Rui Costa tenta chegar a bola que acabou nas mãos de Rustu |
A minha primeira memória de um
jogo entre Portugal e Turquia remonta a um torneio decisivo para fazer de mim
um acérrimo amante de futebol, o Euro
2000. Antes dessa competição, eu nem fazia ideia quais eram as seleções
tradicionalmente mais fortes nem as mais fracas. Tinha oito anos. Já tinha
ouvido falar de uns países, de outros nem tanto, como a Turquia, adversária da armada
lusa nos quartos de final.
Mas tendo em conta a forma como
Portugal se mostrou dominante no Grupo A, batendo Inglaterra (3-2, com
reviravolta), Roménia (1-0) e Alemanha
(3-0), a seleção turca não me metia medo. Aliás, mesmo hoje, olhando para a
constituição das equipas, identifico facilmente apenas dois jogadores dessa
seleção: o guarda-redes Ruştu Reçber e o ponta de lança Hakan Sukur – Ümit
Davala, Tugay Kerimoglu e Muzzy İzzet não saíram do banco.
Antes do Euro
2000 também conhecia pouco a seleção portuguesa, mas Vítor Baía tinha-me
impressionado com uma defesa no jogo frente à Roménia, Luís Figo por ser um dos
melhores do mundo na altura, João Vieira Pinto e Nuno Gomes pelos golos à
Inglaterra e Sérgio
Conceição pelo hat
trick à Alemanha. O selecionador
Humberto Coelho conciliou-os a todos e a Rui Costa no onze, num sistema
assimétrico, com Conceição
a fazer todo o corredor direito e Dimas numa posição híbrida entre central do
lado esquerdo e lateral esquerdo. Paulo Bento e Costinha, um par de médios que
talvez hoje em dia não fossem propriamente os centrocampistas da moda,
seguravam o meio-campo.
Lembro-me de ter assistido ao
jogo sozinho, em casa, no sábado 24 de junho de 2000, e de ter vibrado com a
vitória portuguesa por 2-0. Já depois de o central turco Alpay Özalan ter sido
expulso com cartão vermelho direito por agressão a Fernando Couto, Nuno Gomes
colocou a equipa das quinas em vantagem aos 44 minutos, através de um
cabeceamento certeiro na sequência de um cruzamento de Figo que até não foi
assim tão bom, mas que serviu para colocar a defesa turca em alvoroço.
No minuto seguinte, Vítor Baía
defendeu uma grande penalidade executada por Arif Erdem, deixando em delírio os
portugueses na Arena de Amesterdão.
Já na segunda parte, Figo fez o
que quis de Hakan Ünsal no corredor direito, entrou na área e assistiu Nuno
Gomes para o 2-0. Aos 56 minutos, com dois golos de vantagem e a jogar com mais
um, o triunfo e a consequente passagem para as meias-finais estavam assegurados.
“Portugal ganhou pela primeira
vez um jogo a eliminar num Campeonato da Europa e chegou às meias-finais de
forma mais fácil do que o previsto. A expulsão de Alpay (29, por agressão a
Fernando Couto) cerceou os sonhos da combativa, mas limitada equipa turca e a
estrelinha voltou a brilhar quando Vítor Baía, a escassos segundos do intervalo,
defendeu a primeira grande penalidade da carreira dele durante um jogo oficial
(que não em séries para decidir um resultado). A vitória portuguesa acabou por
ser escassa face às incontáveis oportunidades criadas, mormente na segunda
metade. Nuno Gomes marcou os dois golos, sempre oferecidos pelo superstar Figo,
mas falhou diversas vezes o segundo hat-trick
nacional na prova. Não seria anormal que o caudal ofensivo tivesse resultado em
quatro ou cinco golos. A superioridade lusitana foi total: 22 remates contra
oito; 16 cantos contra um! Era quase impossível não ganhar um jogo destes e a
Turquia sentiu-o com certeza naquela interminável segunda parte em que o
futebol da nossa equipa reinventava os espaços para o surgimento de situações
depois desperdiçadas”, resumiu o Record.
As duas seleções voltaram a
defrontar-se na primeira jornada da fase de grupos do Euro 2008. Com Nuno Gomes
como único sobrevivente de 2000 – Ruştu Reçber não saiu do banco turco –, o
resultado repetiu-se. Desta feita, foram Pepe
(61 minutos) e Raúl Meireles (90’) os autores dos golos.
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