sexta-feira, 29 de março de 2013

Entrevista a Kaká (Pinhalnovense)


Nome: Carlos André Doce Egas Soares

Data de Nascimento: 24 de Maio de 1990 (22 anos)

Naturalidade: Barreiro

Nacionalidade: Portuguesa

Posição: Guarda-redes

Altura: 188 cm

Peso: 78 kgs

Clube atual: Pinhalnovense (desde 2012/13)

Clube anterior: Barreirense (2009/10 a 2012/13)



CARREIRA

David Pereira – O Kaká, se não estou em erro, fez toda a sua formação no Futebol Clube Barreirense, uma das referências do futebol juvenil da região. O que tem de tão especial a formação do clube para colocar com alguma regularidade equipas nas divisões nacionais e jogadores em patamares altos?
Kaká: O Futebol Clube Barreirense é um clube de grande renome a nível nacional pois é de como se um viveiro de jogadores se tratasse, tanto assim é que o Barreirense tem colocado inúmeros jogadores na rota do futebol profissional, mas, tudo isso se deve ao trabalho desenvolvido pelas pessoas que no clube atuam e pela predisposição dos atletas para melhorarem de dia para dia. Toda a criança da Região de Setúbal sonha um dia em poder fazer parte das escolhas do Futebol Clube Barreirense, eu tive essa sorte desde 1995 que ingressei no FCB e só esta época arrisquei por uma nova fase.


DP – Gonçalo Silva, atualmente internacional sub-21 e nos quadros do Sp. Braga, foi talvez o último jogador a saltar das camadas jovens do Barreirense para um patamar alto. Sendo ele praticamente um seu contemporâneo, já lhe perspetivava um futuro risonho?
K - Já sim, o Gonçalo era um jogador muito trabalhador, humilde, que tinha sempre bastante vontade de aprender e evoluir, tanto em prol de si mesmo como em prol da própria equipa. Tanto assim era que ela no seu último ano de Júnior já era presença normal nas escolhas do plantel Sénior como tal os “mais velhos” deram-lhe bastantes conselhos e conduziram-no ao Gonçalo de hoje em dia. Mas como o caso do Gonçalo poderia haver mais casos, mas o futebol também tem o seu quê de fator sorte, pois estando no sítio certo à hora certa tudo se desenvolve com maior facilidade…


DP – Que benefícios lhe trouxe a transferência para o Pinhalnovense? Sente-se realizado?
K - A transferência para o Pinhalnovense não é uma história de agora, pois na época de 2007/2008 o Pinhalnovense já tinha mostrado interesse em me contratar, tal não aconteceu por minha própria vontade pois dei prioridade à faculdade e mantive-me no Futebol Clube Barreirense. Nessa altura tinha eu 18 anos e tinha a possibilidade de ingressar num clube da II Divisão B. Mas este ano tudo se concretizou, recebi o convite em Novembro e ponderei muito bem antes de escolher, não me arrependo em nada da escolha que fiz pois já evolui bastante em aspectos que estavam estagnados, estou muito mais maduro e experiente no que toca à posição que desempenho. Outro aspecto que me fez optar pelo Pinhalnovense foi a visibilidade que a 2ªB tem sendo eu ainda um jovem guarda-redes de 22 anos.


DP – Quais as principais diferenças entre Barreirense e Pinhalnovense?
K - Em termos de infraestruturas o Pinhalnovense é uma estrutura que têm um pouco mais a oferecer que o próprio FCB, falo disto em relação ao plantel Sénior, o campo, ginásio, banhos, etc. Em termos dos próprios clubes penso que são idênticos sendo o FCB um clube com uma história bastante maior que o Pinhalnovense mas atualmente são equipas equiparadas.


