quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Golo de Pizzi é ou não válido? Pedro Henriques analisa as decisões

Frame do momento do fora de jogo assinalado a Rafa
Pedro Henriques, ex-antigo árbitro e atual comentador de arbitragem na SportTV, considera que o lance do golo anulado a Pizzi por fora de jogo é "no limite" e que a decisão do árbitro assistente Nuno Pereira foi influenciada pelo próprio posicionamento, adiantado em relação ao penúltimo jogador do FC Porto (Óliver Torres). Na altura, este lance polémico, a ser validado, daria o 2-2 ao Benfica, que acabou por perder o jogo das meias-finais da Taça da Liga por 3-1.


"Em primeiro lugar, o árbitro assistente seguiu o que está protocolado: se ele acha que é fora de jogo, deixa a jogada prosseguir até ao fim e depois levanta a bandeirola. Isso permite a intervenção do videoárbitro, porque se o jogo tivesse sido interrompido antes, nada poderia ser alterado. O árbitro assistente está adiantado em relação ao que devia ser a sua posição, estava mais à frente, e quando se está mais atrás ou mais à frente, a probabilidade de errar é muito maior, devido aos erros da paralaxe. O que é dito pelo International Board é que, em casos de lances no limite, deve beneficiar-se a equipa que ataca. Mas os árbitros não têm dúvidas: erram ou acertam, quando estão no campo têm a convicção de que o que estão a fazer é o mais correto. Este é um lance típico de limite", explicou o antigo juiz, 53 anos, ao DN.

O atual comentador da Sport TV diz que ficou "com a ideia de que Rafa estava em jogo" depois de ver o lance "sem as linhas virtuais", pois não consegue "detetar nenhuma parte do corpo do jogador do Benfica mais à frente em relação a Óliver", mas não tem 100% de certeza de que o atacante benfiquista estaria em jogo. "Dou claro benefício da dúvida à equipa de arbitragem, ainda que o árbitro assistente, não estando bem posicionado, não estaria nas condições ideais para ajuizar o lance. Mas é claro que é um lance que daria o 2-2 à beira do intervalo...", sublinhou.


"VAR não podia alterar decisão"

Por haver dúvidas, Pedro Henriques iliba o videoárbitro (VAR) Fábio Veríssimo. "O videoárbitro tem no protocolo, de forma bem explícita, que só pode alterar a decisão inicial da equipa de arbitragem se tiver a certeza de que se trata de um erro claro e óbvio. E se repararmos na análise de ex-árbitros que comentaram os lances, eles dividem-se na análise do fora de jogo. E se olharmos para as pessoas em geral, uns acham que está em jogo e outros que está em fora de jogo. Estamos perante um lance que, na realidade, é mesmo no limite, de difícil análise. Perante isto, o videoárbitro não podia alterar a decisão inicial. Para a contrariar, teria de ter a certeza que era um erro claro e óbvio. Por outro lado, se o golo fosse validado, o videoárbitro também não o poderia anular. Sendo um lance de fora de jogo, que é factual - ao contrário de lances de penálti, em que há dúvidas relativamente à existência e intensidade do contacto -, porque ou está ou não está, em 98% dos casos o árbitro recebe a informação do VAR e não consulta as imagens", explanou.

Por este tipo de casos ainda existirem, urge a existência de linhas virtuais que auxiliem o videoárbitro na tomada de decisão, mas esse upgrade no protocolo do VAR apenas poderia partir das instâncias internacionais. "Em Portugal ou noutro país qualquer não se podem traçar linhas para o videoárbitro. Obedece a um protocolo internacional. A FIFA tinha falado que iria disponibilizar uma tecnologia de fora de jogo para os diversos videoárbitros, mas ainda não o conseguiu porque o grau de fiabilidade em termos técnicos não é de 100%. Essa tecnologia não seria através de uma linha mas da divisão com cores entre a parte do campo em jogo e a parte em fora de jogo, e não a partir dos pés mas da parte do corpo que esteja mais à frente. Não sei se para a próxima época isso venha a ser uma realidade. Não faz sentido que o videoárbitro não tenha qualquer tecnologia e o espetadores em casa tenha uma ainda que não totalmente fiável", vincou Pedro Henriques.



























4 comentários:

  1. Então mas em caso de dúvida a regra não manda beneficiar o avançado? É que ainda não li ninguém que foque este "pequeno grande" pormenor.

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    1. mito é tentar fazer crer que um lance que é bastante visível na televisão que não há fora de jogo, seja um "caso de dúvida"...

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    2. Um mito é um ex-arbitro dizer, ou alguém por ele dizer, que é isento, quando se sabe que recebe avença de um clube, e que acha ético analisar lances de arbitragem desse clube.

      Um mito, é desdizer que se deva beneficiar o avançado em caso de duvida no fora de jogo, essa não é a letra da lei mas é o espirito da lei, e neste caso nem sequer é discussão que seja fora de jogo, excepto para quem julga que os pés é que definem o fora de jogo.

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