A minha primeira memória de… um jogo entre Sporting e Juventus

Alessandro Del Piero vigiado de perto por Fito Rinaudo

Como nem sequer os meus pais eram nascidos quando Sporting e Juventus se defrontaram no jogo de atribuição de 3.º e 4.º lugar na Taça Latina de 1952 e tinha apenas três anos quando as duas equipas mediram forças na pré-época em agosto de 1995, a minha primeira memória de um jogo entre leões e bianconeri remonta à madrugada de 23 para 24 de julho de 2011, um particular de pré-temporada disputado em Toronto.

 

Recordo-me que fiquei acordado para assistir ao encontro, que começou às 23:55. Estava de férias, sem obrigação de acordar cedo no dia seguinte, e queria acompanhar os primeiros passos do novo Sporting, que nesse verão estava a investir forte no plantel depois de Godinho Lopes ter sido eleito presidente em março e de ter trazido de volta para a estrutura leonina Carlos Freitas e Luís Duque. Além do treinador Domingos Paciência, que tinha acabado de guiar o Sp. Braga à final da Liga Europa, foram contratados jogadores como o central norte-americano Oguchi Onyewu (ex-AC Milan), o médio defensivo argentino Fito Rinaudo (ex-Gimnasia), o médio holandês Stijn Schaars (ex-AZ Alkmaar), o avançado holandês Ricky van Wolfswinkel (ex-Utrecht), o avançado búlgaro Valeri Bojinov (ex-Parma), o avançado chileno Diego Rubio (ex-Colo-Colo) e o extremo espanhol Diego Capel (ex-Sevilha).

 

Já a Juventus estava a iniciar a era Antonio Conte e ainda se estava a tentar recompor depois da despromoção administrativa à Série B em 2006. Nas duas épocas anteriores não havia ido além do 7.º lugar no campeonato italiano. Os jogadores mais conhecidos do plantel da vecchia signora, na altura, eram o guarda-redes Gianluigi Buffon, o médio Andrea Pirlo (que havia sido dispensado pelo AC Milan) e os avançados Alessandro Del Piero e Luca Toni. É claro que, aos olhos de hoje, estavam ali naquela equipa jogadores que haveriam de vir a marcar uma era na vecchia signora, como os centrais Leonardo Bonucci e Giorgio Chiellini, o lateral Stefan Lichtsteiner e o médio Claudio Marchisio.

 

Surpreendentemente, embora as expetativas em torno da Juventus não fossem elevadas naquela altura, o Sporting venceu e convenceu, apresentando uma elevada percentagem de posse bola e conseguindo marcar dois golos ainda na primeira parte, ambos da autoria de Yannick Djaló – o primeiro na sequência de um canto, aos 13 minutos, num encosto para dentro da baliza após desvio de cabeça de Onyewu; o segundo aos 36’, um disparo de fora da área indefensável para Buffon.

 

No segundo tempo, a vantagem leonina foi encurtada pelo veterano Del Piero (36 anos), que fez um belíssimo chapéu a Marcelo Boeck (80’), numa fase em que as equipas já se encontravam bastante alteradas em relação aos onzes inicialmente apresentados.

 

Na altura, numa espécie de crónica redigida para este blogue, escrevi que fiquei bastante agradado com as exibições de Onyewu e Rinaudo. Na altura, o primeiro chegou a ser apelidado de Capitão América e fazia do jogo aéreo um dos seus pontos fortes, ao passo que o segundo chegou a impressionar pela qualidade de desarme, mas perdeu fulgor depois de uma lesão que o afastou dos relvados durante largos meses.

 

“Yannick Djaló respondeu ontem de forma categórica à contratação de Diego Capel, um concorrente de créditos firmados que chegou a Alvalade para assumir a esquerda do meio-campo, apontando dois golos ao monstro sagrado Gianluigi Buffon. O tiro de pé esquerdo aos 36’, depois de uma arrancada para o meio de um molho de italianos, teve a raiva que o avançado já tinha deixado transparecer nos parcos festejos do primeiro golo e a garantia de que o internacional espanhol vai ter rival à altura por um lugar no onze. Mas desengane-se quem pense que foram somente as ações individuais de Yannick Djaló, sempre em duas velocidades acima de italianos ainda presos pela preguiça das longas férias, a sustentar a superioridade coletiva dos homens de Domingos Paciência, que venceram deforma clara e incontestável. Rinaudo, na forma como segurou as ténues tentativas de transição contrárias e participou no processo de circulação de bola – em que Schaars é o paradigma da simplicidade e eficiência –, e Onyewu, claramente uma mais-valia ao nível da agressividade imposta no sector mais recuado e nas disputas de bola nas alturas, forneceram o músculo necessário à consistência das ações coletivas”, escreveu o jornal O Jogo.