DP – Acredita na permanência do Pinhalnovense na II Divisão? Quais são as principais dificuldades que a equipa está a sentir?
K - Não faria sentido sequer não acreditar na permanência do Pinhalnovense na 2ªB, trabalhamos para que isso aconteça todos os dias da semana sabendo que ao fim de semana é que conta. A fase má penso que já foi ultrapassada em termos de resultados desportivos, agora estamos numa maré de bons resultados apesar do desaire agora diante o Casa Pia.
O nosso grupo é um grupo bastante jovem onde num plantel de 22 jogadores figuram 15/16 jogadores com idades abaixo dos 22 anos, assim sendo falta um pouco mais de maturidade ao grupo, mas não é isto que explica os maus resultados, muito pelo contrário, é pela existência de valor que estamos a atuar na 2ªB. A pior dificuldade é a dificuldade financeira como em qualquer outro clube de hoje em dia, mas a essa dificuldade não quero dar importância


DP – Que jogadores do plantel da formação do Pinhal Novo sente terem fortes possibilidades de ingressar nos escalões profissionais brevemente?
K - Todos nós jogadores jovens sentimos grandes possibilidades de num curto espaço de tempo podermos dar o salto ambicionando algo mais evoluído. Valor não falta, sendo o Pinhalnovense um clube que em cada jogo dispõe de bastantes olheiros, empresários e diretores desportivos a assistirem. Sendo nós um plantel bastante jovem, com valor e com os resultados positivos a aparecerem é normal que chame mais pessoas a ver e quem sabe se a maioria não consegue dar esse salto tão ambicionado?! Mais tarde voltamos a falar sobre este assunto…


DP – Poucos meses após ter saído do Barreirense, José Carlos, o habitual titular, lesionou-se e foi o júnior Daniel Vital que o substituiu. Sente que se ainda estivesse no clube, poderia ser a grande oportunidade para agarrar o lugar? Ou nunca pensou nisso?
K - Sinceramente pensei mas a curto-prazo, pois sim, seria verdade que caso estivesse no clube teria sido a minha oportunidade para agarrar o lugar mas, não perdi o sono com isso, pois se optei por mudar foi por ser melhor para mim. Como é obvio a vontade de um jogador é sempre jogar o máximo tempo possível, cheguei ao Pinhal Novo e joguei, no primeiro jogo arranquei uma das melhores exibições da minha carreira, mas tudo isso acontece devido ao trabalho que está por trás. Posso afirmar que nestes poucos meses que estou no Pinhalnovense já evolui mais dos que nestes anos todos de FCB… pois há muita gente que pensa que o guarda-redes simplesmente serve para defender bolas e que não precisa de trabalho específico para desempenhar a sua função, o que de todo é uma mentira…


DP – Realisticamente, até onde pretende chegar?
K - Tenho a perfeita noção e consciência que posso atingir o nível profissional, trabalho todos os dias para que tal aconteça, mas veremos o que o futuro me reservará.


DP – É verdade que no início da época esteve perto de assinar pelo Vitória de Setúbal? Por que razão o negócio falhou?
K - Estive perto de poder ingressar no plantel à experiência com vista a assinar contrato profissional, mas não se concretizou devido à chegada do Pavel Kieszek, mas o que não me entristeceu pois esta possibilidade foi a minha valorização enquanto guarda-redes.


DP – Regressar ao Barreirense é um objetivo?
K - Não se trata de ser um objetivo, mas como é óbvio tenho o bichinho de voltar, quem sabe um dia mais tarde e se tal acontecer espero ser recebido de braços abertos, é um clube a quem devo muito mas também é um clube por quem eu dei muito mesmo.


DP – Até há data, qual foi o momento mais marcante da sua ainda curta carreira?
K - O momento que mais marcou a minha carreira foi a conquista da Taça Nacional de Interassociações pela Seleção de Setúbal… Estávamos na altura das grandes penalidades em pleno Estádio Nacional (Jamor) e tínhamos pela frente a selecção de Braga… Estávamos em desvantagem pois tínhamos falhado a primeira grande penalidade e naquela situação caso eles marcassem nós perderíamos, mas eu consegui defender a grande penalidade… senti um tremor enorme por todo o corpo tal não era a importância de ter defendido, no penalty seguinte marcámos e estávamos em vantagem agora caso eles falhassem nós sagrávamo-nos campeões e eu novamente consegui defender a grande penalidade… é algo que é difícil de explicar, é um conjunto de emoções que nos levam ao topo mas sempre de pés bem assentes no chão.  


