quinta-feira, 1 de agosto de 2024

“Quando nasci, o Papai do Céu apontou para mim e disse: este é o cara.” Quem se lembra de Romário?

Romário marcou 744 golos na carreira mas diz ter mais de 1000
Romário correspondia àquela imagem que tantas vezes criamos sobre os jogadores brasileiros: muito talento, muitos golos e muito… Carnaval. A diferença é que sorria muitos menos que outros grandes craques do seu país. Com a bola sempre colada ao pé direito, dava-se bem em espaços reduzidos e construía obras de arte em menos de um metro quadrado. Reivindica ter mais de mil golos, mas entidades independentes que recolhem este tipo de dados creditam-lhe uma marca na casa dos 700.
 
Seja como for, é um registo excelente para um jogador que tinha assumidamente atitudes pouco profissionais. “Não sou um atleta. Não treino, descanso e como bem. Sou um avançado centro. Sou autêntico, claro, real e difícil”, vincou.
 
Insolente e preguiçoso, um dia foi repreendido por um treinador, que lhe exigiu mais esforço. “Ficar aí parado em pé e mandar-me correr é mole, não é?”, ripostou.
 
Por se deitar tarde e acordar também tarde, atrasava-se frequentemente na chegada aos treinos e desrespeitava por completo as regras de cada clube. No PSV (1988 a 1993), os jogadores chegaram a exigir que Bobby Robson o disciplinasse, mas o baixinho respondeu que se alguém no plantel o vencesse num jogo de cinco contra cinco, ele começaria a cumprir as regras como os outros. Caso contrário, que o deixassem em paz.
 
Além de se ter pegado com companheiros de equipa e treinadores, incluindo Johan Cruyff e Luiz Felipe Scolari, pegou-se com maior ídolo do futebol brasileiro, Pelé. É que ambos se gabavam de um registo de golos demasiado criativo e difícil de comprovar. “O Pelé calado é um poeta. Era bom colocar-lhe um sapato na boca”, atirou o campeão mundial de 1994, que acreditava ter mais remates certeiros do que o rei, que havia vencido o Campeonato do Mundo em 1958, 1962 e 1970.

 
Romário por vezes não se ficava pelas palavras e passava aos atos. Gostava de uma boa briga e não o escondia. “Parti três dentes e levei 50 pontos, mas quando acordei já estava sem qualquer marca. Estavam à espera que eu chegasse aqui com a cara destruída? Nasci no [bairro do] Jacaré, sou bom de briga”, afirmou após (mais) um desacato.
 
Eleito melhor jogador do mundo para a FIFA em 1994 – nesse ano a Bola de Ouro ainda premiava somente jogadores europeus – e melhor futebolista do Mundial dos Estados Unidos, sabia o que valia, mas nunca foi modesto: “Quando eu nasci, o Papai do Céu [Deus] apontou para mim e disse: este é o cara.”

 
Além do Mundial, venceu duas Copas América (1989 e 1997) e uma Taça das Confederações (1997) pela seleção brasileira, um campeonato do Brasil (2000), uma Copa Mercosul (2000) e dois campeonatos cariocas (1987 e 1988) pelo Vasco, um campeonato e uma Supertaça de Espanha pelo Barcelona (1993-94), três campeonatos (1988-89, 1990-91 e 1991-92), duas Taças (1988-89 e 1989-90) e uma Supertaça (1992-93) dos Países Baixos pelo PSV, uma Copa Mercosul (1999) e dois campeonatos cariocas (1996 e 1999) pelo Flamengo e uma Taça do Qatar (2003) pelo Al-Sadd. 
 
Anunciou a retirada em 2008, mas voltou a jogar pelo América do Rio de Janeiro no ano seguinte, aos 43 anos, e agora em 2024, aos 58. 




 
 
 



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