quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Hoje faria anos um dos heróis da única Taça do Leixões e sete vezes campeão pelo Benfica. Quem se lembra de Jacinto?

Jacinto triunfou no Leixões antes de dar o salto para o Benfica em 1962
Defesa matosinhense e formado no Leixões, numa altura em que era comum muitos produtos da formação ascenderem à equipa principal do clube, os chamados “bebés do Mar”, foi lançado às feras ainda com 19 anos, em 1960-61, e logo nessa época contribuiu para a conquista da Taça de Portugal, a única do emblema alvirrubro.
 
Versátil, podendo alinhar como lateral ou central com igual eficácia, começou como defesa esquerdo, mas foi no eixo defensivo que jogou (ao lado de Raul Machado), devido a problemas de saúde do histórico Raúl Oliveira, na final ganha ao FC Porto (2-0) em pleno… Estádio das Antas, a 9 de julho de 1961.
 
Numa altura em que ainda não existia Estádio do Mar, a Federação Portuguesa de Futebol concedia aos finalistas a possibilidade de jogar noutro estádio que não o Jamor, caso chegassem a acordo. “Havia a opção de as equipas jogarem em Coimbra ou noutro local. Na quinta-feira dessa semana, o diretor desportivo foi à cabina e perguntou aos jogadores onde queriam jogar: Lisboa, Coimbra ou nas Antas. E a malta esteve toda reunida e decidiu: 'Vamos jogar a final nas Antas! É só a dez quilómetros daqui, anda-se menos de autocarro ou de comboio.' A malta é que escolheu jogar lá a final. Isso era de uma equipa que estava com confiança, o que não quer dizer que tenhamos ganho o jogo facilmente, porque o FC Porto era o FC Porto e era muito superior ao Leixões”, recordou ao Diário de Notícias em janeiro de 2019.
 
Valeu a pena a ousadia de querer jogar na casa do adversário. A formação de Matosinhos marcou dois golos de rajada, aos 68 e 70 minutos, por Silva e Oliveirinha, e conquistou pela primeira e única vez a prova rainha do futebol português. “Foi um jogo disputado. Nós criámos oportunidades e marcámos, eles também criaram oportunidades, mas não marcaram e chegámos aos 90 minutos com a vitória no bolso”, contou o antigo defesa.
 
 
Jacinto haveria de permanecer em Matosinhos apenas mais um ano, até 1962, quando deu o salto para o Benfica na companhia de Raul Machado, ao passo que Osvaldo Silva rumou ao Sporting e Gomes se transferiu para o FC Porto.
 
“Já tinha ido a Matosinhos um tipo ligado ao Benfica para falar com o meu pai, porque eu era um miúdo de 20 anos, e desde então andaram atrás de mim. O Sporting também me quis e oferecia-me o dobro, mas o meu pai disse que não. Naquela altura, nos anos 1960, qual era a equipa que podia valorizar um jogador? Só o Benfica, que tinha conquistado a Taça dos Campeões Europeus”, recordou o antigo jogador, que teve dificuldades para se desvincular do Leixões: “Foi um problema para me deixarem sair, mas consegui ao abrigo da lei militar, pois fui para um quartel em Queluz.”
 
Na Luz passou nove anos, entre 1962 e 1971. Chegou como lateral, para ser sombra de Cruz, mas viveu os melhores anos como defesa central, no seguimento do declínio de Germano e do trágico falecimento de Luciano. De águia ao peito somou 168 jogos – incluindo a final da Taça dos Campeões de 1967-68, perdida para o Manchester United (1-4) em Wembley – e dez golos, tendo vencido sete campeonatos (1962-63, 1963-64, 1964-65, 1966-67, 1967-68, 1968-69 e 1970-71) e quatro Taças de Portugal (1960-61, 1963-64, 1968-69 e 1969-70), contribuindo também para as caminhadas até às finais continentais de 1962-63 e 1964-65.
 
 
Paralelamente, somou cinco internacionalizações e dois golos pela seleção nacional A entre 1966 e 1969, todas após o Campeonato do Mundo disputado em Inglaterra.
 
 
Na reta final da carreira voltou ao Leixões antes de pendurar as botas ao serviço do FC Porto em 1972, à beira de comemorar o 31.º aniversário.
 
Viria a morrer a 21 de julho de 2023, aos 81 anos, em Antuérpia, na Bélgica, para onde havia emigrado.
 
  

 




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