quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

A minha primeira memória de… um clássico entre Benfica e Boavista

Benfiquista Van Hooijdonk e boavisteiro Litos em duelo aéreo
Não assisti de forma alguma ao primeiro jogo entre Benfica e Boavista de que tenho memória, mas tenho bem presente o resultado e algumas das circunstâncias que rodeavam o encontro. Realizou-se a 23 de setembro de 2000 e, mais do que o desfecho, ficou marcado pela estreia de José Mourinho como treinador principal.


O presidente benfiquista de então, Vale e Azevedo, tinha acabado de despedir o conceituado Jupp Heynckes após um início de época pautado por maus resultados e pobres exibições. O alemão até se despediu com uma vitória, ainda que bastante sofrida na receção ao Estrela da Amadora – dois golos do avançado holandês Pierre van Hooijdonk ao cair do pano depois de um golo inaugural do estrelista Djalma aos 79 minutos -, mas para trás ficaram derrotas com FC Porto (0-2) e com os suecos do Halmstads (1-2), um empate em Leiria (1-1) e um triunfo caseiro sobre o Beira-Mar (4-1).




“O Boavista aumentou para dez o número de jogos consecutivos sem perder com o Benfica, derrotando a equipa do estreante José Mourinho por 1-0, graças a um golo marcado logo no primeiro remate do jogo por Duda, um avançado que há uns anos não serviu a Souness, mas que fez sábado o terceiro tento no campeonato. Uma desatenção defensiva nos minutos de entrada neste arrojado 4x3x3 que Mourinho trouxe de Barcelona para a Luz foi fatal a um Benfica que ainda completou a primeira parte na mó de cima, mas que se foi abaixo quando foi necessário recorrer às substituições”, escreveu o Record na crónica do jogo.


“Níveis de confiança estão muito baixos. Mais que uma chicotada psicológica, esta equipa precisa de uma chicotada metodológica”, afirmou o treinador setubalense após o encontro. Mais tarde, Mourinho disse que o relatório que recebeu do departamento de scouting do clube não incluía informações sobre o jogador boavisteiro em melhor forma, o médio boliviano Erwin Sánchez: “A observação do Benfica apresentou um relatório com 10 jogadores do Boavista. Só faltava o Sanchez... que era apenas o melhor. Fiquei pasmado.”

Após esse encontro, o Boavista subiu ao quinto lugar, passando a totalizar dez pontos. O Benfica seguia em oitavo, com sete. Cinco meses depois, aquando do duelo na Luz, já era Toni o técnico encarnado, as águias estavam na vice-liderança, a dois pontos do líder... Boavista.

O jogo era aguardado com grande expetativa, mas ficou marcado pelo pragmatismo das duas equipas e, no final, registou-se um empate a zero. “Deceção. Axadrezados intocáveis na liderança com empate justo num jogo repleto de nervos e falta de ousadia”, escreveu O Jogo.


Depois desse encontro, o Boavista venceu 10 dos 11 jogos que se seguiram e foi campeão pela primeira e única vez vez. Já o Benfica perdeu os três jogos seguintes, apenas somou mais 10 pontos nas 12 jornadas que se seguiram e terminou o campeonato em sexto lugar, naquela que foi a pior classificação de sempre da equipa principal.



























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