terça-feira, 11 de agosto de 2020

O Jardel angolano que lidera a Associação Nacional de Futebolistas

Igor Nascimento é o primeiro presidente da Associação de Futebolistas
Ponta de lança angolano que pautou por ser um exímio cabeceador, era apelidado de Jardel, em alusão ao antigo goleador de FC Porto e Sporting, ou de Carsten Jancker, em referência ao antigo avançado de Bayern Munique e da seleção alemã.

Foi orientado por Mozer no Interclube e por Manuel Fernandes no ASA e teve um percurso estranho pelas seleções jovens angolanas, pois todas as internacionalizações que somou foram no estrangeiro.

Após dar por terminada uma carreira marcada por inúmeras lesões, lançou-se no agenciamento de futebolistas, depois no comentário desportivo e desde janeiro deste ano que é o presidente da recém-criada Associação Nacional dos Futebolistas de Angola (ANFA).


Em entrevista, Igor Nascimento passa o seu trajeto no futebol em revista e revela os projetos da associação e as principais dificuldades que os jogadores lhe têm relatado.


ROMILSON TEIXEIRA - Quem é Mbanino Igor Samuel de Nascimento? Como se descreve?
IGOR NASCIMENTO – Descrevo-me como sendo um jovem muito trabalhador, estudioso, ambicioso, rigoroso, justo, intransigente e alguém com um grande coração, onde cabm todo mundo, sou homem do futebol. Visto que meu pai foi futebolista, eu nasci, cresci, vivi e continuo a viver no e do futebol, 90% do que tenho veio do futebol.

Nasceu no Namibe e foi lá que viveu metade da sua infância. Que memórias tem da sua infância nas terras da felicidade?
Guardo muita coisa do Namibe, tais como a linda praia ao lado do parque de campismo perto de onde eu vivia, a Feira do Namibe, o Cine Impala e o Cone Namibe, a Escola Pioneiro Zeca onde fiz desde a pré-classe até à segunda classe, o Estádio Joaquim Morais, o Largo Espírito Santo onde decorriam as comemorações do dia do Pioneiro Angolano, as corridas de carro e de motorizadas, o antigo largo 1° de Maio onde joguei os primeiros campeonatos não federados infantis, etc.

Mudou-se para Luanda ainda muito jovem. Como foi viver nos bairros São Pedro da Barra e do Palanca?
O bairro que nos recebeu foi o São Pedro da Barra, justamente no Campo Vermelho, e a seguir fui para o Palanca, onde continuei parte da minha infância e a transação para adolescência, e fui vivendo entre os dois bairros visto que meus pais já estavam separados. A minha mãe vivia no Palanca e meu pai no São Pedro da Barra. Mas em 1994 mudámo-nos definitivamente para o Palanca.

“90% dos meus golos eram de cabeça, daí me terem apelidado de Jardel e Carsten Jancker”

Igor Nascimento quando jogava nos finlandeses do Valkeakosken Haka
Fale-nos do início da sua carreira nos juvenis do Interclube. Quais foram as maiores dificuldades que encontrou?
O princípio da minha carreira no Inter foi um pouco complicado primeiro por causa das questões táticas, visto que eu vinha dos jogos do bairro e não foi fácil a adaptação; em segundo lugar por causa das minhas características, pois eu era muito mais alto que os meus colegas e adversários, mas era muito lento, não tinha velocidade e rapidez de execução, e as pessoas queriam que eu fosse um velocista, queriam que eu fosse um driblador, algo que eu não tinha características para tal. Muitos até achavam que eu não  daria certo no futebol, mas graças aos meus treinadores, o mister Horácio,  Mitó da Silva e André Cuca, sem esquecer o professor Oliveira Gonçalves nas seleções jovens, que me foram trabalhando em função das minhas características,  fizeram-me descobrir outras qualidades que eu tinha que os avançados rápidos não tinham, como jogar essencialmente num toque, segurar a bola, a desmarcação dentro e fora da área, no primeiro e no segundo poste, o cabeceamento, técnica de corrida e ganhei um pouquinho de velocidade, portanto tornei-me um jogador diferente, um cabeceador por excelência. Em todos os escalões no Inter fui sempre o melhor marcador da equipa e 90% dos meus golos eram de cabeça, daí me terem apelidado Jardel e Carsten Jancker. O que fez com que chegasse nos seniores ainda com idade de júnior.

