quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Ion Timofte, o romeno que conquistou a Invicta. Quem se lembra dele?

Timofte brilhou com a camisola do Boavista entre 1994 e 2000
Talentoso médio ofensivo esquerdino com elevada qualidade de passe e com faro para o golo, Ion Timofte foi figura de proa no campeonato português durante a década de 1990, tendo brilhado e conquistado títulos com as camisolas dos dois grandes da Invicta, FC Porto e Boavista.
 
Às Antas chegou no verão de 1991, por empréstimo do Poli Timisoara, poucos meses após ter somado as primeiras de apenas dez internacionalizações pela seleção da Roménia. “No FC Porto joguei sempre emprestado pelo Poli Timisoara. Eu não era muito conhecido, o FC Porto não quis arriscar um investimento definitivo”, recordou ao Maisfutebol em junho de 2018.
 
De dragão ao peito somou 97 jogos e 36 golos, um registo invejável para um não ponta de lança, e conquistou dois campeonatos, uma Taça de Portugal e duas Supertaças Cândido de Oliveira. Ainda assim, não foi convocado para o Mundial 1994. “Um Mundial onde eu devia ter estado. Merecia ter estado. Não digo que seria titular indiscutível, mas vinha de três temporadas de muito bom nível no FC Porto e merecia indiscutivelmente pelo menos estar nos convocados. Fiquei uma semana muito aborrecido, admito, mas não valia a pena chorar. E decidi vibrar com a minha Roménia, por fora”, acrescentou.
 
Apesar dos bons anos que passou de azul e branco, o FC Porto não avançou para a sua contratação em definitivo. “A época no FC Porto acabou, eu fui de férias e havia negociações para eu continuar nas Antas. Esperei uns dias e disseram-me que as coisas estavam emperradas. Adorei trabalhar com o Bobby Robson, tive muita estima por ele. Mas, pronto, a verdade é que o negócio não foi fechado e ainda hoje não sei porquê. Só sei que o senhor Robson me disse que estava farto de esperar por mim e ia avançar para outras contratações. É nessa altura que eu saio e entram o Walter Paz e o Mogrovejo, dois argentinos que nunca jogaram no FC Porto”, lembrou.
 
No entanto, Timofte acabou por voltar à Invicta por insistência de Manuel José, então treinador do Boavista. “Acabou a época no FC Porto e voltei à Roménia, convencido de que ia voltar às Antas. As semanas passaram e percebi que isso não ia acontecer, por isso voltei ao Porto para ir buscar as minhas roupas, as malas todas. Já me estava a preparar para jogar num clube em França. Entretanto, por coincidência, o meu melhor amigo fora do futebol cruzou-se com o treinador Manuel José e disse-lhe que eu ia sair do FC Porto. E que era um jogador livre. Meia-hora depois, o major Valentim telefonou-me e marcou uma reunião comigo. Numa vivenda no Mindelo. Estava lá ele, o João Loureiro e o engenheiro Sebastião Fernandes. Cheguei, o major quase não me deixou falar, chegámos facilmente a acordo, tirei uma foto e assinei pelo Boavista. Simples, não? No fundo, o Boavista teve mais vontade do que o FC Porto em me ter”, recordou.
 
Em meia dúzia de anos com a camisola axadrezada, venceu uma Taça de Portugal e uma Supertaça e jogado a Liga dos Campeões, tendo somado um total de 174 jogos e 44 golos. Pelo meio, teve uma lesão grave que o impediu de ir ao Euro 1996. “Adorei jogar no Boavista. Eu não conheço ninguém que não goste de viver em Portugal. A não ser alguns portugueses”, rematou.
 
 
Quis o destino que, na época imediatamente a seguir à sua saída, o Boavista tivesse conquistado o inédito título nacional. 




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