terça-feira, 15 de outubro de 2019

Pjanic. O regista da Juventus no pós-Pirlo

Pjanic trocou a Juventus pela AS Roma no verão de 2016
É comum ver no futebol italiano o organizar de jogo de uma equipa a atuar imediatamente à frente da linha defensiva, como médio mais recuado. Na terminologia do calcio, a essa função dá-se o nome de regista e nas últimas duas décadas teve em Andrea Pirlo um mestre a desempenhá-lo.


Tanto no AC Milan como na Juventus ou até mesmo na seleção italiana, Pirlo era simultaneamente o médio mais recuado e o mais criativo da sua equipa, algo habitual em solo transalpino mas que no restante planeta futebolístico pareceria um contrassenso. Já imaginaram o Barcelona de Guardiola com Xavi atrás de Busquets? Ou o Real Madrid de Zidane com Modric atrás de Casemiro? Pois é.

O facto de o regista ser o centrocampista mais recuado, porém, não faz dele o mais defensivo. No caso de Pirlo, era Gattuso e até mesmo Seedorf no AC Milan e Vidal e Pogba ou Marchisio na Juventus que faziam o chamado trabalho sujo, ou seja, que ficavam com maior responsabilidade nas tarefas de cobertura.

Se nos rossoneri nunca houve mais alguém a desempenhar as mesmas tarefas de Pirlo a um nível elevado, a Juve recrutou Miralem Pjanic à Roma no verão de 2016 e transformou o bósnio no seu novo regista, num processo iniciado por Massimiliano Allegri e ao qual Maurizio Sarri está a dar continuidade.

É Pjanic, que na capital italiana atuava uns metros mais adiantado, quem pensa o jogo da vecchia signora ainda no primeiro terço do campo, à frente dos defesas, e distribui passes bem calibrados a curta e longa distância, assumindo igualmente protagonismo na execução de bolas paradas – mais em cantos e livres laterais do que propriamente livres diretos, não por não se tratar de um especialista mas porque na formação de Turim o dono da bola é Cristiano Ronaldo.


Os perfis de Pirlo e Pjanic têm essas semelhanças, mas também muitas diferenças. A classe, a visão de jogo e a precisão de passe do antigo camisola 21 estão apenas ao nível dos pré-destinados, mas o bósnio, que não deixa de ter um nível bastante satisfatório nesses parâmetros, compensa essa décalage para o italiano com mais alguma rotatividade, agressividade defensiva e chegada ao último terço do campo.

Tal como Pirlo, Pjanic também tem quem lhe faça o trabalho sujo, nomeadamente Khedira e Matuidi, dois médios que jogam uns metros à frente mas que passam os encontros em constantes vaivéns de área a área para acrescentar soluções ao ataque e assumir um papel importante nas tarefas de coberto durante o processo defensivo.












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