quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Palmelense da "loja dos trezentos" assume-se como outsider

Jaime Margarido vai para a segunda época em Palmela

Oitavo classificado na época de regresso à I Distrital, “o Palmelense é um clube que está a renascer”, salienta Jaime Margarido, 56 anos, reconduzido no cargo de treinador um ano após substituir o obreiro da subida, Flávio Baía dos Santos.

Técnico experiente e com passagens de vários anos pelos escalões de formação de Amora e Pinhalnovense, teve em 2017 a oportunidade de regressar ao futebol sénior - em que apenas tinha tido uma curta experiência na Medideira em 2004/05 na antiga II Divisão B -, mas ao mesmo tempo formar atletas.


Confuso? O homem do leme no Cornélio Palma explica. “O Palmelense não pode dar passos muito grandes e na parte financeira está muito limitado. Quando não há muito dinheiro, é complicado construir plantéis, mesmo numa I Distrital. Como é que funcionamos? O presidente quis recrutar um treinador experiente na formação, como é o meu caso, e buscar jogadores que andam por aí perdidos, que têm dificuldades no primeiro ano de sénior. E conseguimos construir uma equipa na loja dos trezentos, mas com bastante sucesso, de tal maneira que dos onze titulares só ficou um [o capitão João Pereira]. Ou seja, os dez tiveram propostas de clubes que pagam alguma coisa – a única coisa que pagamos é o transporte”, começou por contar a O Blog do David.

Para 2018/19, o popular clube de Palmela repetiu a fórmula que tão bem resultou na temporada anterior, mas a capacidade de Jaime Margarido para potenciar jogadores chegou aos ouvidos de empresários estrangeiros. “Este ano temos estado a construir o plantel da mesma forma, mas estamos a adotar um novo sistema, pois há jogadores estrangeiros que se querem mostrar e os empresários querem que eles se mostrem – temos um japonês [Okamura], um colombiano [Samith Fonseca], um egípcio [Ahmed Hosan] e dois sul-africanos [Scara e Swelly]”, explanou o técnico, que admite ser “mais difícil passar a mensagem aos jogadores estrangeiros”.


Sociedade das Nações aponta aos cinco primeiros

Apesar da juventude e de o balneário se ter transformado numa autêntica Sociedade das Nações, Jaime Margarido admite que a equipa “vai tremer um bocadinho, como é normal”, no início da época, mas que tem “qualidade” para “ficar nos cinco primeiros lugares”. “Pela análise que fiz à equipa, temos equipa para isso. E devido ao sucesso da época passada, este ano estamos a ter um problema: os jogadores mais novos passaram a palavra e todos os dias aparecem miúdos para treinar no Palmelense para ver se conseguem ficar na equipa. E quando há muita competitividade, também há muita qualidade”, acrescentou, ambicioso, considerando ter uma “equipa barata, com bons jogadores e a saber por onde caminha, com o presidente [João Paulo Santos] a dar passos pequenos e com o clube a renascer nas cinzas, depois da passagem pela II Distrital”.
 
Palmelense tem várias nacionalidades representadas no plantel
“Este projeto é muito interessante, porque é continuação da formação. Estou entusiasmo e tenho-me dedicado a isto”, confessou o treinador, julgando que a equipa “já assimilou 60 a 70 por cento” das suas ideias. “Os atletas já percebem o que nós queremos: uma equipa que gosta de ter bola, pressionar e reagir à perda da bola. Esse tipo de trabalho leva algum tempo a assimilar, sobretudo para jogadores que não passaram por essas ideias na formação. Mas estão a assimilar melhor do que o que eu esperava. Penso que a partir de dezembro vai ser muito difícil ganhar ao Palmelense”, vincou.

Pelo que tem observado nos jogos da Taça AFS, o técnico natural de Pinhal Novo considera que a sua equipa pode vir a ser “uma agradável surpresa”. “Estes jogos da Taça AFS são ouro para nós, precisamente para organizarmos a equipa e percebermos até onde poderemos ir. Somos mesmo outsiders”, vaticinou, perspetivando um campeonato “muito mais equilibrado do que no ano passado”, com candidatos à subida bem definidos, mas sem bichos papões. “O Barreirense tem bons jogadores como sempre, mas não é uma equipa que tenha jogadores para ganhar os jogos todos. O Fabril igual. E depois há equipas que são uma incógnita, mas que deverão andar lá por cima, como o Cova da Piedade B e o Oriental Dragon”, anteviu.

Quanto à Taça, o timoneiro dos palmelões lembra que na época passada a sua equipa foi eliminada sem perder um jogo. “Ganhámos os jogos todos da fase de grupos e só perdemos nos penáltis com o Amora. Fizemos uma boa Taça”, recordou, admitindo que há um ano havia “mais expetativas” em torno da competição. Ainda assim, o Palmelense só depende de si para chegar à segunda fase, bastando-lhe um empate caseiro com o Alcochetense no domingo (15.00).













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