Ainda ligado ao Interclube, foi emprestado ao Benfica de Luanda. Como foi essa experiência?
Eu vou no Benfica de Luanda no meu terceiro ano de sénior, porque na primeira época fui pouco utilizado e na segunda não joguei por causa de uma pubalgia. Na temporada a seguir fui para o Benfica, onde felizmente fiz uma das minhas melhores épocas no Girabola o que relançou a minha carreira e devolveu confiança aos dirigentes do Inter e no final de época foram à minha busca. Naquela altura eu estava a ser digitado para jogar no Petro de Luanda, e principalmente no grande ASA, onde o mister Bernardino Pedroto me queria a todo custo. Nessa época marquei golos, entre outros, contra o Interclube, Petro e o 1° de Agosto. Nesse mesmo ano regressei à seleção sub-20 como capitão, quando surgiram jogadores como Manucho Gonçalves, Zé Kalanga, Minguito, Locó, Santana Carlos, Toni Cassoma e outros.

Nunca jogou pela seleção angolana em… Angola

Conte-nos mais sobre as suas experiências nas seleções nacionais? Tem alguma história engraçada que possa partilhar?
Eu joguei apenas nas seleções jovens sub-17, sub-20 e sub-23. O que posso partilhar de um pouco engraçado e esquisito, é algo que muita gente não sabe, é que ao serviço das seleções nunca joguei em Angola, todos jogos que fiz foram realizados no estrangeiro. É estranho, não é?
É que sempre que estava para jogar em Luanda, ou ficava no banco dos suplentes e não entrava, ou me lesionava ou ficava doente. Todos jogos que fiz foram no estrangeiro, em países como Africa do Sul, Togo, Guiné Conacri, Burkina Faso e outros.

Jogou por vários clubes estrangeiros, em países como a Tunísia, França e Finlândia. Como descreve essas experiências e quais são para si as grandes diferenças entre o futebol angolano e o futebol europeu?
No capitulo desportivo a passagem que tive em alguns países não foram muito boas nem muito más, visto que a ligação que eu tinha com o Interclube fez-me perder muitas oportunidades, porque quando saí foi sem o consentimento do clube e a partir daí tudo se complicou, depois fomos procurando emendar e infelizmente o tempo foi passando e depois decidi regressar. Mas hoje posso dizer que a minha ida para esses países e não só, por que estive também três meses na Suíça, na cidade de Lausanne, a treinar sem competir. Foi positivo porque bebi muito de cada um desses países e muito do que sou como homem e dirigente desportivo são devido a coisas que adquiri da mentalidade europeia.
A diferença entre o futebol angolano e o europeu está na organização e no profissionalismo, tanto em campo como administrativamente. Em Angola levamos o futebol como hobby, temos de levar o futebol mais a sério.

No regresso a Angola e ao Interclube foi campeão do Girabola em 2007. Como foi para si ser campeão do Girabola e que significado tem para si o Interclube?
Ser campeão do Girabola pelo Interclube foi especial, foi o realizar de um sonho de infância, depois de já ter sido campeão nacional de juniores pelo clube. Embora deva reconhecer que não tive um grande protagonismo na conquista do título, visto que joguei apenas a segunda volta e o mister Mozer colocava a equipa a jogar em 4x3x3 com apenas um ponta de lança, e havia o Pedro Henriques que era titular e estava a fazer muitos golos. Ainda assim fiz alguns jogos a titular e marquei alguns golitos, era sempre a primeira opção a entrar em campo quando as coisas estavam complicadas.
Para mim, o Interclube é a minha casa, o meu clube do coração, onde nasci para o futebol. Quando rescindi contrato com o Interclube, o então presidente Alves Simões disse-me algo que até hoje nunca esqueci: “Igor estás a sair, sai bem, mas nunca te esqueças de onde vieste.”

