domingo, 23 de fevereiro de 2020

A minha primeira memória de… um jogo entre Sevilha e Getafe

Jogo entre Sevilha e Getafe de agosto de 2007 marcado pela tragédia
Nunca assisti (via transmissão televisiva ou ao vivo) a um jogo entre Sevilha e Getafe, mas lembro-me de um que ficou na memória pelos piores motivos. Aconteceu a 25 de agosto de 2007, no Estádio Ramón Sánchez Pizjuán, e ficou marcado pela morte do futebolista sevilhista Antonio Puerta, aos 22 anos.


Recordo-me de ter sido noticiado o desmaio do lateral/médio esquerdo junto à linha lateral aos 28 minutos de jogo e a consequente recuperação vários segundos depois. O companheiro Ivica Dragutinovic foi rápido a desenrolar-lhe a língua, impedindo que esta provocasse asfixia, perante a perplexidade de cerca de 40 mil espetadores.

Puerta acabou por abandonar o campo pelo próprio pé, acompanhado pela equipa médica do Sevilha, tendo sido depois transportado para o hospital. Na altura, pensava-se que o pior já tinha passado, mas não. Puerta sofreu mais cinco desmaios e acabou mesmo por morrer, três dias depois.

Devido à morte do jovem futebolista, foi cancelado o jogo da noite da trágica notícia entre Sevilha e AEK Atenas, da 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões.

Além de ser um jogador da casa, natural de Sevilha e formado no clube, Puerta era querido dos adeptos por ter sido o autor do golo que qualificou o emblema andaluz para a sua primeira final europeia em 44 anos, quando a 27 de abril de 2006 deu a vitória, já no prolongamento, sobre os alemães do Schalke 04 numa meia-final da Taça UEFA. “O golo que mudou as nossas vidas”, foi como ficou conhecido esse remate certeiro por parte dos adeptos sevilhistas.


Antonio Puerta vivia, pois, um bom momento desportivo. Em outubro do ano anterior, teve a oportunidade de se estreia pela seleção principal de Espanha num jogo diante da Suécia, em substituição de outro produto da cantera sevilhista, o malogrado José Antonio Reyes. E tinha acabado de renovar e melhorar o contrato com o seu clube de sempre.

A nível pessoal, estava a apenas dois meses de assistir ao nascimento do seu primeiro filho, que acabou por vir ao mundo a 21 de outubro.

Depois da morte, as homenagens sucederam-se. O governo espanhol condecorou-o com a Medalha de Mérito Desportivo. O Sevilha anunciou a intenção de retirar a camisola 16, que era utilizada por Puerta, até que o seu filho completasse 18 anos, mas as regras da Federação Espanhola e da Liga Espanhola impedem que um número seja retirado. Porém, o emblema andaluz encontrou outra forma de homenagear o seu antigo jogador, criando o Troféu Antonio Puerta, que se disputou pela primeira vez em agosto de 2008, entre Sevilha e Málaga, as equipas que se defrontaram no jogo em que Puerta se estreou na I Liga espanhola.  









Sem comentários:

Enviar um comentário