Foto: fcbarreirense.com |
Quando esta tarde saí de casa
para ver o Barreirense-Pinhalnovense (CNS), tinha a expetativa de ver Neca
(reforço dos visitantes) em ação e depois, consoante o que visse, escreveria
umas linhas sobre o seu desempenho e recordaria um pouco a sua carreira. Saiu-me
o tiro pela culatra. Vi Neca, sim, mas
na bancada, a assistir ao jogo.
O tempo estava cinzento, ameaçava
chover, não convidava uma ida ao futebol e eu ainda não tinha entrado no Campo
da Verderena e já tinha apanhado uma desilusão. Lá entrei, lá assisti ao derby regional e cá estou eu a redigir
um textinho sobre um dos intervenientes. Apenas não é sobre Neca. É sobre Bruno
Severino.
Natural do Barreiro e formado no
Barreirense, regressava a casa ao serviço da turma do Pinhal Novo, aos 29 anos.
Não tendo a ficha de jogo na minha posse, foi dos poucos que reconheci. Afinal,
além de ser meu conterrâneo, tem no currículo passagens pelo Vitória de
Setúbal, Beira Mar, Aves e Covilhã, entre outros.
Desde o apito inicial que me
pareceu dos mais habilidosos e inconformados da sua equipa. Digo inconformado
porque destoou visivelmente dos seus companheiros pela sua dedicação e vontade
de reverter a situação na tabela classificativa (último lugar na Série H, com
zero pontos) e o resultado deste encontro em particular, que começou a ser desfavorável
desde bem cedo (8 minutos).
Por estar a assistir à partida bem
perto do relvado, conseguia perceber, pelas suas expressões faciais e corporais,
toda a ambição. Desmarcava-se, pedia a bola e quando a tinha tentava introduzir
intensidade e fazer com que a equipa avançasse. Defendia, atacava e sofria com
cada lance perdido. Impressionava.
No início do segundo tempo, apontou
o golo do empate e (46'), por estar de regresso a casa, pediu desculpa aos adeptos. Até
aí não fez a coisa por menos! A equipa sofreu o 1-2 dois minutos depois e ele, no
tudo por tudo, mostrava uma alma incrível. Tinha começado a extremo esquerdo,
mas a dada altura já aparecia por todo o lado a tentar dar uma linha de passe,
a fazer uma tabelinha ou simplesmente a arrastar marcações. Jogava por ele e
pelos outros.
Bruno Severino, extremo de 29 anos |
Apesar da vontade, foi o
Barreirense que voltou a marcar, fazendo o 3-1, com Bailão a aproveitar o
adiantamento (desnecessário e imprudente) do guarda-redes Rui Dabó para lhe
fazer um chapéu incrível (61'). Durante os festejos alheios, Bruno Severino abanava a
cabeça, ciente da injustiça que se estava a abater sobre si e de que a onda de
derrotas ia continuar.
Mas o extremo não perdeu a
vontade e lá continuou a lutar. Numa bola dividida, junto à linha lateral,
quando ia agarrar o esférico para reatar o encontro rapidamente, viu o
barreirense Ricardo Bulhão afastá-lo daquela zona, tentando perder algum tempo.
Frustrado e furioso por mais uma contrariedade, teve um tête-à-tête com o adversário, acabando por ver o cartão amarelo (83').
Adivinhava-se algo mais no
capítulo disciplinar e tal não demorou muito a confirmar-se. Pouco tempo
depois, após um mau alívio de um colega em zona proibida que isolava Bailão na
cara do guarda-redes pinhalnovense, correu desenfreadamente para fazer a falta
e evitar o 1-4. Acabou por ter uma entrada dura e foi expulso (85').
Uma expulsão que espelhou o
inconformismo de Bruno Severino, que mesmo sendo um jogador de ataque, que pisa
zonas afastadas da sua área, foi o primeiro a reagir e a correr para trás, em
trabalho defensivo, evitando a todo o custo que a derrota se tornasse goleada.
Se era necessária entrada tão
dura? Se se deixou levar pelo nervosismo? Tudo isso é aceitável. Mas que faz
falta um jogador desta qualidade e ambição numa equipa que vai perder e sofrer
muitas vezes, disso não haja dúvidas. Que os colegas o acompanhem – certamente
Neca dará muito jeito -, que o Pinhalnovense não cairá nos distritais.
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