Lucas Evangelista. V. Guimarães ganha médio cerebral e artista

Lucas Evangelista cedido aos vimaranenses até final da época

A passagem de Ivo Vieira pelo Estoril culminou na despromoção à II Liga, mas na retina ficou o futebol apoiado, de toque e posse, desde o guarda-redes até aos atacantes. O estilo, atrativo e arrojado, expôs a qualidade técnica de cada jogador e fez com que os mais habilidosos conseguiram valorizar-se. E, no plantel canarinho, o mais hábil era Lucas Evangelista, que no final da época se transferiu dos italianos da Udinese, que o tinha cedido aos estorilista, aos franceses do Nantes por quatro milhões de euros.

A época em França, porém, não correu bem, e agora o médio internacional sub-20 brasileiro foi cedido ao Vitória de Guimarães, onde vai reencontrar o treinador que mais o valorizou na Europa. Estará cedido até ao final da temporada, mas os vimaranenses salvaguardaram uma opção de compra.

Aos 24 anos, o talentoso esquerdino tem características que facilmente o podem rotular de clube grande. Só a forma como trata a bola, com aquele jeito açucarado tão típico dos nativos de terras de Vera Cruz, deixa água na boca. Os seus passes precisos, a capacidade para proteger a redondinha e o rendilhado drible curto deliciaram quem assistiu aos jogos do conjunto do concelho de Cascais em 2017-18. Mais: é um especialista em remates de meia distância – marcou três golos (e que golos!) de fora da área na anterior passagem pela I Liga -, livres diretos incluídos.

Lucas Evangelista tem, sem dúvida, uma veia artística, mas também muita inteligência. À tal precisão de passe, acrescenta um critério que visa a progressão no terreno e a entrada da bola no espaço vazio. Às já referidas capacidades de drible, remate e para segurar a bola, junta o discernimento necessário para decidir entre acelerar ou pausar o jogo, queimar linhas ou contemporizar, mastigar um pouco mais os ataques ou alvejar a baliza. Por outras palavras, é igualmente um jogador cerebral.

E até porque também trabalha muito defensivamente, pressionando e condicionando a fase inicial de construção do adversário, poderá encaixar na perfeição como terceiro médio no 4x3x3 que Ivo Vieira tem utilizado na Cidade Berço. No momento ofensivo para estar mais próximo do último terço, no momento defensivo para ser um dos primeiros a pressionar.

Da passagem de Lucas Evangelista pelo Estoril, guardo na memória uma grande exibição numa vitória sobre o Sporting na Amoreira (2-0), que presenciei ao vivo. Já nos derradeiros minutos dessa partida, o treinador substituiu-o para que o jogador ouvisse os aplausos dos adeptos, mas estes foram além da salva de palmas e refletiram toda a admiração pelo médio através de um cântico que disse tudo: “Muito obrigado!”