DP – Tem ideia de quem terá sido o jogador que mais golos lhe marcou? Qual o ponta-de-lança que lhe causou mais pesadelos?
K - A pergunta deveria de ser feita a um ponta de lança pois eu é que sou o pesadelo deles (risos).
Não tenho ideia de ninguém que me tenha feito assim o grande número de golos para que eu considerasse um pesadelo!


DP – Quais foram os melhores amigos que fez no futebol?
K - Como em todo o lado há amizades que vão e outras que duram para a vida toda eu tenho a felicidade de ter criados grandes laços de amizades com diversos colegas… só quero referir aqui nomes que para mim apesarem de não estarem presentes foram, são e continuarão a ser grandes amigos falo do grande Mister Roleta, Bruno Frade, Ruben Jesus (nunca serão esquecidos) e de Fernando Varela! O resto sabem que realmente pode ou não contar comigo e eu com eles.


SER GUARDA-REDES

DP – O que é para si ser guarda-redes?
K - Ser Guarda-redes não é só uma posição, comandamos uma equipa, temos de transmitir segurança à mesma, e sabemos que não podemos errar, pois atrás de nós só existe o golo adversário.


DP – Um guarda-redes é uma posição especial pois habitualmente há um que joga com maior regularidade que os outros, dentro de um plantel, e ao contrário dos jogadores de campo, raramente há a hipótese de sair do banco de suplentes para ter alguns minutos. Por vezes passa pela cabeça desistir? Cria-se rivalidade com os outros guardiões?
K - Nunca me passou pela cabeça desistir, pois já estive nas duas situações e sei dirigi-las bastante bem e de uma forma bastante saudável. Trabalho da mesma forma seja eu titular, seja eu suplente, pois tenho sempre como objetivo evoluir cada vez mais. Criam-se rivalidades, mas as rivalidades criadas são positivas pois sabemos que basta deslizarmos uma vez que temos o nosso colega à espreita para agarrar o nosso lugar ou vice-versa. Sempre me dei bastante bem com os meus colegas da mesma posição nunca foram criados atritos por serem considerados “inimigos”.


DP – Quais pensa serem os seus melhores atributos e os aspetos em que tem de especialmente melhorar?
K - Considero-me um Guarda-Redes estilo moderno, gosto de jogar fora da baliza, tecnicamente bastante evoluído, forte no jogo aéreo, boa capacidade de impulsão e visão de jogo. Muito rápido e ágil entre os postes, nunca dando um lance como perdido. Forte tecnicamente com os pé direito apesar de utilizar o esquerdo também. Rápido a decidir sem receio de disputar qualquer lance. Grandes competências em  bolas paradas, tanto livres como penaltys. Tenho uma boa flexibilidade e agilidade, acompanhada de uma vertente psicológica bastante forte, concentração sempre a um nível elevado.


DP – Sente que o papel de um treinador de guarda-redes pode ser fundamental na evolução de um jogador que atue nessa posição? Quem foi o melhor que o treinou e mais o fez evoluir? É algo que pretende fazer no futuro?
K - O papel do treinador de guarda-Redes é fundamental na evolução do guarda-redes, pois tem bastantes especificidades que necessitam de ser treinadas à parte do restante plantel. Devo a minha evolução a dois treinadores que me potenciaram para o que sou hoje, Fábio Fernandes e Oliveira.  O Guarda-Redes tem de ser visto hoje em dia com o último homem da defesa e o primeiro do ataque! Não basta trabalhar a componente técnica se o guarda-redes não consegue “ler” os momentos do jogo e aplicar a sua técnica individual nos momentos corretos e um bom treinador de guarda-redes é fundamental para potenciar tais capacidades.


