quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Bas Dost. As dúvidas depois de tantas certezas de golos

Bas Dost apontou quase 100 golos em três anos em Alvalade
Falar de Bas Dost é falar de golos. Das finalizações irrepreensíveis ao primeiro poste, da forma como faz valer o 1,96 m para cabecear certeiro, da serenidade com que bate as grandes penalidades e do denominador comum a todos estes tipos de concretizações: a arte com que coloca a bola fora do alcança dos guarda-redes.

Os números falam por si e, na história recente do Sporting, só fazem lembrar os de Mário Jardel. Foram 93 golos em 127 jogos, numa média de um golo a cada 108 minutos. Se contabilizarmos apenas as partidas na I Liga, o registo ainda é mais impressionante: foram 76 em 84 jogos, o que se traduz em um golo a cada 91 minutos.


E a cadência goleadora do avançado holandês de leão ao peito não foi maior porque decidiu voltar atrás após rescindir unilateralmente com o clube no verão do ano passado, na sequência da invasão à Academia a 15 de maio de 2018, pois cumpriu uma última temporada irregular. Chegou tarde à pré-época, esteve várias vezes lesionado e acusou falta de confiança em determinados momentos, nomeadamente na fase final.

Esse menor fulgor exibido em 2019, associado a um salário pornográfico para a realidade do clube e do futebol português, fizeram com que os responsáveis verde e brancos o quisessem transferir para outras paragens. Depois de algum impasse durante o defeso, o goleador holandês saiu para o Eintracht Frankfurt, voltando assim à Alemanha, onde já tinha passado com algum sucesso pelo Wolfsburgo entre 2012 e 2016, precisamente antes de rumar a Alvalade.

Apesar da preocupante curva descendente que vinha a exibir a nível de performances, os sportinguistas nunca perderam a esperança que Bas Dost voltasse a ser o Bas Dost que os tinha habituado com golos em catadupa. As finalizações de grande nível na final da Taça de Portugal, diante do FC Porto, e no Troféu Cinco Violinos, frente ao Valência, mostraram que o gigante ponta de lança (1,96 m) não tinha desaprendido. Talvez fosse uma questão de confiança nele, por parte dele próprio e de quem o rodeia.

O treinador Marcel Keizer nunca o admitiu publicamente, mas os relatos que foram surgiram eram de que o técnico leonino preferia um avançado com outro perfil, como Luiz Phellype, também possante e, ainda que muito menos incisivo na zona de finalização, com mais qualidade a jogar de costas para a baliza e para participar em combinações à entrada da área.


No entanto, poderá colocar-se outro problema na equipa do Sporting. Até à contratação do brasileiro, quando Bas Dost estava ausente os leões viam-se obrigados a utilizar na frente de ataque um jogador radicalmente diferente, caso de Fredy Montero, muito mais móvel, mas a léguas do poderio no jogo aéreo e do killer instinct do holandês. Ou seja, eram obrigados a alterar radicalmente o seu modelo de jogo no processo ofensivo ou a continuar a cruzar constantemente bolas para a área como se Bas Dost lá estivesse. Com o recrutamento de Luiz Phellype, essa questão ficou atenuada, mas agora o conjunto de Alvalade volta a ver-se com apenas um avançado mais possante e alternativas radicalmente diferentes: Vietto e Diaby.
































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