domingo, 18 de agosto de 2019

Da Ilha do Fogo veio a chama que iluminou o caminho ao dragão

Zé Luís, autor de um hat trick, em noite inspirada no Dragão
A necessitar urgentemente de reacender a chama para iluminar o caminho ao dragão após a eliminação na Liga dos Campeões e a derrota em Barcelos no arranque do campeonato, quis o destino que a principal figura do FC Porto fosse natural da cabo-verdiana Ilha do Fogo. Coube a Zé Luís, uma das três novidades no onze portista a par de Uribe e Romário Baró, dar não só um grande pontapé como também duas valentes cabeçadas na crise a uma semana da importante visita à Luz.


Contratado neste verão ao Spartak Moscovo por 8,5 milhões de euros, chegou ao Dragão em torno de alguma desconfiança, devido a um passado não muito vistoso em Portugal e números não muito impressionantes no futebol russo. Sérgio Conceição, que já o tinha orientado em Braga, até teve de vir a público justificar que o avançado internacional por Cabo Verde foi um pedido seu à direção liderada por Pinto da Costa ainda antes de as negociações estarem concluídas. No entanto, já vai mostrando serviço. Na pré-época deu nas vistas com um grande golo de pé esquerdo ao Betis, na passada terça-feira entrou no final da primeira parte fez de cabeça o 1-3 frente ao FC Krasnodar e este sábado terá desfeito de vez a desconfiança dos adeptos e da crítica.

Com um disparo certeiro de fora da área inaugurou o marcador aos 11 minutos, dilatou a vantagem aos 20' através de um cabeceamento de execução difícil e já no decorrer da segunda parte utilizou a cabeça para completar o hat trick (63'). Uma noite de sonho para Zé Luís, fortemente ovacionado no momento em que foi substituído pelo jovem Fábio Silva.

Contudo, o novo goleador portista não fez tudo sozinho. Os seus primeiros dois golos foram o culminar de um grande início de jogo dos vice-campeões nacionais, que exerceram pressão alta, mostraram uma reação muito forte à perda da bola e circularam a bola com grande intensidade. Antes de os dragões chegarem à vantagem, já Zé Luís tinha visto Makaridze negar-lhe o golo com uma defesa por instinto (2'), Alex Telles enviado uma bola ao poste e na recarga Marcano rematado para um corte providencial de Mano sobre a linha de golo (8').

Do outro lado estava um Vitória de Setúbal impotente, que abdicou do 4x4x2 losango que tem utilizado quase sempre desde que Sandro Mendes é treinador para apostar num 4x3x3, com o intuito de explorar a velocidade de Zequinha e Berto, bem abertos nos flancos. A ideia de jogo ofensiva dos setubalenses passou essencialmente por aí: lançar os extremos em velocidade em saídas rápidas para o ataque. Como diria o atual treinador do Shakhtar Donetsk, Luís Castro, "uns chutos para a frente e três à pesca para ver se fazem golos". E neste caso, o terceiro elemento, o ponta de lança marroquino Hachadi, mal tocou na bola. Só quando o FC Porto já vencia por 2-0 e tirou um pouco o pé do acelerador é que os vitorianos foram capazes de chegar às imediações da baliza de Marchesín.


Ao intervalo, Sandro deu sinal de alguma ambição ao trocar um médio defensivo (Leandro Vilela) por outro mais ofensivo (Carlinhos), mas o FC Porto dissipou as dúvidas com dois golos de rajada pouco depois da hora de jogo. Após o hat trick de Zé Luís, marcou outro reforço que tem dado muito boas indicações, Luís Díaz, a responder a um cruzamento atrasado de Marega.

Com uma vitória gorda, o FC Porto cumpre uma tradição que dura há 30 anos. Não perder com o Vitória de Setúbal, em casa ou fora e em qualquer competição. São já 57 jogos de jejum para os sadinos, que nesta sequência o melhor que só por seis vezes arrancaram o empate.

A figura: Zé Luís

Quem mais poderia ser? Depois das boas indicações dadas a meio da semana frente ao Krasnodar, em jogo em que entrou no final da primeira parte, foi aposta de Sérgio Conceição no onze inicial e correspondeu com três golos. O primeiro surgiu aos 11 minutos, através de um remate forte e colocado de fora da área, mas poderia ter aparecido logo aos dois, quando viu o guarda-redes sadino Makaridze evitá-lo com uma grande intervenção.

Não totalmente satisfeito, mergulhou para o 2-0 aos 20' e voltou a utilizar a cabeça para completar o hat trick aos 63'. Para quem suscitou dúvidas tendo em conta currículo, idade (28 anos) e custo (8,5 milhões), quatro golos nos primeiros quatros encontros oficiais da temporada é um registo que lhe vai dar bastante mais crédito.

Depois de um belíssimo golo de pé esquerdo ao Betis na pré-época, tem mostrado também que é capaz de alvejar a baliza contrária de várias formas e feitios.



Veja o resumo do jogo




Ficha de jogo

Jogo no Estádio do Dragão, no Porto.

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Assistência: 38.820 espetadores.

FC Porto: Marchesín; Corona, Pepe, Marcano e Alex Telles; Romário Baró (Nakajima, 67), Uribe, Danilo e Luis Díaz; Marega (Soares, 72) e Zé Luís (Fábio Silva, 78)


Vitória de Setúbal: Makaridze; Mano, Artur Jorge, Bruno Pires e Sílvio; Leandro Vilela (Carlinhos, 46), Nuno Valente e Éber Bessa; Zequinha, Berto (Mansilla, 67) e Hachadi (Guedes, 78)

Treinador: Sandro Mendes

Marcadores: 1-0, Zé Luís, 11 minutos; 2-0, Zé Luís, 20; 3-0, Zé Luís, 63; 4-0, Luis Díaz, 64.

Disciplina: Cartão amarelo a Artur Jorge (45+1) e Mano (77)




















Sem comentários:

Enviar um comentário