Manuel Fernandes gostava muito de mim”

Avançado Igor Nascimento ao serviço do Bravos do Maquis
Em seguida representou ASA, Bravos do Maquis e Recreativo da Caála. Que lembranças tem desta fase e o que de especial guarda sobre cada uma destas experiências?
No ASA fui infeliz, mas comecei bem por que havia lá um treinador português, Manuel Fernandes, que gostava muito de mim com jogador. Marquei logo na minha estreia nos Coqueiros contra o Benfica de Lubango, foi de cabeça a um cruzamento de Anastácio, mas realizei apenas três jogos porque a seguir lesionei-me no joelho direito num dos treinos, tive um desgaste na cartilagem, fui operado e fiquei a época toda sem jogar.
No Bravos do Maquis fui feliz, marquei muitos golos pela equipa, fui decisivo em vários jogos, apesar de várias lesões que tive, lesões musculares fundamentalmente, portanto, até hoje quando vou ao Moxico sou muito acarinhado pelos adeptos e pela população em geral.
Na Caála vivi um autêntico calvário, não obstante ter realizado um grande estágio com a equipa em Portugal onde por pouco nem regressava a Angola, em função do interesse de alguns clubes portugueses nos meus préstimos. De regresso a Angola e ao Girabola, começaram as lesões, eram dores daqui e dores dali sem cessar, mas ainda sim consegui fazer muitos jogos e golos, mas obviamente tinha muitas limitações físicas, o que não permitia com que eu me exprimisse como sei que podia, visto que já era um jogador diferente, maduro e com muita experiência. Muitas vezes até treinava bem, mas na hora da verdade as coisas não me saiam nada bem. Enfim, coisas do Girabola, fazendo com que a minha passagem no Huambo se transformasse num autêntico fracasso, ao ponto de ser odiado pelos adeptos do Recreativo da Caála.

Terminou a sua carreira de jogador em 2014 ao serviço do União do Uíge. Acredita que se tivesse contraído menos lesões ao longo da sua carreira poderia teria tido uma carreira mais promissora? Alguma vez as pensou em desistir do futebol por conta das lesões?
Realmente as lesões perturbaram e muito a minha carreira, fazendo-me passar ao lado de uma grande carreira. Mas ainda assim nunca pensei em desistir, sempre fui cristão e homem de muita fé e convicção, e isso fazia-me ultrapassar situações que os adeptos e dirigentes não tinham noção, mas que só os massagistas e fisioterapeutas que trabalharam comigo sabem o que passei. Muitas vezes levava injeções para jogar, tive quase todo tipo de lesões. Permita-me agradecer a todos os fisioterapeutas que davam tudo para me recuperarem, cito aqui o Sanza do Benfica de Luanda, Mandela e Osvaldo do Interclube, tio Zé Mohongo e Jorge Ferrão nas seleções, o João do ASA, tio Fifí do Bravos do Maquis, o Sérgio Mourato na Caála e outros.

