quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Os três argentinos que jogaram no Vitória FC antes de Mansilla

Apenas três jogadores argentinos vestiram a camisola do Vitória
Se há algo que o reforço sadino Brian Mansilla não se poderá queixar é de um legado pesado deixado por jogadores argentinos no Vitória de Setúbal. Em toda a história, foram apenas três e nem um deixou propriamente saudades. Para se ter a noção, o que teve mais sucesso não foi além de 20 jogos. Os outros não chegaram a atingir a dezena de partidas com a camisola verde e branca. Neste trio, não há uma única final para amostra e até há um que desceu de divisão.


Filpo Núñez
Com treinadores argentinos as coisas correram ligeiramente melhor. Filpo Núñez assumiu o comando técnico em junho de 1962, estreou-se com uma derrota na final da Taça de Portugal desse ano ante o Benfica de Eusébio (0-3), esteve no primeiro jogo europeu de sempre do Vitória nas competições europeias e despediu-se um ano depois de ter chegado, com um 9.º lugar no campeonato. Antes, Núñez tinha levado o Leixões à conquista da Taça de Portugal. Depois, tornou-se o único estrangeiro a ter orientado a seleção brasileira.

O substituto de Núñez também veio da argentina: Francisco Reboredo. Antigo médio de FC Porto e Deportivo da Corunha, orientou os dragões antes de ter dirigido o Vitória nas primeiras 15 jornadas da I Divisão em 1963-64. Deixou os setubalenses no 6.º lugar, bem perto dos lugares de acesso às competições europeias, para ir adjuvar Anselmo Fernández no Sporting que haveria de vencer a Taça das Taças nessa temporada.

Mas voltando aos futebolistas argentinos, até os das equipas adversárias trazem más memórias. O nome de Miguel Perrichon ainda deve provocar alguns nós nos estômagos dos adeptos vitorianos que presenciariam a derrota na final da Taça de Portugal de 1965-66 frente ao Sp. Braga. Ainda assim, vale a pena recordar os três que vestiram a camisola sadina.

Daniel Wild (1 jogo)

Daniel Wild
A história deste argentino no Vitória foi tão curta que descobrir uma fotografia dele num qualquer portal na Internet é como encontrar uma agulha no palheiro. No zerozero a indicação é de que foi avançado, no ForaDeJogo escrevem que a posição dele era lateral esquerdo e numa conta de Facebook afeta ao Vasco da Gama de Sines recordam-no como central.
Tudo isto é muito confuso. Bastante mais simples é encontrar o único jogo em que foi utilizado, a 3 de março de 1991, numa visita a Chaves de má memória, em que o Vitória perdia por 3-0 à passagem do minuto 36, quando Quinito resolve tirar de campo… Daniel Wild. E pronto, é esta a história do primeiro argentino na história dos sadinos, logo numa temporada que culminou com a despromoção à II Liga.
Depois disso, seguiram-se quatro briosas épocas no Vasco da Gama de Sines, as duas primeiras na II Divisão B e as duas últimas na III Divisão. Foi o antigo avançado vitoriano Vítor Madeira, na altura treinador dos sineenses, quem o levou para o Litoral Alentejano. Os vascaínos têm uma enorme admiração por ele, lembrando-o como “jogador leal, com espírito de liderança, combativo e agressivo nos duelos” e como um “patrão da defesa, fortíssimo nas dobras, intransponível”.

Carlos Bossio (20 jogos)

Carlos Bossio
Guarda-redes internacional argentino, representou a seleção albiceleste ao lado de nomes como Javier Zanetti, Roberto Ayala, Ariel Ortega, Gabriel Batistuta, Hernán Crespo, Diego Simeone ou Claudio Caniggia. Esteve na Copa América e na Taça das Confederações de 1995, assim como nos Jogos Olímpicos do ano seguinte. Chegou a Portugal pela porta do Benfica, no verão de 1999, mas a concorrência de Robert Enke, um atraso no pagamento das águias aos Estudiantes, erros e uma média alta de golos sofridos por jogo em nada o ajudaram.
Após duas temporadas na sombra do alemão, Bossio é emprestado em agosto de 2001 ao Vitória de Setúbal, então recém-promovido à I Liga e que tenha em Marco Tábuas e Cândido outras opções para baliza. “Tenho ganas de trabalhar muito nesta nova equipa e vou com certeza poder mostrar que tenho categoria para apagar, de uma vez por todas, a imagem que poderá estar um pouco distorcida”, afirmou, na chegada ao Bonfim.
Chiquito agarrou a titularidade assim que chegou, logo à 4.ª jornada, e somou 20 encontros consecutivos no campeonato, nos quais sofreu apenas 11 golos, uma média fantástica para uma equipa como a dos sadinos. Ainda assim, Luís Campos tirou-lhe a titularidade e deu-a a Marco Tábuas. A média de golos sofridos por jogo piorou, mas curiosamente os setubalenses conseguiram dar um salto na classificação.

César La Paglia (5 jogos)

César La Paglia
Mais um caso de um jogador argentino que chegou ao Bonfim com algum currículo.   La Paglia era internacional pelas seleções jovens do seu país e tinha passado cinco anos pelo Boca Juniores, clube pelo qual venceu vários torneios, incluindo a Copa Libertadores em 2000, ao lado de nomes como Hugo Ibarra, Walter Samuel, Juan Román Riquelme ou Martín Palermo.
Também passou pelo Tenerife, da II Liga espanhola, antes de chegar a Setúbal no verão de 2006. “Sou um atleta criativo, que gosta de pensar o jogo”, disse Leche no dia em que foi apresentado. No Vitória, o médio ofensivo não foi além de cinco jogos disputados, todos para o campeonato e com um denominador comum: a derrota.
Depois de uns míseros 231 minutos, voltou à América do Sul em janeiro, mas não voltou a ser feliz. Na verdade, só se deu bem num clube durante toda a carreira, o Talleres de Córdoba, que representou entre 2001 e 2003.

Além destes três, houve pelo menos outros dois que estiveram no Vitória mas que não chegar a realizar um único encontro oficial.

Adrián Giampietri
No verão de 2002, o médio ofensivo Adrián Giampietri chegou ao Bonfim proveniente do Quilmes, do seu país, e com a promissora alcunha de La Maquina. “Já há algum tempo que o observávamos. Tem cartel e qualidade”, chegou a dizer Luís Campos, treinador dos setubalenses na altura. O jogador argentino, então com 23 anos, efetuou dois jogos ainda sem contrato, frente ao Belenenses no Torneio da Amora e diante do Benfica no Torneio do Guadiana, e disse ter ficado “admirado com a dimensão do clube”, mas a direção sadina acabou por decidir não concretizar a contratação.



Cristian Tissone
Mais recentemente, em junho de 2015, o Vitória garantiu a contratação do central Cristian Tissone, que tinha jogado no Anadia (Campeonato de Portugal) na época anterior, após passagens por clubes italianos e espanhóis. “Hoje é um dia de enorme felicidade. Jogar na I Liga sempre foi um objetivo e o Vitória está a dar-me essa oportunidade. Apesar de não ser português, sempre ouvi falar da importância deste clube a nível nacional e internacional”, afirmou o argentino, que não chegou a estrear-se nem pelos sadinos nem no primeiro escalão português. Durante a época 2015-16, o melhor que conseguiu foi sentar-se no banco numa visita ao Estoril. Depois voltou ao Anadia. Melhor carreira tem feito o irmão Fernando Tissone, que jogou por Udinese, Atalanta, Sampdoria, Maiorca, Málaga, Desp. Aves e Nacional da Madeira.























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