mim. Depois
de dois anos em Lourosa com o mister Martelinho, houve mudança de treinador. O
novo treinador não se identificava comigo taticamente, não sei, apenas não fui
convidado a continuar. As notícias correm rápido e chegou aos ouvidos do mister
Miguel Oliveira, em tempos adjuntos do mister Carlos Manuel, e convidou-me para
fazer parte da equipa dele, mais uma vez com o objetivo de subida. Foi então
que cheguei a acordo novamente com o Bustelo. Sabia que seria muito difícil ser
campeão, pois existiam mais umas três ou quatro equipas com o mesmo objetivo.
Um dos segredos das equipas de
Bustelo era sempre manter a espinha dorsal do plantel. Podia sair um ou outro,
mas compunha-se rapidamente com outros jogadores. Iniciámos muito bem o
campeonato, onde mais uma vez o fator casa contou muito, pois éramos mesmo
muito fortes a jogar em casa. Fomos muito regulares, tínhamos muitos bons
jogadores.
Na reta final, quando sabíamos
que era possível e dependíamos apenas de nós para ficar em primeiro, fomos
muito rigorosos e competentes, chegando ao último jogo do campeonato a precisar
de apenas um ponto. Conseguimos e fomos campeões. Foi uma alegria enorme para
jogadores, direção, diretores e treinadores, porque trabalhámos muito ao longo
do ano para esse objetivo. Foram notórias as lágrimas de alegria e o sentimento
de dever cumprido.
A nível pessoal, foi sem dúvida a
melhor época de sempre, apenas não joguei um jogo, salvo erro por castigo. Marquei
38 golos nessa época, e num só jogo contra a Ovarense marquei cinco golos. Estive
também quatro jogos seguidos a bisar, de facto os jogadores trabalhavam muito
em equipa, daí depois ser mais fácil marcar tantos golos. Dou esse mérito a
eles também, pois sozinho era impossível. Fui o melhor marcador Campeonato
Distrital e o segundo melhor marcador a nível nacional, perdi apenas para um
jogador, por ter menos minutos de jogo que eu, pois eu até tinha mais golos que
ele. Nunca pensei que fosse possível, pois em primeiro lugar esteve sempre a
equipa. Os golos foram saindo naturalmente e nunca foram uma obsessão. Mas
fiquei feliz por esse prémio, obviamente. Qualquer avançado vive de golos.
Em 2016 regressa a terras de Santa Maria da Feira para vestir as
camisolas de Lusitânia Lourosa e Fiães. O que o levou a mudar novamente de
clube?
Faz parte, no final das épocas,
existir o interesse de outros clubes. Ingressar nesses clubes foi as melhores
opções na altura. Quando existe mútuo acordo e se está feliz, tudo bem. Adorei
representá-los e sempre dei o meu melhor pela camisola que vestia, daí tive
sempre o sentimento de dever cumprido.
“Martelinho era supersticioso. Aos domingos andava sempre com a mesma roupa”
Bruno Inverno jogou três anos no Lusitânia Lourosa |
Em três anos de leão ao peito cruzou-se com duas figuras conhecidas do futebol
português, Tonel e Martelinho, o que achou dos métodos de trabalho deles? Sei
que tem algumas histórias com eles…
Identifiquei-me logo com o mister
Martelinho, pois o esquema tático dele era o 4x4x2, ao qual já estava habituado
e era o sistema que me sentia melhor. Era bastante exigente, mas eu adorava os
treinos dele. Raramente repetia treinos, variava muito e dava uma moral
incrível aos jogadores. À sexta-feira havia treino de finalização e no final os
avançados iam marcar um penálti cada. Se por acaso falhasse mandava repetir até
marcar, para não ir embora sem moral. Revelava a equipa que ia jogar no
domingo, dizia ele que era para dormirmos descansados, sem ansiedades. É uma
pessoa super simples, que adorei conhecer, e ainda mantenho contato com ele. Também
era muito supersticioso, pois aos domingos andava sempre com a mesma roupa. Gozávamos
com ele, mas ele dizia que se ganhássemos não trocávamos de roupa ao domingo e
vinha sempre com a mesma.
O mister Tonel chegou já a meio
da época juntamente com a nova direção. Mudou logo a tática para 4x3x3, pelo
tive de me adaptar, mas tive a confiança dele e marquei vários golos nesse
sistema. Era mais sério, não tão brincalhão como o Martelinho, pelo menos no
inicio, mas obviamente que os treinos e as ideias eram diferentes. São dois
treinadores com personalidades fortes. O Tonel era muito simples também, gostei
de o conhecer e de trabalhar com ele.
O Lourosa foi um dos clubes que mais cresceu nos últimos anos. Há pouco
tempo jogava nos distritais e agora tem vindo a ameaçar a subida à ll Liga. O
que acha que está por detrás de tal crescimento?
Sem dúvida o investimento do
Presidente Hugo Mendes, que fez e está a fazer um trabalho magnifico. Gostava
que tivesse muito sucesso. Acredito vivamente que o consiga, o Lourosa tem uma
massa adepta incrível, que empurra a equipa para as vitórias, seja em casa ou
fora. Lembro-me bem de jogar contra a Sanjoanense no meu ano lá nos distritais e
estarem 5000 pessoas a ver o jogo. Era incrível a emoção em jogar assim.
Quais foram os melhores
treinadores e jogadores com quem partilhou o balneário?
É difícil dizer. Foram imensos
cada um à sua maneira. Uns mais relevantes que outros, como é natural. Talvez
na formação, onde havia muita alegria, o valor humano sentia-se mais.
Aos 38 anos de idade e a representar o seu clube, Arrifanense, sente
que está para breve o anúncio do fim de carreira?
Sim, penso que já é altura de dar
lugar aos mais novos, não porque me sinta incapaz, mas acho que está na hora de
o fazer. Talvez possa assumir novos cargos no clube, onde me sinta capaz de
ajudar, mas claro que o bichinho vai permanecer. Irei jogar para a velhas
guardas do clube. A minha mulher mata-me.
Herdou alcunha do avô
Por fim, é inevitável não falar da conhecida família Inverno. Porque
adotou essa alcunha? O seu filho vai dar continuidade ao legado?
A alcunha Inverno já vem do meu
avô, pois guardava gado e quando vinha ao final do dia para casa a chover, os
seus vizinhos começavam a dizer “Lá vai o Inverno”. Ficou para ele… e para a descendência.
O meu pai também foi jogador e
era conhecido por essa alcunha. Por mais que tenha nome próprio, acabavam por
dizer que era o filho do Inverno ou o Inverno mais novo. Vai ficando.
Já tenho o meu filho Tiago, com 10 anos, jogar
desde os cinco no Arrifanense. Por acaso acho que tem jeito, por isso penso que
o legado irá continuar.
Entrevista realizada por Rui Coelho
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