DP – Quem é para si o melhor guarda-redes do mundo? E em Portugal?
K - Não tenho um nome que apareça só a nível mundial, mas destaco três grandes nomes da atualidade: Iker Casillas, Buffon e Peter Cech… A nível Nacional também são três os nomes: Artur Moraes, Helton e Oblak. Mas o meu grande ídolo desde criança sempre foi Michael Preud’Homme.


GERAL - FUTEBOL

DP – O que pensa sobre o fim da III Divisão? Uma medida justa que proporcionará campeonatos distritais mais fortes ou uma transformação radical e exagerada no panorama do futebol nacional?
K - Sinceramente não tenho opinião formada em relação a isso, mas a meu ver penso que os distritais ficarão mais fortes e só se safará quem investir da melhor maneira pois vai ser uma quantidade exorbitante de equipas a disputar tal campeonato… dando assim também maior competitividade à II Divisão, o que é bastante melhor!


DP – O que falta ao distrito de Setúbal para colocar equipas nos escalões profissionais?
K - Para esta pergunta só tenho uma curta resposta… Apoios e Financiamentos! Nada mais.


DP – Sei que é adepto do Benfica. Está confiante na conquista do título? O que poderão fazer os encarnados na Liga Europa?
K - Penso que o Benfica poderá alcançar o título de Campeão Nacional da corrente época, pois o Porto já escorregou mais do que devia, e devido à grande rotação que Jorge Jesus tem elaborado nas diferentes frentes, isso poderá ser benéfico para esta importante ponta final de campeonato. Na Liga Europa eu aposto num Benfica – Chelsea na Final, mas vamos esperar para ver pois o mais importante é mesmo o Campeonato Nacional.


DP – Acredita que Portugal estará no Mundial 2014?
K - Como todo o português sim acredito, nestes últimos anos Portugal têm nos habituado a fazer qualificações de nível médio baixo mas conseguindo sempre o mais importante que é a qualificação e sei que para o Mundial de 2014 o mesmo vai acontecer.


DP – Que opinião tem sobre a página no facebook “Futebol no Barreiro” (https://www.facebook.com/FutebolNoBarreiro)?
K - Penso que é uma iniciativa bastante benéfica e que hoje em dia mais deveria de haver cada vez mais para dar enfase a noticias não só de foro futebolístico, mas também de outras generalidades que passam despercebidas a muita gente. Vocês com o desenvolvimento deste trabalho estão a dar mostra de grandes competências e credibilidade. Desde Já agradecer ao David Pereira pela elaboração desta entrevista.


IPS – ESE

DP – Licenciou-se em Desporto na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal. Que avaliação faz da instituição, escola e curso?
K - É um instituição à qual não tenho nenhum comentário negativo para tecer, sempre se mostrou disponível a quando do aparecimento de um qualquer problema. O curso de desporto é um curso que a meu ver ainda pode ser mais desenvolvido para no futuro quem de lá saia traga conhecimentos mais profundos e uma maior capacidade para aplicar no campo de trabalho.


DP – Pretende fazer o mestrado? Nessa instituição ou noutra?
K - Pretendo tirar o mestrado em Educação de 2º e 3º ciclo na FMH, visto que desde criança que tenho o sonho de ser Professor de Educação Física, lutei por isso até aqui e não vou desistir até o alcançar.


DP – Teve/Está a ter facilidade na procura de um emprego relacionado com a licenciatura?
K - Posso dizer que fui um sortudo pois mal terminei a licenciatura ingressei logo no mercado de trabalho, sou professor de atividade física a tempo inteiro numa escola de 1º ciclo e sou também o responsável pela componente de apoio à família nessa mesma escola. Mas a área desportiva é uma área que cada vez se encontra mais lotada, sendo de difícil entrada no mercado trabalho mas esperaremos para ver o que o futuro dirá.

1 comentário:

  1. Vota no melhor lateral-esquerdo jovem em http://mundotalentoso.blogspot.pt

    Cumps

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