Terminada a sua carreira como futebolista profissional, começou a trabalhar como comentador desportivo. Como entrou para esse mundo? Fale-nos de todo o seu percurso como comentador…
Depois de terminar a carreira, comecei a trabalhar no agenciamento desportivo com a empresa que tinha constituído, mas vi que os dirigentes dos nossos clubes tinham dificuldades em aceitar essa figura, e os jogadores também não tinham essa cultura, então preferi retirar-me. Depois surgiu a oportunidade de me tornar comentador desportivo no Canal Internacional da RNA nas línguas francesa e inglesa, aceitei o convite, o que foi importante para o meu contacto com o microfone.
A seguir juntei-me à Claque Magazine, que me fez descobrir algumas qualidades na escrita e não só, dando um outro boom à minha imagem, com as matérias sobre jogos e outros eventos sobre os quais escrevia e acima de tudo com a coluna muito crítica e contundente, o Defesa & Ataque.
Com a parceria entre a Claque Magazine e a Rádio Unia, tornei-me comentador residente da Unia, e em agosto de 2017 recebi um convite por intermédio da Rádio Unia para participar no programa Apito Final da ZAP, pelo qual tenho contrato até hoje como comentador do Girabola ZAP e do Bola Na Rede.
Hoje já faço algumas intervenções em canais de rádio, televisão e imprensa escrita de alguns países africanos essencialmente anglófonos e francófonos para falar de assuntos ligados ao nosso futebol.

Quais são os comentadores/jornalistas desportivos que mais admira?
Os comentadores estrageiros em que mais me inspiro são o franco-senegalês Habib Beye, o camaronês Patrick Mboma e o luso-angolano Luís Vidigal. Em Angola tenho como referências o Zeca Martins pela frontalidade e imparcialidade que demostrava e continua a demostrar nas suas abordagens, Arlindo Leitão pela leitura tática e pela capacidade de prever o acontecimento de situações durante os jogos, e Paulo Tomás, que é mais ou menos um misto do Zeca Martins e Arlindo Leitão e na minha opinião é o melhor comentador de futebol da atualidade em Angola. Gosto muito também dos comentadores do programa de quinta-feira de manhã na LAC e quanto aos jornalistas desportivos sou fã de Neto Junior e Luís Caetano da TPA e Vaz Kinguri na Rádio está acima de todos.

Futebol angolano tem de evoluir no aspeto tático e no aspeto físico”

Igor Nascimento nos tempos do Recreativo da Caála
Quais são para si os principais aspetos do nosso futebol que precisam de ser mudados urgentemente?
Além da organização e profissionalismo, o nosso futebol tem de evoluir no aspeto tático e principalmente no aspeto físico. Se nos quisermos impor de facto em África temos de dar músculo aos nossos jogadores, a partir já dos juvenis e juniores. Muitos não sabem, mas um dos maiores segredos do sucesso do professor Oliveira Gonçalves na companhia do Prof. Mabi de Almeida era a qualidade e quantidade do trabalho físico, em que às vezes três a dois dias antes dos jogos davam alguma carga. Nós não gostávamos e achávamos ser um exagero, mas na hora da verdade a equipa tinha muito sumo para dar e vender e normalmente passeava a sua classe.
É preciso também formar e potenciar os treinadores da formação, que por sua vez devem colocar em prática o que aprendem e não apenas frequentarem formações para ter certificado ou diploma e não implementar o que aprendem.

Atualmente é o presidente e fundador da Associação Nacional de Futebolistas de Angola (ANFA). Como e quando surgiu a ideia de criar a associação e quais são os principais objetivos da mesma? Quem foram os envolvidos neste processo?
Os principais objetivos da ANFA são a defesa e promoção dos direitos e interesses dos futebolistas em Angola.
Houve muita gente envolvida, cada um à sua maneira. Prefiro não mencionar os nomes porque poderei esquecer alguns e será deselegante da minha parte, mas realço os membros da comissão instaladora, como Abel Campos, Paulo de Angola, Jojó da Silva, Benvindo Regresso,  Manuel Cambila "Aspirina", Grau Pascoal, e outros como Fabrice Akwá, Luizinho Cazengue, Daniel Mendes, Paty, Danilson Mateus e mais nove membros fundadores, Locó, Zé Kalanga, Celso Cabuço, Laminho, Enoque, Simão Nascimento, Dadão e Job.

