Mathieu e a renovação que se exigia

Mathieu vai continuar a vestir de verde e branco até 2020

Depois de um longo impasse, especulação e recados através da imprensa, o Sporting dissipou as dúvidas na terça-feira: Jérémy Mathieu renovou por mais uma temporada. Se baixou o salário, foi aumentado, recebeu um prémio de assinatura chorudo ou se vai complicar as finanças da SAD, deixo para outros especularem e comentarem. O que me cabe salientar é que desportivamente foi uma ótima notícia para os sportinguistas.

O veterano central francês de 35 anos é um dos melhores e mais conceituados jogadores da I Liga, e não deixa de o ser mesmo que ninguém se lembre dele para o onze ideal da temporada. Se os leões têm na manobra ofensiva um Bruno Fernandes que resolve muitos problemas sozinho, é necessário não esquecer a estabilidade defensiva que o gaulês oferece e aos quais acrescenta atributos ofensivos do melhor que se pode encontrar num central.

Ainda que quem ande no futebol não goste muito de se guiar por números, é imperativo olhar para o que tem sido o Sporting com e sem Mathieu nestas duas temporadas que o ex-Barcelona leva de verde e branco. Com ele em campo, a turma de Alvalade tem uma média inferior de golos sofridos por jogo no campeonato e em todas as competições, tanto numa temporada como noutra, do que quando ele não joga. É fatual e, quando tantos números batem certo, não há grande margem para dúvidas. Basta observar a tabela em baixo.

O que estes números traduzem é uma fantástica sintonia com o companheiro de setor Sebastián Coates – há quanto tempo os leões não tinham uma dupla de centrais deste nível? -, Imponência no jogo aéreo no alto do seu 1,89 m, grande controlo da profundidade e um enorme conhecimento não só da sua posição mas também da de lateral e do jogo em si.

Bastante fiável, ao longo destes dois anos tem aportado ofensivamente qualidade na saída de bola, capacidade para gerar desequilíbrios ao romper pelo meio-campo adversário e mais uma belíssima opção para a execução de livres diretos e para o jogo aéreo na área contrária. Como não renovar com um jogador deste gabarito e que faz questão de frisar que quer continuar no clube?

Por muito que tenha sido contratado Neto, que é um internacional português, que se queira dar espaço à promessa Ivanildo Fernandes ou que Borja possa jogar como central pela esquerda, Mathieu não está apenas uns furos acima dos potenciais concorrentes. Está num nível muito superior e é claramente um jogador acima da média para o nosso campeonato.

É até com alguma expetativa que olho para o que o francês pode fazer na próxima época, uma vez que Marcel Keizer tem implementado um sistema de três centrais em alguns jogos mas reserva sempre para o antigo jogador de Sochaux, Toulouse e Valencia o lugar ao meio, de onde pode liderar melhorar o trio (geralmente com Coates à direita e Borja à esquerda) mas onde perde liberdade para sair a jogar, algo que faz tão bem. Se o Sporting conseguir reter o uruguaio, que não tem a mesma qualidade na saída de bola, seria muito interessante ver um trio composto por ele, Mathieu e o reforço Neto, que, não tendo a qualidade defensiva dos futuros companheiros, é outro defesa que se sente bastante confortável com a bola nos pés.