Quais são os requisitos básicos para que os atletas possam tornar-se associados?
Para se tornarem associados da ANFA é necessário ser jogador no ativo ou antigo jogador, preencher o formulário de adesão, anexar a cópia do BI (passaporte para os estrangeiros), duas fotos tipo passe e pagar a quota anual.

Quais foram as principais dificuldades que enfrentou aquando da criação da ANFA e quem são os principais parceiros da associação?
A principal dificuldade foi a falta de informação certa nas nossas instituições competentes, um diz que tens que fazer uma coisa e o outro diz outra coisa, mas acima de tudo foi necessário muito esforço do meu pessoal e muita disponibilidade minha para que se concretizasse o projeto ANFA.
Os principais parceiros são o Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol de Portugal, Federação Angolana de Futebol, Claque Magazine, algumas APF e a UNTA.

“Principais relatos dos jogadores são incumprimentos salariais, cláusulas ilícitas, duplicidade de contratos e maus-tratos por parte dos dirigentes”

Igor Nascimento com a camisola de Angola
Quais têm sido os principais problemas relatados pelos jogadores de futebol? Considera que tem havido muitos atropelos aos direitos dos atletas? Como avalia o atual estado organizativo de nosso futebol?
Os principais relatos são os incumprimentos contratuais, cláusulas ilícitas nos contratos, duplicidade de contratos por parte dos clubes - ou seja, o jogador ganha um certo valor no clube, mas o contrato que entra na FAF é com valores inferiores - e alguns jogadores reclamam maus-tratos por parte dos dirigentes, entre outros assuntos.
Outra queixa dos jogadores é que muitos clubes não lhes entregam as cópias dos contratos que assinaram reconhecidos pelo notário, tal como está previsto por lei.

Como é a relação da ANFA com os clubes, associações provinciais e a FAF? Quais são os principais obstáculos ou barreiras que a ANFA tem encontrado na execução da sua missão?
A relação com clubes e APFs de um modo geral tem sido boa, cada vez mais as pessoas vão entendendo o nosso papel e vão respeitando. Não temos tido obstáculos nem barreiras de facto, apenas atrasos na resposta a cartas, tanto por parte da FAF como alguns clubes, que demoram muito tempo para tomar decisões.

“O que não fui para o futebol como jogador, vou procurar sê-lo como dirigente desportivo”

Que balanço faz da atuação da ANFA e quais são os projetos em desenvolvimento para o apoio a futebolistas desempregados?
O balanço da atuação da ANFA é positivo, é preciso lembrar que tomámos posse há sete meses. Aos poucos temos estado a conquistar a confiança dos futebolistas em Angola e da sociedade em geral, pois quando começámos com o processo da criação da ANFA havia muita gente que não acreditava no projeto e muito menos em nós que somos os líderes, mas hoje muita gente já mudou de opinião, já começam a perceber que não estamos no futebol para ser mais uns, mas viemos para trabalhar de facto em prol dos futebolistas e do futebol angolano. Hoje os jogadores começam a sentir de facto a ANFA como um suporte que veio para ajudá-los, o número de jogadores a procurar os nossos serviços aumentou, apesar de estarmos ainda distante dos números preconizados por nós.
Quanto aos projetos, o que temos em carteira é a realização do estágio do futebolista, algo que em função da pandemia da Covid-19 muito provavelmente não irá acontecer, por causa das condições de biossegurança que infelizmente não temos condições para criar.
A filiação oficial da ANFA à FAF também será um ganho e prevemos também a criação de parcerias e outros protocolos com algumas instituições nacionais e internacionais no âmbito do nosso trabalho.
O que não fui para o futebol como jogador, vou procurar sê-lo como dirigente desportivo, porque muito provavelmente a minha carreira com todas as vivências que tive tanto em Angola como no exterior do país foram apenas o percurso que eu tinha de fazer para poder melhor contribuir para o futebol fora dos campos.


Entrevista realizada por Romilson Teixeira

















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